Os índios lembram com gratidão a boa presença dos Monges Beneditinos (1907-1948), que construíram as primeiras escolas, hospitais, estradas... A partir de 1948 aqui chegaram os Missionários e Missionárias da Consolata que ampliaram o campo da Evangelização e da promoção humana. Em parceria com o Governo Federal formou mais de 300 agentes Indígenas de saúde. Construiu muitas escolas bilíngües nas comunidades indígenas, e frente à invasão das terras a Igreja tem colaborado na auto-sustentação com o projeto do gado “uma vaca para o índio”, iniciado com a colaboração do saudoso papa João Paulo II, cantinas comunitárias, corte-costura e outros.
2. A sociedade roraimense reconhece que Igreja Católica sempre ajudou os índios na defesa dos direitos fundamentais, como o reconhecimento da sua dignidade humana, a preservação das culturas e a retomada de suas terras.
3. Frente à ação evangelizadora integral, da pessoa toda e de todas as mulheres e homens, sempre houve opiniões contrárias e até atos de violência, inclusive exigindo a retirada dos missionários e missionárias. Basta lembrar:
- Fechamento da Missão Catrimani em 1988;
-Incitações violentas contra Dom Aldo Mongiano, tendo que permanecer sob segurança da Polícia Federal; houve até um radialista que incentivou publicamente a morte do Bispo;
- Veiculação de Out-doors, em 2000, afirmando que a “Diocese é nociva à sociedade de Roraima”;
- Agressão violenta contra as missionárias e destruição do veículo jogado da ponte do rio Ereu, por um grupo de fazendeiros em 2000;
- Seqüestro de três missionários e saque da Missão de Surumu, em 2004;
- Na madrugada do dia 17 de setembro de 2005, a Missão de Surumu foi invadida, saqueada e queimada, por grupos contrários a presença da Igreja junto aos Povos Indígenas e ao direito da terra que lhes garante a Constituição Federal.
4. Em documento do dia 31 de março de 2006, a Diocese de Roraima, fez a doação de todos os bens construídos na área indígenas. Logo é falsa a afirmação do grupo da Ordem dos Ministros Evangélicos de Roraima de que a Igreja católica recebeu tratamento diferenciado por não ter sido citada nos Editais de Indenização daqueles que deveriam retirar-se da TIRSS. Em notícia veiculada pela Folha de Boa Vista de 5 de março, o Superintendente da FUNAI, Gonçalo Teixeira, afirma que a Igreja Católica não foi notificada porque fez a doação dos templos e da Unidade de Saúde de Surumu aos Indígenas antes da publicação do Edital sobre as indenizações. Esta documentação jurídica encontra-se a disposição na Prelazia.
5. É desrespeitosa e falsa a afirmação do coordenador do protesto evangélico, Senhor José Dílson Reis de Mesquita, veiculada pela Folha de Boa Vista de 05 de março, que diz: “os missionários estão doutrinando os indígenas, inclusive incitando a trabalhar contra os movimentos evangélicos.” Os fiéis católicos sentem-se agredidos e sabem muito bem de onde provém os ataques constantes contra a Igreja Católica.
6. A Diocese de Roraima prossegue sua ação evangelizadora e promotora da vida na TIRSS, a pedido das comunidades indígenas que encontram sua força no Evangelho de Jesus Cristo e desejam continuar com a presença amiga e fraterna dos Missionários e Missionárias.
7. Rogamos a Deus que as manifestações dos nossos irmãos evangélicos não sirvam de manobra política por parte daqueles que são contrários à desintrusão da reconhecida e homologada TIRSS.
É bom lembrar que desde já, estamos sendo julgados pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo que nos diz: Vinde benditos de meu Pai! Pois Eu estava com fome, e me desde de comer; estava com sede, e me deste de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim... Em verdade vos digo: todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequeninos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes! (Mt. 25, 34 -40)
Boa Vista, 05 de março de 2008.
Bispo de Roraima