Dois dos factores que contribuem para que a taxa de doações seja tão baixa têm a ver com elementos culturais e burocráticos. Por um lado, é tabu danificar um cadáver; por outro lado, a burocracia ligada à doação de órgãos é complicada e demorada. Num esforço de mudar a percepção das pessoas em relação à doação e querendo aumentar a esperança de vida de muitos doentes, o Ministério da Saúde anunciou recentemente a proposta de revisão da lei de 1999.
A actual lei estipula que os órgãos podem ser transplantados só com o consentimento da família, mesmo quando o falecido tinha exprimido anteriormente o desejo de doar os seus órgãos. Assim, o governo propõe facilitar a doação por parte de pessoas que a querem fazer, mesmo sem o consentimento da família. Para quem, antes de morrer, não exprimiu vontade de doar órgãos, a revisão limitará o número de familiares que podem impedir a doação. Os médicos estão de acordo com esta proposta de revisão, pois muitos doentes acabam por morrer devido à falta de órgãos disponíveis para transplante.
Caso a revisão da lei passe na Assembleia, serão necessárias medidas de apoio às famílias, de modo a não ferir susceptibilidades. Ao mesmo tempo, será necessário criar uma base de dados relativo a potenciais doadores, com apoio do corpo médico e uma maior interacção entre este e a agência do Ministério da Saúde responsável pela área da doação de órgãos.