A igreja envia missionários para o todo o mundo, através das ordens e das congregações missionárias. No ato de envio, que em ultima análise repousa em Deus e que fez aparecerem missionários como loucos e insensatos aos olhos de muitos homens, constitui a essência da missão. Mas, mais que o ato de envio, o termo ‘missão’ faz pensar na atividade correspondente a este envio. Esta consiste em trabalhar entre aqueles que estão sentados entre as ‘trevas e a sobra da morte, ’ entre aqueles que estão ‘longe’ (IOF. 2,13) ou ‘fora’ (col. 4,5), entre os doentes que não recuperaram a saúde, entre os que não são nem discípulos, nem cristãos, entre os povos indígenas, os afro-descendentes etc.
Assim podemos afirmar que o tipo do missionário é diferente do pastor de almas. Aquele que dedica sua vida a cuidar e atender os cristãos faz uma boa obra, mas como membro da Consolata, precisa ir alem, de ser um missionário do sentido estrito da palavra. Não que a pastoral seja de secundo grau. Mas a pastoral em si, é expresso da atividade mediadora da igreja. Pode ser atuada só onde a igreja é um fato como comunidade e como sociedade. Concretamente, este é o caso, sobretudo da comunidade paroquial. Embora não descartamos a existência das formas de uma pastoral super-paroquial, por exemplo, dos institutos seculares que desejam realizar suas vocações apostólicas de uma maneira particularmente adaptada às exigências dos tempos.
À ação missionária pertence o ‘ir’ aos povos, a tomada de contato com eles na imitação do verbo, que se fez carne e habitou entre os homens, o refletir e representar cristo e o espírito cristão. É estar a serviço da palavra. É servir à vida da graça, sérvio à vida moral e às outras realidades sociais. É praticar obras de caridade e também conservar, cuidar e enobrecer a natureza. Ser missionário significa reagir duramente contra todas as formas de propaganda, que constringem, mas não convencem; que paralisam, impõem-se pela forca e pela violência, em lugar de libertar; que tutelam, escravizam, fascinam, operam magia em lugar de exercer influencia humana; que seduzem somente com belas palavras, mas não convencem. Ser missionário exige completa renúncia de sua própria pessoa, é essencialmente ‘serviço’. Em muitas vezes, fala-se da missão em referencia ‘as regiões’ onde operam os missionários. Este aspecto geográfico é de importância secundaria. A missão não é somente para e junto aos povos em ‘terra de missões’, mas também para e com os não cristãos nas consideradas terras cristãos, os pobres, os excluídos, e os em diversas realidades que exige o amor e serviço no projeto do reino de Deus.
O dia brilhou, o sol cresceu, e o dia mais esperando no seminário João batista bispo chegou. É só uma vez por seis anos – quer dizer, se não acontecesse nos dias 7 a 10 de maio de 2009, iria acontecer no dia 7 a 10 de maio de 2015, fazendo uma matemática fundamentalista. É, é a visita canônica, feita pelo vice-superior geral, PE. Camerlengo e o conselheiro geral e superior da America, PE. Antonio Fernandes.
Na tarde de dia 7 de maio, no seminário estavam 25 missionários da Consolata para este grande momento da visita canônica. Dos 25, se contava com 19 missionários- estudantes e 6 padres (Lírio, superior regional; Luiz e Francis, formadores no seminário; Jaime, pároco em Heliópolis; Camerlengo e Antonio). De acordo com a programação da visita nesta comunidade, alem de esta com os missionários no seminário, os superiores fizeram visitas à paróquia santa paulina (Heliópolis) e às faculdades de ITESP e EDT, onde os missionários estudam. No seminário, os superiores tiveram boa carga do tempo para partilhar com cada um dos missionários. Para isso, foi dedicadas às tardes de dia 7 e dia 8. Já no sábado dia 9, foi dedicado para encontros em grupos – dos formadores, dos responsáveis para a paróquia santa paulina e da comunidade do seminário.
