Os Pigmeus do Congo

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{mosimage}Estamos na República Democrática do Congo, no coração da África, precisamente em Bayenga, reino dos Pigmeus. Não todos os dias, mas muito frequentemente, ao pôr do sol, enquanto o canto das cigarras se mistura ao silêncio da noite que entra, ouve-se uma melodia em estilo polifônico e ritmo harmonioso, sem articulação de palavras. É o canto dos “bambuti, ou seja, os Pigmeus”. Eles costumam se reunir na entrada da noite, para danças coletivas e jogos com mímicas, que são suas atividades preferidas nas horas de lazer.

Organização social


De etnia Bantu, os Pigmeus se caracterizam pela baixa estatura, 130 cm, vivem na selva e nos seus arredores. Eles são nômades ou seminômades. Baseiam sua subsistência na caça e na coleta de raízes e frutas. Segundo muitos antropólogos, os Pigmeus são os primeiros habitantes da rica floresta que acompanha as águas do Rio Congo desde a nascente até a foz. Eles retiraram-se na floresta para não entrar em conflito com as várias populações Bantus de quem descendem; mas das quais se sentem explorados. Eles são encontrados nas trilhas da floresta, sempre em pequenos grupos: os homens ostentam arco e  flecha e as mulheres aparecem com as crianças no colo ou nas costas, e os inseparáveis cestos que levam na cabeça, com pedaços de carne seca e tudo o que vão recolhendo pelo caminho: frutas, mel, fungos, tubérculos. Uma mulher, geralmente a mais anciã, cuida do fogo levando brasas acesas em cascas de árvores, para acendê-lo quando resolvem parar para comer e dormir. Nômades, eles seguem as estações do ano, pois conhecem os alimentos que cada uma delas proporciona. Quando andam pela floresta, constroem com surpreendente habilidade e rapidez seus abrigos, em forma de iglus, com ramos entrelaçados e folhas grandes para o teto. A sua estrutura social é muito precisa, com nítida divisão de tarefas entre homens e mulheres: a elas cabe a coleta de tubérculos, fungos larvas e cogumelos. Em alguns grupos é também das mulheres e crianças a tarefa da pesca, enquanto que a caça é atividade exclusivamente masculina e se constitui um momento mágico na vida da comunidade. Os homens se preparam para a caça, abstendo-se de relações sexuais, evitando toda “ofensa” à comunidade. Antes de partirem, há cerimônias de purificação e propiciação. Depois partem e ficam vários dias na floresta.

Não é fácil falar de religião aos Pigmeus porque eles têm o seu modo específico de se relacionar com Deus, mas não costumam expressar suas crenças com ritos externos. Ademais, a religião dos diferentes grupos não é uniforme. Geralmente, acreditam num Ser Supremo e Criador, que se personifica no deus da selva, do céu e do além.

Creem que as almas dos bons se transformam em estrelas e povoam o firmamento, enquanto que as almas dos maus são condenadas a vagar eternamente pela selva dando origem a toda espécie de “doença ruim”.

Mudanças

Visitando os acampamentos dos Pigmeus, quase todas as crianças têm os olhos infectados pela conjuntivite e feridas pelo corpo, são doentes de lepra ou tuberculose. Até há pouco tempo nenhum Pigmeu tinha estudo. A causa de tudo isso é o isolamento em que vivem, fugindo do relacionamento com as demais populações Bantus porque preferem viver o seu modelo de sociedade. Porém, ultimamente, as coisas já começaram a mudar. Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, rádio, televisão, foi introduzido o diálogo entre as culturas. Hoje, existem grupos em diversos países que se interessam em ajudar as populações mais necessitadas, especialmente, nos campos da saúde, da educação e da agricultura. Hoje, por exemplo, também os Pigmeus já procuram o médico nos poucos postos de saúde que funcionam nas vilas Bantus. Fazem isso em último caso; porque antes, eles buscam a cura em todas as ervas medicinais tradicionais que conhecem. Quando não conseguem mesmo, então vão procurar mais recursos.

A educação

Um bom número de crianças pigméias já frequenta a escola. Ultimamente, está sendo desenvolvido um programa diferenciado para tornar mais fácil o estudo para os filhos dos Pigmeus, devido ao problema do nomadismo. Em determinadas épocas do ano, as crianças são obrigadas a seguir os pais e parentes até a floresta, em busca do alimento e da matéria-prima para o artesanato, que depois vendem para ganhar um dinheirinho e assim comprar roupas e remédios. Eles não rejeitam as orientações que lhes são dadas sobre o modo de melhorar o plantio e a colheita. Também acolhem de boa vontade as instruções sobre a higiene, como forma de prevenção das doenças. Por isso, há alguns anos, a diocese de Wamba está se empenhando para estabelecer este diálogo com os Pigmeus, procurando fazer a reintegração deles com a cultura Bantu, especialmente nas áreas da educação e saúde. Já conseguimos abrir várias escolas de Ensino Fundamental, mistas, isto é, para Pigmeus e Bantus. Já conseguimos também duas de Ensino Médio; estas últimas, em regime de internato, para facilitar a permanência dos Pigmeus na escola.

Agora nosso esforço é no sentido de formar professores Pigmeus, para, também eles ensinarem nas escolas. Em Bayenga, sede da nossa paróquia, já funciona uma escola secundária para formação de professores. Os primeiros cinco jovens já se formaram e com entusiasmo estão trabalhando em diferentes escolas da diocese. A Boa Notícia de Jesus Cristo continua se tornando carne, semeando esperança, construindo uma nova humanidade entre os povos, irmanando a riqueza de todos e transformando-a em vida nova.

Itinerância missionária

Estes nossos irmãos Pigmeus nos obrigam a uma itinerância não só física, mas também, cultural e do coração. Sim, porque para visitar os acampamentos - uns 20 - precisamos nos deslocar para lugares sempre diferentes. Percorremos estas distâncias ou com a nossa velha moto, de bicicleta ou mesmo a pé, porque no mais das vezes não existem estradas.

Eles nos obrigam também a uma itinerância cultural, porque para poder dialogar com a cultura deste povo é preciso aprender a relativizar a nossa mentalidade e as nossas atitudes. E por fim, nos obrigam a uma itinerância do coração, porque este tipo de pastoral exige uma grande abertura a cada irmão, a cada irmã e às suas necessidades; e a voltar sempre à fonte da qual emana a nossa vocação e missão – Jesus Cristo. É nosso firme propósito, continuar sendo missionários fieis ao serviço destes povos marginalizados, considerados os “últimos”.

Permanecer e viver lado a lado com os Pigmeus nos proporciona muita aprendizagem. Percebemos que é um povo que luta por sua sobrevivência, mas de um modo diferente da maioria dos seres humanos. Eles extraem da natureza, apenas o que lhes serve e com muito cuidado. Nos ensinam que um povo não se desenvolve apenas industrialmente, gerando tantos crimes ao meio ambiente. Eles têm a consciência de que “todos” devem respeitar a natureza, sem modificá-la e agredi-la. Sabem claramente que, quem destrói a natureza, está destruindo a si próprio.

Peço ao Senhor, que nos conceda muita sabedoria e pobreza de coração, para sabermos acompanhar o crescimento da fé deste povo; e ao mesmo tempo, nos conceda a graça da humildade para deixar-nos ensinar por eles.
Ultima modifica il Sabato, 07 Febbraio 2015 21:38
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