A Comunidade São José de Esquina Buriti pertencente à Paróquia de Cinquentenário, município de Tuparendi (RS), no sul do Brasil acolheu seu filho, Pe. Jaime Carlos Patias, Conselheiro Geral dos Missionário de Consolata, para celebrar o seu Jubileu de Prata Sacerdotal - 25 anos de ordenação.
Um grande número de familiares, convidados e amigos participaram da missa de ação de graças, no domingo Dia Mundial das Missões, 21 de outubro. Estavam presentes Dom Elio Rama, IMC, bispo de Pinheiro (MA), Pe. Aquiléo Fiorentini, Superior Regional IMC Brasil, Pe. Guido Boufler, pároco de Cinquentenário, Pe. André da Silva, vigário paroquial de Tuparendi, o Diácono Permanente Osório Lacerda e Pe. Manoel Monteiro, IMC, que fez visitas às famílias em preparação para a festa. Após a missa a comunidade serviu um almoço com o tradicional churrasco para mais de 400 pessoas.
Os oito irmãos e irmãs do Pe. Jaime lhe entregaram a bênção papal de Sua Santidade o Papa Francisco.
Sua história vocacional
Padre Jaime Carlos Patias, missionário da Consolata, nasceu no dia 27 de janeiro de 1964, em Tuparendi (RS). É o sétimo filho, em um total de nove nascidos de Maria Righi e Arlindo Maróstega Patias, uma das famílias de Esquina Buriti.
Cursou o ensino primário na Escola Salgado Filho de Buriti. Aos 13 anos de idade, em 1977, ingressou no Seminário Nossa Senhora de Fátima, dos Missionários da Consolata, em Três de Maio, onde fez o Primeiro Grau. Fez o Segundo Grau em Erechim (RS) (1980 - 1983) e a Faculdade de Filosofia (licenciatura) na PUC do Paraná (1984 - 1986), em Curitiba. Em 1987 fez o Noviciado na cidade de Bucaramanga na Colômbia, onde emitiu sua Primeira Profissão Religiosa em 9 de fevereiro de 1988. Seguiu para Londres na Inglaterra para cursar Teologia com bacharelado pela Universidade Católica de Lovaina, Bélgica.
Após fazer a profissão Perpétua foi ordenado diácono em Londres, no dia 13 de fevereiro de 1993. No dia 29 de outubro de 1993 foi ordenado Padre nesta capela São José de Buriti tendo como lema “A fé se fortalece na medida em que é partilhada” (RM) Rezou sua Primeira Missa em 31 de outubro de 1993 e foi enviado para Moçambique na África. Trabalhou nas missões de Inhambane, onde foi pároco nas paróquias de Vilankulos, Mapinhane e Maimelane. Foi fundador da Escola Secundário “Padre Gumiero” de Mapinhane. Na cidade da Matola foi reitor do Seminário Filosófico da Consolata, professor no Seminário Interdiocesano Santo Agostinho e no Instituto Maria Mãe da África.
Em 2001 regressou ao Brasil e fez o Mestrado em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero em São Paulo. Por dez anos foi diretor da Revista e do site Missões. Entre outros trabalhos, foi Conselheiro e Vice-Superior da sua Congregação no Brasil. Em 2012 transferiu-se para Brasília (DF) para atuar nas Pontifícias Obras Missionárias, no cargo de Secretário Nacional da Pontifícia União Missionária e como assessor de Comunicação. Prestou vários serviços de formação em todo o Brasil.
No dia 13 de junho de 2017, foi eleito Conselheiro Geral do Instituto Missões Consolata. Hoje reside em Roma e acompanha, em especial, os trabalhos da Congregação no Continente Americano.
A Congregação dos Missionários da Consolata foi fundada na Itália pelo Bem-aventurado José Allamano em 1901. Chegou ao Brasil em 1937 e hoje conta com cerca de mil padres e irmãos trabalhando em 26 países da África, Ásia, Europa e América. Allamano fundou também, em 1910, a Congregação das Missionárias da Consolata.
