No segundo dia – 7 de setembro, dia da Independência do Brasil – junto com a população de São Paulo, fomos participar do ato público realizado durante o Grito dos Excluídos que é uma manifestação da sociedade civil, de caráter ecumênico, que mobiliza milhares de brasileiros e brasileiras com o objetivo de denunciar situações de exclusão. Este ano, o 12o Grito tinha como tema: “Brasil: na força da indignação, sementes da transformação”. Logo pela manhã, fomos à Catedral da Sé onde participamos da celebração da Missa presidida por Dom Claudio Hummes, Cardeal arcebispo de São Paulo. Depois, junto com o povo, participamos na caminhada até a Praça de Independência.
{mosimage} Na parte da tarde do mesmo dia, tivemos a primeira palestra ministrada por Frei José Alamiro Andrade Silva, um frade franciscano que coordena as atividades do SEFRAS (Serviço Franciscano de Solidariedade). O tema da palestra foi: O sentido da presença dos religiosos nos movimentos da militância social. Frei Alamiro, que também participou no Grito dos Excluídos, iniciou a palestra comentando sobre a manifestação do Grito dos Excluídos, a sua importância e como nós religiosos podemos nos envolver nestas manifestações para lutar contra as injustiças da nossa sociedade.
Frei Alamiro que já trabalhou com o povo de rua, comentou da situação dos pobres que moram nas ruas de São Paulo. Citou grandes testemunhos da luta na defesa dos direitos dos excluídos da nossa sociedade hoje, como é o caso do Pe. Julio Lanceloti que desenvolve um trabalho admirável com o povo de rua. Frei Alamiro lembrou também o testemunho de Dom Luis Flavio Cappio, bispo de Barra no Estado da Bahia, e sua luta que culminou com a greve de fome, na defesa, preservação e revitalização do Rio São Francisco. Segundo frei Alamiro, gestos como estes constituem-se de verdadeiros exemplos de como os religiosos podem participar nos movimentos e militâncias.
Na manhã do terceiro dia, o diocesano Pe. Benedito Ferraro, assessor nacional das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base), expôs sobre o papel profético da Igreja na nossa época: uma análise do compromisso sócio-histórico. Ele nos desafiou dizendo que temos que repensar a nossa ação profética para superar a exclusão social. Disse ele: “Hoje muitos padres e religiosas não estão perto do povo como era antes durante a teologia da libertação”. Ele lembrou de Irmã Dorothy Stang, que foi morta porque, como religiosa, estava assumindo o seu papel de profeta da causa do povo. Ele diz que o papel do profeta é visualizar aquilo que não esta visível, “meter a mão na ferida”. Depois da sua exposição, tivemos os trabalhos de grupos nos quais respondemos à pergunta; “Onde o profetismo está emergindo hoje? ” Em seguida, os resultados das reflexões desenvolvidas nos grupos foram partilhados em plenário.
Na parte da tarde, Rosadela Osório, uma religiosa colombiana da congregação das Franciscanas Missionárias de Maria e especialista na bioética ambiental, ofereceu-nos uma palestra sobre Ecologia e Desenvolvimento Sustentável. Ela comentou que atualmente o mundo sofre de uma grande crise e que o planeta Terra precisa de uma grande dose de solidariedade para sobreviver. “Hoje a nossa missão não é só com o ser humano, mas com tudo que gera vida e morte – ecologia” diz ela. Portanto, o nosso desafio como missionários consiste em juntar forças com os grupos que estão trabalhando na possibilidade de melhorar o sistema ambiental. Se não existe vida no planeta, é impossível pensar no trabalho missionário.Como missionários temos que nos preocupar com a dimensão sócio-ambiental e procurar ajudar na conscientização e participação do povo.
{mosimage} No fim do dia o Conselheiro Geral Pe Antonio Fernandes, que também estava presente neste dia, presidiu a Eucaristia. Ele baseou a sua homilia no lema do encontro: “Caminhando em comunhão rumo à missão”. Falou que a vida missionária se constrói com o caminho da santidade que não é estático mas que, em sua dinâmica interna, apresenta mudanças a cada dia. Ele lembrou que não faz sentido hoje construir a missão sem comunhão e que podemos buscar essa comunhão também com os leigos. Pe. Antonio terminou a sua homilia dizendo que caminhar em comunhão só é possível se a construirmos rumo à missão, “Fazemos comunhão para missão porque acreditamos que sabemos ter a comunhão na nossa missão” concluiu.
O sábado de manhã reservou-se para a discussão sobre a formação nos dois Institutos. Os assessores do dia foram, Pe. Lírio Girardi, superior regional, Irmã Lina Beatrice Kessy, formadora das junioras e Ir. Cecília Pedrosa, mestra do noviciado. Pe Lírio, por parte dos missionários, apresentou o projeto regional que é o resultado da Assembléia regional, realizada durante o mês de Julho. Neste projeto ele destacou as prioridades da nossa região e o assunto que nos toca diretamente, isto é, formação de base.
Os participantes aproveitaram a oportunidade para perguntar mais sobre o ano de serviço e como a região esta se preparando para este novo etapa de formação que vai começar o ano que vem. As Irmãs Lina e Cecília apresentaram as etapas de formação inicial das missionárias e as deliberações do Capítulo sobre a formação. Disseram elas que a etapa mais discutida foi a do juniorato. Depois houve trabalhos de grupos nos quais procuramos responder às seguintes perguntas: Que aspectos se aproximam e quais se diferenciam dentro da nossa família da Consolata? Quais poderiam ser as áreas de atuação e colaboração entre missionários e missionárias? Quais valores devem ser cultivados entre IMC e MC para sermos uma família e trabalhar na missão em unidade de intentos?
Na parte da tarde no ultimo dia, ouvimos os testemunhos da Irmã Lurdes Bonapaz, missionária da Consolata que trabalhou por muitos anos na situação de guerra na Libéria e Guiné Bissau. Pe. Ramón Casallas, missionário da Consolata partilhou a sua experiência de muitos anos na formação, na direção geral e na coordenação diocesana pastoral na diocese de Bomfim no norte do Brasil e sua atuação na escola teológica para formação dos leigos.
Sem dúvida nenhuma este encontro valeu à pena. Foi um momento muito rico para partilharmos experiências e até nos conhecer mais e melhor. Para os que estão na fase inicial, foi um momento para conhecer mais a face do Instituto e com certeza a experiência dos nossos irmãos da região de Roraima enriqueceu muito o encontro. Sentimos o apoio de toda região, tanto da parte das missionárias como dos missionários. Durante o encontro recebemos mensagens do Superior Geral e da Superiora Geral. Contamos ainda com presença do Pe. Antonio Fernandes e dos padres da região.
As noites de quinta sexta e sábado foram reservadas para momentos de apresentações: danças, poemas, teatros. Estes foram bons momentos para colocar em prática os nossos talentos e aprender algo das diversas culturas que se apresentaram.