Nos dias 18 a 20 de Outubro de 2018 realizou-se no Centro de Espiritualidade e Missão de São Paulo, em Laulane-Maputo um Simpósio Missionário da Família Consolata em Moçambique sobre o tema: Muranga’a II: a metodologia da missão hoje.
O encontro tinha como objetivo visualizar novas linhas da metodologia para a missão hoje, à luz das orientações metodológicas da Conferência Missionária de Muranga’a: Conhecer as suas orientações metodológicas; identificar as convergências-divergências e reflectir, à luz do nosso carisma missionário, as novas orientações metodológicas para a missão hoje.
No Simpósio participaram representantes da Família Consolata em Moçambique: Missionários da Consolata, Missionários da Consolata, Leigos da Consolata e representantes das duas congregações religiosas moçambicanas que foram fundadas pelos/as missionários/as da Consolata em Moçambique: As Irmãs da Imaculada Conceição (Diocesanas de Lichinga) e as Filhas do Coração Imaculado de Maria (Diocesanas de Pemba). No último dia participaram também um grupo de seminaristas da Consolata do seminário da Matola e as jovens aspirantes das Missionárias da Consolata. Representando a Direcção Geral das Missionárias da Consolata, participou a Irmã Generosa, Conselheira Geral.
Juntos, celebrámos, refletimos e partilhámos sobre como viver a missão hoje inspirando-nos na longa tradição missionária consolatina em África que teve na Conferência Missionária de Muranga um importante ponto de partida.
A aproximação à metodologia missionária e a mensagem dos nossos missionários em missionárias em África, de modo particular as beatas Irene Stefani e Leonella Sgorbatti, para o futuro da missão com a leitura dos eventos/acontecimentos de hoje em Moçambique, foram os aspetos focalizados e aprofundados com paixão missionária, entusiasmo e espírito de família.
Fazendo memória da Conferência Missionária de Murang’a
A Conferência de Murang’a (Quénia), no ano 1904, inaugurou uma série de conferências anuais sobre a procura e actualização de um método missionário capaz de equilibrar e harmonizar as exigências do trabalho missionário com a vida religiosa e comunitária.
O método missionário que foi consagrado na Conferência Missionária de Muranga faz parte do DNA do estilo Consolatino de ser missionário e fazer missão: catequese, formação dos catequistas, escolas, visitas às aldeias, centro de saúde na missão, formação ambiente.
A novidade do método pastoral adoptado pelos missionários da Consolata divergia substancialmente daquele que era usado por outras congregações porque não se limitava, como gostava de recordar o Beato José Allamano, Fundador dos Missionários/as da Consolata, a “agir sobre poucos indivíduos mas sobre as massas, começando a incutir nelas as noções fundamentais de teologia natural”.
O método missionário Consolatino hoje
Constatámos que na nossa acção missionária em Moçambique vivemos os quatro princípios da Conferência de Murang’a que ainda hoje consideramos válidos: visita às famílias (às comunidades cristãs, formação dos catequistas, escola e saúde, formação do ambiente (promoção humana). Porém, temos necessidade de reavivar o espírito com que agimos, a fim que a nossa ação se torne verdadeiramente num instrumento do encontro de Deus com a pessoa.
Muitos dos nossos missionários e missionárias da Consolata em Moçambique, recordados durante este Simpósio, com os seus dons e empenho souberam fazer própria esta metodologia missionária, chegando à heroicidade e evidenciando o rosto masculino e feminino do nosso carisma de Consolação.
Seguindo o exemplo dos nossos missionários e missionárias que gastaram a vida pela missão, e na sequência das Conferências de Murang’a e dos Capítulos Gerais, os participantes no Simpósio Missionário, reafirmam com força o essencial da nossa vida e da nossa identidade: somos para a missão Ad Gentes que é ad extra, ad vitam, ad pauperes. Esta é a única razão da nossa vida e da nossa vocação ao interno da Igreja.
Conclusões do Simpósio: A missão do futuro
Os Missionários e as Missionárias da Consolata estão presentes em Moçambique há mais de 90 anos. Muita coisa mudou na sociedade e na Igreja Católica em Moçambique. Sem dúvida que, nos lugares onde prestaram o seu generoso serviço missionário muito bem fizeram e contribuíram para a promoção humana e religiosa das populações.