No Jubileu de Prata Sacerdotal do Pe. Jaime Carlos Patias, louvemos a Deus pelo seu ministério a serviço da missão e, com o coração agradecido, celebremos com ele, esta Missa de Ação de Graças no Dia Mundial das Missões.
Homilia
O Evangelho de Marcos (Mc 10, 35-45) hoje mostra que Jesus segue o caminho para Jerusalém; enquanto isso, vai revelando aos seus discípulos as consequências de sua entrega em favor da humanidade. Ao anunciar três vezes a paixão de Jesus, o Evangelista destaca o preço da fidelidade ao Reino de Vida: a resistência, perseguições e até martírio.
No terceiro anúncio da Paixão, os dois irmãos, Tiago e João, pretendem sentar-se, um à direita e outro à esquerda de Jesus, no seu Reino. Isso mostra o contraste entre a atitude do Mestre e a de seus discípulos.
Seguindo a linha do profetismo, Jesus critica a busca do poder: “Sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam”. Esta busca de poder destrói a paz, gera ódio, pobreza e exclusão.
O Deus que Jesus nos revelou é o Deus presente no pequeno, no simples, naqueles que não tem voz e nem vez neste mundo. Não é o Deus do poder, nem o Deus que exige obediência e submissão àqueles que se apresentam como representantes do divino. Prestem atenção no uso de Deus...
O Deus Misericordioso não incentiva ninguém a desejar poderes, nem prosperidade. Por isso, os discípulos de Jesus devem renunciar toda expressão de poder, prepotência, intolerância e domínio que os poderosos deste mundo exercem sobre as pessoas. Jesus ensina a Mudar poder por serviço. Esta é a chave para a Vida em plenitude. O serviço nos recoloca todos na mesma condição. Servir (amar, cuidar). Essa é a nossa única dívida....
Jesus deixa claro: “quem quiser ser grande, seja o vosso servo, e quem quiser ser o primeiro seja o servo de todos”.
O quarto cântico do Servo Sofredor (1ª Leitura de Isaías) apresenta o justo esmagado que, por seu sofrimento, assumiu a culpa de muitos e, é, por isso, duplamente amado por Deus: por ser justo e por levar os outros a serem justos. Esse cântico está em sintonia com a conclusão do Evangelho: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida como resgate para muitos”.
Ser discípulo missionário é ser um servidor. Por isso o Papa Francisco nos anima. “Na doação, a vida se fortalece; e se enfraquece no comodismo e no isolamento. De fato, os que mais disfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar vida”.
É exatamente isso que se quer de um Padre. O Ministério Sacerdotal está centrado no Sacerdócio de Cristo que é amor e serviço generoso e gratuito. Na verdade, Ele é o único Sumo Sacerdote.
Os que hoje somos chamamos de Sacerdotes, somos na realidade presbíteros ou ministros, ou seja, servos de Jesus e do Evangelho.
Também vocês, atualizam o dom da entrega de Jesus, com a doação da própria vida, no serviço, ou seja, no sacerdócio batismal do amor ao próximo.
Hoje nos reunimos para dar Graças a Deus pelo Dom do Sacerdócio.
“Enquanto alguns vão amanhecendo, outros entardecendo” (disse o tio Pe. João Righi no dia da minha ordenação) - Hoje eu me encontro ao meio-dia: são 25 anos de ordenação, 54 anos de vida.
No dia 03 de março de 1977 deixei Buriti, rumo a Três de Maio para seguir o caminho da missão. No fusca azul do diácono Osório estávamos, eu, o Arno, Inácio e Arlindo...
Lá é ramos cerca de 60: estudávamos, rezávamos, trabalhávamos. Recebemos uma ótima educação dos missionários da Consolata italianos e dos assistentes inclusive P. Aquileo Fiorentini e Dom Elio Rama
De Três de Maio segui para Erechim, depois para a Faculdade de Filosofia em Curitiba, o Noviciado em Bucaramanga na Colômbia e a Teologia em Londres na Inglaterra. Novos colegas, novos ambientes e realidades....
