Durante os quase 51 anos da presença dos missionários da Consolata na Machava se sucederam, um depois do outro, diversos párocos1 e vigários2 que souberam imprimir um espírito missionário naquela parcela da Igreja de Maputo.
Do momento da sementeira ao momento da consolidação, do momento da “noite escura” ao momento da reconstrução e expansão até ao momento da entrega. Nestes quatro momentos poderíamos sintetisar a presença da Consolata na Machava.
O primeiro destes períodos (1956-1965) compreende desde a chegada até a benção do templo paroquial que se aprecia hoje em dia. Foram estes os tempos das construções, e da definição do método apostólico característico dos missionários da Consolata: evangelização e promoção humana. Deste tempo temos o testemunho de dom Aldo Mongiano quem foi o encarregado de acompanhar a construção do templo paroquial.
A segunda etapa na vida da Paróquia, “a noite escura”, começou com o processo da luta armada pela Independência do Pais seguido da guerra civil (1964-1992), este processo significou, para a evangelização de Moçambique em geral e da Machava em particular, um período de escuridão e incerteza, pois o espírito nacionalista que acompanhou a Indepêndencia política do pais não poupava espaços e mesmo o templo da Machava terminou por ser ocupado e servir de refúgio para os portugueses que viviam na vila da Machava. Declarada a Independência veio o tempo das nacionalizações e o da guerra entre a Frelimo e a Renamo e isto veio a criar sosobra no ambiente e incerteza na pastoral; Assim no-lo testemunham os padres Artur Pereira Marques quem acompanhou a Paróquia no tempo da transição política; Jaime Marques, Salvador Forner e o recordado João Morando que estiveram à frente da Paróquia durante os anos da guerra civil.
Mais tarde, e já em tempos de paz, começou o terceiro período na vida pastoral da Paróquia da Machava, o da reconstrução-expansão. Este momento começou com o padre Agostinho Squizzato e foi com o padre António Rusconi que atingiu o seu máximo esplendor: construção de capelas, criação de comunidades e a instalação da Rádio Maria (1996).
Por último, temos o período da entrega (2004-2007). Este último momento da história da Consolata na Machava começou com a passagem da Rádio Maria à Arquidiocese em 2004 e seguiu-se com a entrega, no passado Domingo 25 de Novembro do ano em curso, da Paróquia ao senhor Arcebispo de Maputo dom Francisco Chimoio, quem a sua vez, e alegando não ter clero suficiente, confiou a atenção pastoral da Machava aos padres Carmelitas da província do Brasil.
No acto da passagem muitas palavras foram ditas, mas só algumas permaneceram no ambiente festivo da jornada. A primeira dessas palavras foi a do último missionário da Consolata pároco da Machava, o padre José Guilherme Pinilla, quem entregando o Dossier Pastoral da Machava3 disse: Monsenhor, os missionários da Consolata não entregamos uma herança, entregamos um património. O património da Machava que os missionários da Consolata entregaram à Arquidiocese de Maputo está representado não só nas obras, mas sobre tudo na tradição e no espírito apostólico e missionário que os Missionários souberam infundir nos fiéis em particular e no ambiente da Machava em geral.
Outra das vozes que fizeram eco no ambiente, foram as palavras do senhor Arcebispo; este no momento de apresentação do novo pároco disse: ábre-se para a Machava um novo capítulo e esta é uma abertura de continuidade. O Arcebispo quis com esta palavras agradecer muito, e o fez de muitas maneiras, aos missionários da Consolata pelo trabalho pastoral e de promoção humana, desenvolvido na Machava, ao mesmo tempo pedia ao frei Altamiro, novo pároco, de dar continuidade a todo o bem semeado pelos missionários da Consolata.
Também o provincial dos missionários da Consolata em Moçambique, padre Artur Marques, uniu-se ao coro dos agradecimentos. O padre Artur agradeceu muito especialmente ao senhor Arcebispo por ter aceite a Paróquia, pois assim da aos missionários da Consolata a possibilidade de continuar o processo de redimensionamento. Padre Artur agradeceu igualmente a todos os paroquianos por terem tido a coragem de aceitar o desafio que agora têm: continuar a caminhada guiados, esta vez pelas mãos dos padres carmelitas
Já para concluir a jornada e esta vez, no momento da recreação, foi o senhor administrador da Machava quem quis, a nome de toda a povoação da vila, agradecer aos missionários da Consolata pela sua dedicação e empenho por atender tanto aos trabalhos apostólicos quanto ao desenvolvimento do sector. Nas suas palavras o administrador quis sublinhar como os missionários da Consolata evangelizaram tanto no templo quanto nas ruas; não só ensinaram o Evangelho senão que também estiveram e promoveram actividades e organizações que visam a melhorar as condições de vida dos moradores do bairro.
Em fim, temos de dizer que dos corações de todos os presentes saíam palavras de sincero agradecimento para todos os missionários da Consolata que pela Machava passaram. De uma ou outra maneira, a nós que estávamos aí presentes, nos encarregavam de fazer chegar as saudações e os agradecimentos a cada um em particular e a todos os missionários da Consolata em geral; não sem antes recomendar-mos de não os abandonar.
A jornada continuo com a partilha do almoço e a inesquecível tarde recreativa na que crianças e velhos, jovens e adultos manifestaram as suas capacidades artísticas para que o seu Khanimambo (obrigado) continuasse a ressoar nos corações e ouvidos de todos os missionários da Consolata.
Pelo
secretariado regional da Pastoral
Pe. Álvaro López V
Pe. Álvaro López V
1 Os párocos da Machava, durante a gestão pastoral dos missionários da Consolata foram, na sua ordem: Silvestro Liberini, Aldo Mongiano, Silvestro Bettinsoli, Enrico Dacroce, Artur Pereira Marques, Jaime Marques, João Morando, Salvador Forner, Agostinho Squizzato, António Rusconi, Hipolito Marandu e José Guilherme Pinilla.
2 Os missionários da Consolata, vigários na Machava foram, na sua ordem: Lorenzo Stimoli, Manuel Maria Marques, José Dos Santos Capelo, Enrico Dacroce, Bettinsoli Silvestro, José Dos Santos Capelo, António Bernardino Gaspar, José Alessandria, Ernesto Venturi, Silvestro Liberini, Salvador Forner, José Rurunga, Agostinho Squizzato, Adelino Da Conceição, Luiz Ferraz, José Torres Neves, Gian Franco Graziola, Manuel Magalhães, Hipólito Marandu, José Guilherme Pinilla e Álvaro López V.
3 O Dossier Pastoral da Machava foi o último trabalho realizado pelos missionários da Consolata naquela paróquia. O Dossier Pastoral recolhe uma avalição dos pontos fortes e dos pontos fracos, assim como das principais tarefas que os novos encarregados da Paróquia têm como indicação para responder aos desafios da pastoral naquele canto da Arquidiocese.
