Inesperadamente, o Irmão Pietro Bertoni faleceu na passada Quinta-Feira, dia 14 de Janeiro, na Missão de Nova Mambone, Diocese de Inhambane (Moçambique). Sofreu uma queda, do telhado da carpintaria onde havia subido para proceder a uma reparação, a gravidade do impacto provocou um traumatismo que em pouco mais de duas horas provocou a morte do nosso irmão já no hospital de Mambone.
O choque de quantos o conheceram e estimaram escusa as palavras. Para lá da sua biografia, que é já um vivo testemunho de serviço, o Irmão Pietro, (Pedro, como o chamavam em Moçambique) foi um vivo retrato de paz, de fé, de amizade e de trabalho. O seu olhar bondoso, o sorriso envolvente e de profundo acolhimento, viviam sempre nele e apanhavam-no sempre a trabalhar e a rezar. Homem de trabalho e muito competente, era também um homem de fé, de escuta, de paciência e de afectos. O Instituto dos Misionários da Consolata perderam um grande missionário e todos quantos conviveram com ele, choram a sua ausência. Que todos saibamos aceitar o seu desaparecimento e deixar-nos inspirar pela sua vida, a sua obra e essencialmente pelo seu vivo testemunho de bondade e amizade.
O Irmão Pedro trabalhava em Moçambique há 42 anos. Aqui viveu grande parte da sua vida dando o melhor de si mesmo ao serviço da missão. Viveu e morreu trabalhando.
Nasceu em Ossimo Inferiore-Brescia (Itália), a 14 de Dezembro de 1948. Entrou no Instituto Missões Consolata e fez a primeira Profissão Religiosa em 2 de Outubro de 1966.
Foi destinado às missões de Moçambique onde chegou no dia 5 de Janeiro de 1973.
Trabalhou na Diocese de Lichinga, na Missão de Mitúcue (1973-1975) e na Missão de Massangulo (1975-1976). A 1 de Janeiro de 1977, foi destinado à Diocese de Inhambane, no sul de Moçambique. Trabalhou nas missões de Vilanculos (1977-1982), Nova Mambone (1982-1984), Vilanculos (1984-1985), Guiúa (1985-1986) e Nova Mambone (1986-1991). Em 9 de Setembro de 1991 foi para Itália e trabalhou por breve tempo na comunidade de formação dos Irmãos Missionários da Consolata em Alpignano.
Regressa a Moçambique em 18 de Outubro de 1992. É destinado ao Seminário Filosófico da Consolata da Matola (1992-1994), na Arquidiocese de Maputo. Em 1994 regressa à Missão de Nova Mambone (1994-2006). Trabalha na Casa Regional do Maputo (2004-2008), como ecónomo e procurador, e no Seminário Propedêutico da Consolata em Nampula (2009-2012).
Em 2012 faz novo regresso à sua Missão de Nova Mambone, onde permaneceu até hoje, dia em que faleceu. Foi na Missão de Nova Mambone onde trabalhou mais anos e viveu os momentos mais exaltantes mas também mais difíceis da sua vida missionária. Recordamos o seu trabalho assíduo e bem feito na oficina, na carpintaria e na salina onde formou dezenas de jovens a uma profissão. Não podemos esquecer a sua amizade, proximidade, ajuda e bom conselho a todos aqueles que se aproximavam deles nos momentos bons e difíceis. Em Nova Mambone, ao lado do P. Amadeu Marchiol, viveu momentos muito dramáticos e sofreu com o povo de Mambone e por ele fez tudo o que estava ao seu alcance. Como não recordar os anos difíceis da guerra civil em que permaneceram em Nova Mambone para estar junto da população e ser solidários com todos? Compartilharam com o seu povo o sofrimento nas viagens em coluna, ataques, fome e tentativas de sequestro por parte da guerrilha, como daquela vez em 28 de Novembro de 1982, quando a 28 de Novembro de 1982, quando a Missão de Doane foi atacada. Com a chegada paz em 1992, colaborou na recuperação da Missão e das actividades económicas da mesma. No início do ano 2000 chegou a terrível inundação que submergiu Nova Mambone e a Missão foi lugar de refúgio e de salvação para centenas de pessoas. Foi necessário reiniciar tudo quase de novo e reconstruir tudo o que tinha sido destruído. Em Fevereiro de 2007, novamente a natureza se enfurece com Nova Mambone e o ciclone “Favio” leva tudo o que encontra pela frente. Também então, o Ir. Pedro aqui estava. Sofreu, esperou e trabalhou.
Em tudo amou e serviu e constituiu sempre vivo testemunho de fé e de missão.
É na terra de Nova Mambone, no cemitério da Missão do Sagrado Coração de Jesus, que tanto amou e pela qual tanto trabalhou que irá ser sepultado na próxima segunda-feira, dia 18 de Janeiro. Paz à sua alma.