Veio a ordenação em 29 de outubro de 1993. Um dia histórico para Buriti. E como faz bem e é importante voltar às origens, não perder as raízes.
Foi aqui que nossos pais nos deram as bases para uma boa formação humana e cristã, para enfrentar os desafios da vida. Nos ensinaram o caminho da Igreja, da Escola, da Roça e do Respeito entre outros valores.
Aqui aprendi a vida de Comunidade, a catequese, a gramática e a literatura. O futebol, as brincadeiras e jogos, pescar, caçar e algumas artes também.
A formação com discernimento no Seminário nos abriram os olhos, a mente e o coração mostrando o horizonte da Missão Universal, pluricultural, multiétnico e inter-religioso. Na oração, estudo e reflexão aprendemos a ler os sinais dos tempos, alimentar a esperança movido pela utopia do Reino de Deus. Tudo tinha o Espírito do Bem-aventurado José Allamano, (Fundador) que é um excelente educador de esperança, de coragem e de perseverança: Ele nos ensina a: “nunca desanimar” na busca do ideal. “É preciso recomeçar sempre”. Suas virtudes são escola de fé e vida: Fazer sempre a vontade de Deus
- A Centralidade de Cristo (importância da Eucaristia)
- Amor à Igreja (viver a missão na comunhão eclesial)
- Caminhar juntos na Vida de fraternidade
- Evangelização e Promoção humana
- Amor a Nossa Senhora Consolata.
Mas o que fundamenta a vocação missionária é a convicção que José Allamano tinha da Missão. Ele lançou as bases do Concílio Vaticano II, que afirma: “A Igreja peregrina é por sua natureza missionária” (AG 2): essa é sua vocação, sua identidade (cf. EN 14), sua razão de ser, sua essência (RMi 2). A Igreja existe para a missão.
É para recordar essa essência que celebramos hoje o Dia Mundial das Missões (Penúltimo Domingo de outubro). O tema da Campanha Missionária (outubro) é: “Enviados para testemunhar o Evangelho da paz”.
Na verdade, a Missão é de Deus e nós somos seus colaboradores.
Estou convencido: “Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo”. Quando entendi isso, então decidi ser Padre Missionário.
E a generosidade do nosso “sim”, na Consagração religiosa e na Ordenação, nos levam por caminhos que não escolhemos. É Deus quem escolhe, nós apenas confirmamos.
Jesus nos ensina: “Se alguém quer seguir-me, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me” (Lc 9, 23).
Escolhi essa frase de Jesus para estampar na lembrança do meu Jubileu por que entendo que é o resumo da nossa missão neste mundo.
Para a minha ordenação escolhi como lema “A fé se fortalece quando partilhada”.
Conduzido por Deus, nestes primeiros 25 anos de ministério não me faltaram oportunidades para servir. Deus foi generoso em me conceder tantas oportunidades, muitas graças e bênçãos em muitos lugares, funções e atividades. Deus me chamou assim como sou: humano, com dons, capacidades, mas também, defeitos. Então pelas falhas, peço perdão na certeza de que o maior desafio é a minha própria conversão.
Agora em Roma, estou muito próximo do Papa Francisco, fisicamente e espiritualmente. Estou em plena sintonia com o seu projeto de Igreja em saída missionária como Conselheiro Geral do Instituto Missões Consolata.
Na Família dos Missionários e Missionárias da Consolata somamos cerca de 1.000 padres e irmãos, e umas 600 irmãs. Estamos presentes em 28 países, de 4 continentes. Os trabalhos são muitos. Mas não vamos sozinhos para a Missão, contamos com vocês e tanta gente que nos apoia e acompanha com orações e solidariedade. Muito obrigado!
