A Questão Indígena, a Igreja e a Sociedade Roraimense

Pubblicato in I missionari dicono

No último dia 22 de outubro, às 16:30, na Sala de cinema do Centro Amazônico de Fronteira - CAF da universidade federal de Roraima realizou-se um seminário organizado pelos missionários da Consolata para celebrar os 70 anos da sua presença na Amazônia. Foram convidados como facilitadores do seminario, dom Roque Paloschi que trabalhou na diocese de Roraima por 10 anos 2005-2015, e agora é o arcebispo da arquidiocese de Porto Velho, Pe Lírio Girardi que atuou na região de 1974-2001, Dra Leda Martins, antropóloga, pesquisadora e profossora na Pitzer College/EUA, Marizete de Souza, professor e coordenadora da organização das mulheres indígenas de Roraima, OMIR, e o senhor Dário Vitório Kopenawa Yanomami, professor e liderança indígena. O professor Marcos Pelegrini, antropólogo e professor da universidade Federal de Roraima coordenou a mesa.

A primeira parte do seminário os participantes assistiram o filme Ex-Pajé de Luiz Bolognesi. O filme aborda a experiência de conflito interior de um pajé que converteu-se ao cristianismo. Depois houve uma partilha sobre o longa metragem onde também o Irmão Carlos Zacquini, IMC partilhou seus conflitos e as transformaçoes que fez na terra indígena Yanomami.

As 18:30 iniciou-se a partilha dos facilitadores do seminário.

Marizete de Souza

A professora Marizete observou que os missionários da Consolata ajudaram na mobilização da organização indígena para garantir direitos aos povos indígenas. Os missionários enfrentaram ameaças e conflitos na luta com os indígenas. Hoje, o povo luta para cuidar do que Deus os deu, mas não para explorar ou destruir. É injusto considerar ou chamar os indígenas atrasados ou inimigos do desenvolvimento do estado por causa desse motivo. A professora agradeceu os missionários da Consolata e a Igreja de Roraima pela parceria na vida e na luta dos povos indígenas.

Dário Vitório Kopenawa Yanomami

O senhor Dário começou a sua fala referindo-se ao filme assistido no início do seminário. Para eles as terras indígenas eram livres antes da chegada dos não indígenas. Segundo a população indígena a evangelização nas terras, sem respeitar a Xaperi (religião) dos indígenas, foi uma ocupação. Segundo o professor por milhões de anos os Yanomami viveram sem napê (brancos - os não índios). Eles têm sua identidade, suas raízes e sua religião. Para ele, imitar a religião e a cultura dos outros é levar doenças `as comunidade.

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Dário pediu que as pessoas respeitem a cultura yanomami e outros povos. É uma nação de mais que 26 mil pessoas e ocupam 380 comunidades espalhadas nos estados de Roraima e Amazonas. Ele agradeceu os missionários da Consolata por ter respeitado a sua cultura e ensinado-lhes como defender seus direitos. A partir disso já têm pesquisadores Yanomami. Quem vai à terra dos outros precisa conhecer a sua realidade e aprender a falar a língua local e não derrubar a cultura deles, o que ele chamou, “desmatamento dos Yanomami”. Segundo os indígenas a palavra índio é preconceituosa porque eles não são índios Yanomami, mas sim povos Yanomami.

Leda Martins

Na sua partilha a doutora colocou em discussão a relação entre a igreja e a sociedade roraimense. Pela força da igreja, conseguiu-se a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, (TIRSS). O papel dos missionários da Consolata e a igreja em geral trouxe ao estado uma transformação histórica. Impulsionou os indígenas em todas as dimensões: política, social, econômica e espiritual. O resultado dessa relação foi o nascimento de um movimento, uma força que ajudou na organização política dos povos Macuxi.

A antropóloga lembrou que os missionários foram acusados, nos anos de luta (1977 -2005) de comunistas. Mesmo assim eles conseguiram organizar os indígenas para lutar pelos seus diretos e incomodar a sociedade indiferente ao sofrimento dos povos indígenas. A opção dessa construção se deu mediante a realidade que os missionários encontraram no estado. Os missionários se transformaram a que medida se entrosavam e tomavam conhecimento da realidade dos povos indígenas.