Já no começo do encontro, o clima do que ia ser partilhada se deu com o canto inicial do famoso PE. Zezinho, ‘... Jesus mestre lá na praia...junto a ti buscarei outro mar...’. E tomando a palavra, o PE. Camerlengo destacou vários pontos do que ele experimentou e viveu em nossa comunidade do seminário. Ele notou a serenidade dos missionários e a boa disposição de muitos nas partilhas e diálogos pessoais. Para não rolar o barco no mesmo mar, Camerlengo fez a convite direta a todos missionários de ver o efeito de uma formação no seminário que levaria a sonhar e se preocupar com a missão. Neste ponto, ele fez a questão de convidar a todos para que partilhassem os sonhos e as preocupações que tem. De muitos missionários, se destacaram as questões da formação – formação nas comunidades pequenas, relação entre formados e formadores, objetividade de formação básica, responsabilidade e auto-formação, confrontação de formação com a realidade atual missionária; a questão da especialização; das causas missionárias; da vida comunitária; da animação vocacional e missionária; do trabalho conjunto com as irmãs da Consolata; de destinação dos missionários; sobre o biênio da interculturalidade; preparação do capitulo; sobre missão e pastoral, e muitos outros questões que não cabe a mencionar todas.
Ao retomar a palavra, Camerlengo diz que a questão da formação , seja pessoal seja comunitária, preocupa o tudo instituto. Ele diz que a congregação está se preocupada de como fazer uma formação em diversas realidades e que favorece o bem de tudo instituto. Falando sobre a formação em pequenas comunidades, Camerlengo diz que não é uma solução pronta, feita e acabada, mas é um passo a mais que deve ser bem estudado para que não só aconteça numa região isolada. Formação nas pequenas comunidades não deve ser visto como uma fuga da vida comunitária, diz ele. E notou que, o primeiro problema do instituto hoje é a vida comunitária e intercultural. Tomando as palavras do Camerlengo, PE. Lírio convidou a comunidade a perceber o quanto é complexo o processo formativo dos candidatos a vida missionária e religiosa. Nisso, Camerlengo nos convidou a refletir estudar e elabora as propostas e possibilidades de novos meios da formação básica.
Mas, neste tempo, o que passava na cabeça do PE. Antonio? Chegou à hora dele e como sempre, fez a brincadeira e diz, ‘ não tenho palavras; me - sinto identificado com tudo o que disseram! ’ Mas, não foi uma pura brincadeira. A preocupação do PE. Antonio foi como cada um de nós se colocaria a buscar a solução e se empenharia a melhorar as situações que nós preocupam hoje. O PE. Antonio nós convidou a refletir sobre a nossa identificação com a vida missionária e a nossa missão. Sobre o nosso processo formativo e a vocação missionária. Sobretudo, Antonio nos fez uma pergunta para pensar: qual seria o nosso sonho, da missão ou da pastoral?
Para responder algumas preocupações, Camerlengo diz que o instituto precisa do empenho de cada missionário. Temos que sentir, desde já, parte da família Consolata e responsável dela. Ele convidou a todos para fazer uma participação ativa na vida da região e do instituto como tudo. Sendo na teologia, diz Camerlengo, devemos estar na primeira linha de fazer reflexões e convidar o instituto para refletir sobre a vida missionária e as questões emergentes da missão. Sobre vocações, Camerlengo comentou que é dever de cada missionário de fazer animação vocacional e missionária através de testemunho da vida – não só do que falamos, mas do que vivemos.
No final do nosso encontro, PE. Antonio, como superior do instituto no continente da America, aproveitou o momento para comunicar o andamento da vida do instituto no continente. Dentro do continente, diz o PE. Antonio, o instituto tem que se empenhar muito a enfrentar os desafios emergentes e concretizar a missão nas áreas desafiantes como: juventude, evangelização e comunicação visual, opções e causas missionárias como os povos indígenas, afros, portadores do HIV, etc. ecologia e as fronteiras, e trabalho junto com os leigos.
No domingo, dia 10, a visita canônica no seminário se encerrou com celebrações dominicais nas comunidades do Heliópolis, e, depois o almoço no seminário e a comemoração do aniversário do superior regional, PE. Lírio.
E ai, acabou a visita, o que mais? Já dizia o Sartre na sua obra, ‘o ser e o nada’, em 1943 que: ‘... O homem autentico realizará o seu próprio projeto, dando assim sentido à sua existência. ’ Restou a nós colocar em pratica tudo o que falamos de bom para realizar o próprio projeto do instituto – missão ad gentes, em colaboração do projeto de Jesus – o reino de Deus.