Foi salientada a presença de algumas figuras significativas quais Dom Tomás Balduino, fundador da Pastoral da Terra e atual conselheiro, Dom António Possamai, da Comissão Episcopal da Amazônia, Dom Pedro Stringhini, Bispo Presidente da Comissão Patoral da Caridade, da Justiça e da Paz, Dom Erwin Krautler, Bispo do Xingu e Presidente do Conselho Indígena Missionário, Dom Roque Paloschi, Bispo de Roraima, Vice-Presidente da Comissão da Patoral da Terra.
O tema escolhido para a 4ª Conferência da Paz no Brasil foi: Limite da propriedade da terra e sua função social. O uso sustentável dos recursos naturais.
Na sua saudação, António Lambertucci, ressaltou a importância do tema escolhido pela 4ª Conferência da Paz, e da importância do debate em relação à propriedade e a sua função social, tendo eco nas intervenções dos representantes das igrejas cristãs, que usando o salmo 84, pediram justiça e paz e uma justa repartição da terra, porque a terra é vida, e negar a terra é negar a vida, e lembrando o documento: Os pobres possuirão a terra, com o qual as Igrejas Cristãs membros do CONIC, expressaram a sua posição em relação a terra, como bem de todos e não bem de poucos, contribuindo desde o começo para a realização da Conferência da Paz.
Píer Val, Reitor da Universidade da Paz, na sua breve intervenção ressaltou a importância da terra na sua vida e na sua realização pessoal, ressaltando como a paz e as atitudes da vida tenham uma estreita e profunda relação com a terra e aquele espaço físico no qual decorre a vida de cada ser humano. Dom Dimas Lara Barbosa, Secretário Geral da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, concluindo as intervenções da mesa de honra, apresentou para a assembléia a nota relativa à Terra Indígena Raposa Serra do Sol, enviada da Presidência da CNBB, ao Supremo Tribunal Federal e a todos as embaixadas presentes no Brasil.
Concluídas as formalidades, foi compostas da nova mesa com a presença de Dom Erwin Krautler, Bispo do Xingu e Presidente do CIMI. No seu testemunho, Dom Erwin, apresentou a experiência da sua vida de jovem missionário que, chegando ao Brasil, teve a preocupação de aprender bem a língua e conhecer as tradições e os costumes dos povos nativos que ele já conhecia através das falas do tio, também ele missionário entre os povos do Xingu. Mas houve pessoas, mesmo da sua própria família religiosa que pensavam não valer a pena de um jovem missionário investir energias e suas capacidades na questão indígena. Apesar disso, ele nunca desistiu da sua convicção que, aqueles povos nativos do Pará eram aqueles irmãos que Deus tinha colocado no seu caminho missionário e que até hoje são parte de sua vida. Tudo isso naturalmente não agradou aos grandes latifundiários, e não agrada atualmente ao ponto que naquele contexto foi morta a Irmã Doroty Stang, e ele próprio, atualmente deve viver sobre a custodia da policia militar. Mas isso, afirma Erwin Krautler, não diminui o seu entusiasmo e a força para a luta em favor dos pequenos, dos excluídos, daqueles povos que, como os indígenas da Raposa Serra do Sol, ainda hoje não têm direito à terra, à vida, a um futuro digno.
Na parte da tarde a presença do coral da Universidade Católica de Brasília, introduziu a mesa de trabalho da tarde onde o Deputado Pedro Wilson, apresentou um texto do Professor Fábio Konder Comparato sobre o tema: Terra mercadoria ou bem social? Com a presença de Dom Tomás Balduino, no papel de debatedor, deste tema importante, que viu em seguida uma mesa de debate com a participação de representantes do MST, CONTAG, FETRAF, Brasil, CPT, IBASE, POVOS INDÍGENAS.
Após amplo debate, no fim da tarde foram aprovadas as linhas fundamentais do documento final do evento. Antes da conclusão dos trabalhos, Dom Tomas Balduino, sensibilizado pelo testemunho dos povos indígenas, pediu a solidariedade das várias centenas de pessoas presentes e o encaminhamento de um manifesto de apoio à causa dos povos de Raposa Serra do Sol.
Deixando o auditório da 4ª Conferencia da Paz, os participantes levaram consigo uma certeza, a necessidade de uma campanha nacional em defesa da soberania da terra e alimentar, da propriedade, da reforma agrária.