Dispor-se em estado profundo de conversão, de revitalização, como nos recorda os nossos recentes Capítulos, exige uma requalificação da nossa missão e reestruturação das nossas presenças. De facto, não é possível, continuar com os mesmos esquemas e realidades do passado: para o vinho novo, são necessários odres novos.
De facto, a Revitalização e Restruturação são duas faces da mesma medalha, integram-se e completam-se reciprocamente.
Uma autêntica revitalização das pessoas e da missão, deve ter um efeito direto nas presenças, nas atividades e na organização do Instituto, de maneira que seja adequado à sua missão
Qualificação da nossa Missão
Devemos responder ao desafio da requalificação das nossas presenças missionárias nas Dioceses onde trabalhamos.
a) Terminou-se o tempo em que tínhamos o monopólio do pessoal missionário e da responsabilidade pastoral de vastas áreas do território diocesano.
b) O crescimento da Igreja local e a reestruturação que almejamos recordam-nos que o imperativo actual não está na quantidade de presenças mas na qualidade da nossa acção pastoral.
c) Qualificar a nossa presença onde estamos deve ser a nossa aposta. Trata-se de reafirmar a nossa identidade de missionários “ad gentes”.
d) Apostando na restruturação e qualificação queremos:
- Continuar a fazer escolhas em linha com a genuína missão ad gentes e prestar serviços qualificados, dialogando e colaborando com à Igreja local (Animação Missionária, Formação), superando a cómoda tentação de repetir o passado, dando prioridade à qualificação das nossas presenças antes de pensar nas expansões das mesmas.
Para responder a estes novos desafios pastorais é necessário, a exemplo dos missionários em Muranga, ter um método de evangelização que corresponda à nossa identidade carismática e à realidade socio-pastoral na qual somos chamados a prestar o nosso serviço missionário.
Plano de acção pastoral: prioridades e actuação
1. Trabalho de equipa bem coordenado: Boa comunicação interpessoal e comunitária (encontros de avaliação e programação pastoral) entre os missionários e os catequistas e uma distribuição do serviço pastoral, evitando-se toda a espécie de confinamento exclusivista de um missionário num sector.
2. Primeiro Anúncio: Muitos dos lugares onde trabalhamos em Moçambique e em Angola encontram-se numa situação de pré-evangelização e de primeiro anúncio. É necessário aprofundar uma metodologia própria e incrementar o trabalho de aproximação às pessoas através de visitas frequentes e contactos pessoais por parte da equipa missionária em colaboração com catequistas missionários formados para tal missão.
3. Formação dos agentes de pastoral: é necessário dar continuidade à formação dos responsáveis das comunidades, catequistas e outros leigos.
4. Família Consolata Moçambique: Continuando o trabalho de consolidação dos Leigos e Amigos da Consolata em Moçambique e de outros grupos ligados ao carisma IMC, queremos continuar o trabalho de constituição da Família Missionária da Consolata em Moçambique da qual fazem parte os Institutos Religiosos IMC, MC. Congregações diocesanas de Lichinga e Pemba e os movimentos laicais (Leigos da Consolata MC e Amigos da Consolata IMC) particularmente ligados, pela história e pelo carisma, aos nossos Institutos e à nossa acção missionária em Moçambique.
Para intensificar a comunhão e a colaboração dentro da Família Consolata em Moçambique uma comissão nomeada pelo Simpósio irá reunir-se para programar a actuação de um conjuto de actividades em vista da vivência e dinamização do Ano Missionário 2019.
Conclusão: Saber ousar e fazer melhor
Os missionários são a vanguarda profética da Igreja. Como nos recorda o Papa Francisco é preciso viver em saída. Temos que ser servidores da misericórdia e consolação de Deus.
È necessário olhar o futuro se queremos ter futuro. Acreditar no que fomos, no que somos e no que seremos.
Todos juntos, como família Consolatina IMC-MC-LMC, ultrapassando aquilo que é menor e é secundário. Juntos no essencial.
Trata-se de evocar a comunhão com Deus e a união entre nós, que são a nossa força.
Avanti in Domino