O significado desta nova Missão
No passado Domingo, dia 28 de Outubro, os Missionários da Consolata, deram um passo histórico na sua presença em Angola com a abertura da terceira comunidade-missão em Luacano, diocese de Luena, no noroeste de Angola.
O passo é grande e histórico porque é uma abertura verdadeiramente “ad gentes”, num contexto totalmente novo para nós, numa das regiões mais periféricas e esquecidas, também do ponto vista eclesial, de Angola.
Do centro de Angola sentimos o dever missionário de dirigir-nos para a periferia, da planície para o planalto, das zonas bem evangelizadas, com uma percentagem bem alta de católicos (40% da população) para as o leste de Angola, onde os católicos são uma minoria (8% da população), assediada pelas seitas e pelas Igrejas Independentes Africanas. Chegou a hora do planalto do Moxico, onde se situa a Igreja local de Luena, da qual faz parte o pequeno resto de Luacano.
Esta abertura surge de um convite antigo do bispo de Luena que tudo fez para ter a presença dos Missionários da Consolata na sua diocese, à qual quer, também com o nosso contributo, dar um impulso missionário que responda aos grandes desafios que vive esta Igreja local: grande extensão territorial, fraca evangelização, escassez de clero, baixo desenvolvimento humano da população, etc.
A entrada dos Missionários da Consolata em Luacano foi preparada nestes 2 últimos anos através de contactos e visitas realizadas localmente pelos missionários, acompanhados pelo bispo. Na preparação foram envolvidas as duas comunidades e paróquias IMC de Angola: Kapalanga e Funda. Houve sensibilização dos cristãos para esta abertura missionária e foram convidados a sentir-se responsáveis com os missionários neste projeto através da oração e do contributo económico.
Tomada de posse do Padre Luíz António
No passado Domingo, dia 28 de Outubro, o Padre Luiz António de Brito, na presença do bispo de Luena, D. Tirso Blanco, tomou posse como pároco da paróquia de Santa Maria de Luacano. Uma missão que só existe no papel e que é necessário construir com paciência, espírito de sacrifício e com a ajuda de todos.
Da comunidade de Luacano fará parte também o recém-ordenado Padre John Kyara que ainda está preparando a documentação para entrar em Angola.
Acompanharam o Padre Luíz António até Luacano os Padres Fredy Gomez e Mark Sembeye, da comunidade de Kapalanga, e o Padre Sylvester Ogutu, da comunidade de Funda, juntamente com uma delegação da paróquia de Funda. Percorreram os mais d 1500 km de Luanda até Luacano de carro. Chegaram no dia 23 de Outubro a Luena, sede da diocese. O dia seguinte, foi dedicado para fazer visitas e compras do material necessário para a futura casa paroquial de Luacano. No dia 25, foi a viagem para Luacano, distante 200 km de Luena, com passagem na missão de Lumeje-Cameia, chegando a Luacano nesse mesmo dia. Os dois dias que antecederam a tomada de posse foram dedicados à preparação da casa paroquial e sua bênção, organização e ensaios da Missa de abertura
No Domingo, dia 28 de Outubro, perante a comunidade cristã de Luacano e delegações das comunidades cristãs mais próximas, o Padre Luíz António emitiu a Profissão de Fé e o bispo D. Tirso presidiu à tomada de posse do novo pároco.
Realidade sócio-pastoral de Luacano
Luacano é uma vila e município da província do Moxico. O município tem 13 573 km² e cerca de 27 mil habitantes. Fica distante de Luanda cerca de 1.600 km. A região, muito próxima da fronteira do Congo e da Zâmbia, é formada por vastas planícies pantanosas cheias de água (chanas).
Pastoralmente as poucas e pequenas comunidades católicas de Luacano e Dilolo atravessam grandes dificuldades devido ao abandono pastoral: não existe presença ou visitas por parte dos missionários desde 1968 – devido à guerra que foi muito intensa nesta região. O acompanhamento pastoral por parte da diocese tem sido mínimo, limitando-se praticamente à visita anual do bispo que nestes anos tem visitado as comunidade do Município de Luacano e celebrado alguns sacramentos a candidatos ao baptismo e casamento preparados pelos catequistas.
Em Luacano e em Dilolo existe bastante população e muitas igrejas e seitas de tipo pentecostal. Em Luacano, a Igreja Católica conta com uma capela e a casa para os padres. A comunidade sede de Luacano tem uma serie de comunidades espalhadas e distantes, quatro delas ao redor do lago Dilolo, o maior lago de Angola, a 62 Km de Luacano. Os moradores desta área sofreram muito no tempo da guerra, muitos tiveram de fugir e aqueles que ficaram estiveram muito tempo sozinhos sem acompanhamento postoral; muitas aldeias desapareceram, algumas delas tentam ressurgir aos poucos. É de louvar o trabalho dos catequistas que na ausência de Padres, continuaram, mesmo nas dificuldades, a animação daqueles que não fugiram.