Segundo as suas pesquisas, a professora descobriu a mudança da evangelização dos missionários na região. Os indígenas deixaram de ser fonte da mão de obra barata para elite e fazendeiros roraimenses para ser sujeitos da própria história de liberdade e crescimento. O projeto de gado ajudou os indígenas a ter o controle da terra.

A professara Leda Martins concluiu dizendo que a sociedade roraimense deve muito aos missionários da Consolata. Deles se ve uma maneira muito humana de relacionamento entre os indígenas e a sociedade do estado.

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Pe Lírio Girlardi

A história dos povos indígenas, segundo padre Lírio começa com o projeto dos Jesuítas de resgate e regimento. Os jesuítas lutaram contra aprisionamento e venda dos indígenas nos mercados de Manaus e Pará. Na década de 1760 surge uma nova metodologia de evangelização , a desobriga.

Depois do Concilio Vaticano II e da Conferencia Latino-americana de Medellín acendeu-se novas luzes na igreja. Os missionários focaram mais na missão libertadora dos indígenas que já tinham suas terras invandidas pelos não índios e estavam sendo escravizados pelos fazendeiros. Aumentou a tensão entre a fazenda e as comunidades indígenas. Os missionários saíram das fazendas e começaram a viver nas comunidades indígenas. Os fazendeiros endureceram contra os indígenas que comentavam, “Nós achávamos que o Deus dos brancos eram bom”. Os indígenas, verdadeiros donos da terra, viraram escravos na própria terra. Os fazendeiros obrigavam os indígenas a falar português para serem considerados gente. Assim eles chegaram a ter vergonha de ser índio e chamavam-se de caboclos.

As ações evangelizadoras culminaram em 4 marcos fundamentais: fundação e fortalecimento do movimento indígena a partir da assembleia fundantes dos Tuxauas de 1977; formação pastoral da liderança indígena, projetos sobre promoção humana  que incluiu ferramentas de trabalho da roça, escolas com ensino de macuxi, cursos de vaqueiros, corte e costura, políticas publicas, etc. e por ultimo o projeto libertador projeto de gado conhecido como ‘uma vaca por índio’. O projeto tinha a sua iluminação na palavra de Deus através do projeto pastoral, “Plano de Deus sobre Nós”.

A nova metodologia pastoral, segundo Pe. Lirio, trouxe para os indígenas alegria, mas também perseguição e sofrimento. Houve muita perseguição contra os missionários e a liderança indígena e atentados à vida. Enquanto isso, o povo se consolava com a simbologia de jabuti, ‘devagar mas sempre para frente’. A nova compreensão teológica foi que Deus também se revela nas comunidades indigenas, e não unicamente nas fazendas. O projeto dos missionários junto com os indígenas recebeu o apoio de toda igreja, o então Papa João Paulo II (hoje são Joao Paulo II) por meio do Cardeal Tonini fez uma contribuição para compra de gado. A CNBB e o Cimi fizeram comunhão com a igreja perseguida de Roraima e os missionários da Consolata. No final construiu-se um protagonismo forte dos indígenas na luta pelos seus direitos e sua defesa.

Dom Roque Paloschi

Com os missionários da Consolata houve uma mudança prática da evangelização na diocese principlamnte junto aos povos indígenas. Eles valorizaram o protagonismo dos indígenas por meio da formação das organizações e assembleias indígenas. O arcebispo da arquidiocese de porto velho lembrou o pedido que os indígenas fizeram ao papa Francisco quando visitou Peru, “ajude-nos estamos morrendo de poluição. Somos filhos de Deus tambem”. Os indígenas agora não tem mais vergonha de sua língua e tem uma convicção forte de que a terra onde eles habitam é deles.

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Dom Roque lembrou a plateia atenta, que os indígenas mesmo usando equipamento e maquina da nova tecnologia continuam indígenas. Eles precisam ser respeitados como tal. A nossa missão não é mais para converter, mas estar juntos, é o dialogo, respeitar suas culturas e terras. “... tire suas sandalias a terra onde está pisando é santa”, Deus disse a Moises, Ex 3,5.

O arcebispo concluiu a sua partilha chamando atenção dos que só percebem os problemas, falhas e fracassos dos indígenas. Eles também são filhos de Adão e Eva, são humanos. 

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