Desde que a Coreia do Norte foi atingida por uma crise alimentar devastadora, em 1995, a Coreia do Sul enviou cerca de 2,7 milhões de toneladas de arroz e 20 mil toneladas de milho e outros mantimentos. Este ano, foram já enviadas cerca de 500 mil toneladas. Seúl continua a enviar esta ajuda humanitária até mesmo quando a tensão entre os dois países foi elevada. Teme-se que a fome atinja dimensões catastróficas.
Ao desviar a ajuda para alimentar os seus militares, o governo norte-coreano está a trair a boa vontade dos sul-coreanos. Nega o acesso ao arroz aos verdadeiros destinatários. A continuação desta prática poderá vir a a ter influências negativas na política do novo governo sul-coreano, que promete ser menos tolerante para com o governo do Norte.
Suspeita-se que as administrações anteriores estivessem a par deste desvio continuado da ajuda humanitária. Há quem insista que o governo deveria usar estas provas para pressionar os líderes norte-coreanos a mostrarem maior transparência no lidar com a ajuda que lhes é enviada. O Ministério da Unificação já reconheceu que o actual nível de transparência não é suficiente.
Era de esperar que isso acontecesse. Afinal, um país que passa fome e recebe ajuda alimentar tem que alimentar primeiro a base do poder político. Na Coreia do Norte, esta base está nas mãos dos militares.