Ao celebrar o Jubileu Sacerdotal, sinto uma grande alegria e, ao mesmo tempo, o dever de agradecer:
- a Deus misericordioso por tantas graças e bênçãos recebidas
- aos queridos pais Arlindo e Maria, a toda família Patias e Righi. O Pai, Arlindo, partiu há pouco mais de um ano, rodeado dos nove filhos, mistérios de Deus! A Mãe, Maria, nos deixou em 2012. A eles a minha gratidão.
Obrigado também aos meus irmãos e irmãs, cunhados, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas pelo carinho e apoio. Desculpem-me pelo trabalho que dei, vocês, estão todos em minhas orações e no coração. Valeu!
- ao Instituto Missões Consolata, minha família Religiosa que me acolheu, me formou e me conduziu na Missão.
- ao querido povo de Deus de cada comunidade e paróquia, em especial de Moçambique, Brasil e Itália que caminha comigo
- um agradecimento especial à Comunidade São José de Buriti, Paróquia de Cinquentenário, que me viu nascer e sempre me acompanha com orações e gestos de carinho; e à Paróquia de Tuparendi que me acolheu. Todos estão no meu coração.
- Aos professores e catequistas...
Aos meus Irmãos de Congregação, Amigos de seminário e conhecidos a minha eterna gratidão, Bênção de Deus e a Materna proteção de Nossa Senhora Consolata.
Movido pela paixão por Cristo e pela humanidade, com a muita fé e confiança em Deus, peço ao Senhor a capacidade de continuar semeando no chão da missão e que nunca me canse de espelhar a Boa Semente! “Tudo com missão, nada sem missão”. Deus seja louvado!
Uma das homenagens mais significativas na celebração do meu Jubileu de Prata Sacerdotal – 25 anos de ordenação – durante a missa de Ação de Graças neste domingo, dia 21 de outubro, na Comunidade São José de Esquina Buriti – Tuparendi (RS) foi a poesia de autoria da professora Maria Fátima R. Trevisol, declamada pela jovem Larissa Facchinetto, filha dos meus primos Paulo e Neusa Facchinetto. Fiquei muito horado e emocionado pelas palavras que expressam com tanta exatidão a minha trajetória. A declamação da Larissa foi de uma leveza e naturalidade típica de alguém com muito talento.
Jubileu de Prata Sacerdotal – Poesia
A comunidade São José de Esquina Buriti
Uma emoção forte começa a sentir
Pois o acontecimento de hoje
Nos deixa mais preparados
Para nossa missão seguir
No dia 29 de outubro de 1993
Jesus veio nos abençoar
Com a ordenação do Padre Jaime
Toda comunidade passou a se emocionar
Nascido em nosso meio
E de família de muita devoção
Todos rezavam e acreditavam
Que aqui seria sua ordenação
Empenharam-se para este
Fato acontecer
E agora 25 anos depois
Volta para celebrar e a Deus agradecer
Missionário da Consolata
Dedica e exerce seu trabalho
Tantas vezes tão longe da daqui
Com isso nos sentimos orgulhosos
Pois estudou nesta escola e é filho de Buriti
Nas suas visitas à família
Vem sempre aqui celebrar
Não esquece suas raízes
E boas mensagens vem nos deixar
A comunidade de São José
Não tem palavras para descrever
Que um padre ordenado aqui
Em outros países sua missão foi exercer
Um acontecimento muito lindo
Que para todos ficou marcado
O nosso Pe. Jaime pelo Papa
Foi abençoado
Querido padre Jaime
E toda sua congregação
Não cabe em nosso peito
Tamanha emoção
Todas as congregações, missionários e missionarias
Que estão hoje aqui pregando
Podem ter certeza
que Deus vos está abençoando
Peço a vocês
Que rezem a cada dia
Para que mais vocações assim
Sejam enviadas por nossa Mãe Maria
Obrigado pela presença
De todos hoje aqui
Podem ter certeza que esta data
Ficará marcada para sempre na história de Buriti
Por fim peço a Deus
Que venha a todos abençoar
Esta data é de grande alegria
Para nossa comunidade
e todos que aqui vieram conosco celebrar.
