Entre os que dedicam a sua vida ao serviço total a Cristo, “há um grupo particular de padres, os administradores dos Sacramentos, em especial da Eucaristia e Reconciliação, dedicados aos doentes, aos que sofrem, aos pobres e àqueles que atravessam tempos complicados”.
O Papa enaltece também o papel que “muitos homens e mulheres assumem dedicando totalmente a sua vida a Cristo”, professando votos de castidade, pobreza e obediência. “Homens e mulheres que pertencem a congregações de vida contemplativa ou na vida ativa, prestam um papel essencial na evangelização do mundo” e conclui a sua mensagem referindo-se ao papel das famílias cristãs e das comunidades. “Para que a Igreja possa continuar a desenvolver a sua missão e para que nunca faltem os evangelizadores que o mundo precisa, as comunidades cristãs não devem parar de comprometer e apostar numa educação cristã dos seus filhos e desenvolver a fé dos adultos”. “O sentido de responsabilidade missionária ativa e participação na sociedade deve ser mantido bem vivo em cada comunidade”, pois o “dom do cristão é ser chamado a contribuir para a evangelização”.
Nesse contexto encontra-se a vocação dos leigos missionários, homens, mulheres, casados ou solteiros, adultos ou jovens, adolescentes e até crianças que respondendo ao chamado de Deus para a Santidade, pelo batismo, assumem a missão com maior seriedade por que entendem que todo o batizado é discípulo missionário. Cresce no mundo os grupos e associações de leigos, que se dedicam à causa missionária no interior e além-fronteiras de suas comunidades. Muitos pedem para participar do carisma, da espiritualidade e da missão dos Institutos e Congregações missionárias Ad Gentes.
À luz do Documento de Aparecida, a realização do 2º Congresso Missionário Nacional, de 1º a 4 de maio, deve avaliar a missão da Igreja no Brasil e propor caminhos para passar “do Brasil de batizados ao Brasil de discípulos missionários sem fronteiras”. O evento nos prepara para o 3º Congresso Missionário Americano (CAM 3 – Comla 8). Nessa linha de reflexão, publicamos, nesta edição o artigo sobre a Missão Ad Gentes como “missão para a humanidade”, uma visão da sociedade mundial como “família humana universal”. Ajudar a Igreja a perceber-se como assembléia dos vocacionados e vocacionadas para a missão universal é resgatar a sua verdadeira identidade. No nome próprio da Igreja, Ecclesia, está indicada sua íntima fisionomia vocacional, porque ela é verdadeiramente “convocação”, “Assembléia dos Chamados”. A vocação e a Missão estão profundamente interligados: a vocação ao discipulado missionário é convocação para a comunhão na Igreja (DA, 171) e a comunhão é essencialmente missionária. Nenhum chamado é dispensado do envio e todo enviado deve antes ser convocado, vocacionado. Neste sentido, Aparecida, nos lembrou que, para o batizado, a Missão não é fator opcional. Isso diz respeito à identidade íntima da Igreja, que é, “por sua natureza, missionária” (AG 2). Discipulado e Missão, chamado e envio, seguimento e anúncio, constituem uma dimensão essencial da natureza cristã, do mistério da Igreja.
Jaime Carlos Patias, imc mestre em Comunicação e diretor da revista Missões. Co-autor do livro Comunicação e Sociedade do Espetáculo. Paulus 2006.