Conselho Continental África: Addis Abeba, 9-20 de Setembro 2018

Pubblicato in I missionari dicono

Etiópia, um País à busca de equilíbrio

A Etiópia é a mais antiga nação africana com mais de 2.000 anos de história. Com uma superfície de 1.104.300 km2 e uma população de 105 milhões de habitantes, dos quais 43% são Coptas Ortodoxos e 34% de Muçulmanos, a Etiópia é por tudo isto uma das principais nações africanas. Na capital. Addis Abbeba, tem sede a União Africana, organismo pan-africano, fundado em 1963, e que conta atualmente com 55 estados membros.

Com uma alta taxa de natalidade, uma média de 5 filhos por família, o país enfrenta  grandes desafios de ordem social – 30 % da população vive abaixo do nível mínimo de pobreza e o analfabetismo anda por volta dos 51% - e político, sobretudo as fortes tensões étnicas. Depois de séculos de monarquia, hoje a Etiópia é uma República Federal Democrática onde as províncias foram desenhadas sobre base étnica, reforçando a identidade local em vez daquela nacional. Por isso, a Etiópia é um país que procura o equilíbrio entre o fortalecimento do estado unitário e a satisfação das exigências regionalistas dos seus povos.

A Etiópia viveu no início deste ano a maior crise política desde o derrube do regime comunista de Menghistu em 1991. No dia 15 de Fevereiro o primeiro-ministro Hailemarian Desalegn demitiu-se devido às constantes manifestações anti-governamentais, reprimidas de modo violento e que provocaram a morte de centenas de pessoas e a detenção de milhares de opositores políticos. Os protestos da maioria étnica Oromo (35% da população, residentes na parte sul do país, e descriminados durante séculos), que exige direitos e autonomia política, fizeram emergir leaders locais que recusam o predomínio da componente Trigina (apenas 6% da população) na coligação da maioria que governa o país em detrimento do Oromo.

A recente eleição do novo primeiro ministro, Abiy Ahmed, de etnia Oromo, que está procurando atuar medidas socioeconómicas que respondam às exigências da maioria Oromo estão dando aparentes resultados. Mas a tensão é alta, bem visível nestes dias em que regressaram à Etiópia exilados políticos Oromo.

Como Missionários da Consolata nascemos para a Etiópia

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O território africano em que o Fundador, Beato José Allamano, queria iniciar a obra missionária do Instituto é aquele que conhecera pela boca do cardeal Guglielmo Massaia, vigário apostólico de Galla na região de Kaffa, na Etiópia, quando na sua adolescência frequentava o oratório de Dom Bosco e depois se apaixonou por ele depois de ler o trabalho do grande missionário capuchinho do Piemonte, “Os meus trinta e cinco anos de missão na Alta Etiópia”. O Fundador amadureceu com o tempo o projeto de estabelecer um instituto missionário para a evangelização da África, mais propriamente na Etiópia. Os condicionalismos históricos obrigaram a mudar o destino de seus missionários que inicialmente deveriam ir para o Vicariato Apostólico de Galla na Etiópia, mas devido à impossibilidade, por razões sobretudo políticas, de chegar a esse vicariato o plano foi mudado para o Quénia onde os primeiros missionários da Consolata chegaram em 1901.

O Allamano nunca desistiu da Etiópia. Em 1912, o fundador enviou para a África, o cofundador, Canónico Giacomo Camissasa, para estudar, entre outras questões, a abertura de missões na Etiópia. Em 1913, a Santa Sé confiou ao Instituto o Vicariato de Galla, erguido em 1913 sob o nome de Prefeitura Apostólica de Kaffa. O primeiro prefeito apostólico, Mons. Gaudenzio Barlassina, missionário no Quênia, chegou a Addis Abeba no final de 1916. Nos anos seguintes, os missionários da Consolata abriram outras novas missões no Vicariato do Gimma, na região sudoeste da Etiópia, tendo como foco a evangelização e promoção humana. Em 1941, com o fim da experiência “colonial” italiana, os missionários da Consolata foram expulsos do país. Somente em 1970 o Instituto voltou humildemente para a Etiópia, na pessoa do padre Giovanni De Marchi, assumindo o cura espiritual de algumas missões no Vicariato de Harrar. Em 1980 aos missionários da Consolata foi confiada a nova Prefeitura Apostólica de Meki. No dia 25 de Junho de 1992, a Santa Sé elevou a Prefeitura de Meki a Vicariato Apostólico. Atualmente, os Missionários da Consolata trabalham nas dioceses de Meki, Addis Abeba e Nekemte.

Embora a Etiópia seja uma nação com uma antiga e profunda tradição cristã que remonta ao tempo dos Apóstolos, a Igreja Católica é uma minoria com pouco expressão numérica mas cuja acão de promoção humana, nos setores da educação e da saúde, ultrapassa em muito o seu peso numérico.

Conselho Continental: 10-19 de Setembro

O Conselho Continental da África (CCA), órgão de comunhão e partilha, tem se reúnido regularmente para promover um caminho comum de reflexão, pesquisa e discernimento para o continente África. Esta foi a segunda reunião efectuada este ano, depois do primeiro encontro realizado em Bunjo (Tanzãnia), em Janeiro de 2018, aquando da realização da Assembleia Continental IMC.

10-11 de Setembro: Visita à Missão de Gambo

Antes de reunirmos para o trabalho de partilha e programação, o Conselho Continental, a pedido do Superior da Etiópia, Padre Marco Marini, visitar a Missão-Hospital de Gambo. Com esta viagem era possível visitar as principais missões-obras da Consolata em Etiópia e ao mesmo tempo refletirmos sobre a sustentabilidade económica desta circunscrição que tem a seu cargo, por razões históricas e de evangelização, importantes obras sociais.

Partimos na segunda-feira de manhã bem cedo, rumo a sul, com destino a Gambo, localidade situada a 245 km de Addis Abbeba. Fizemos duas paragens pelo caminho. A Primeira foi na Missão de Modjo, situada a 100 km de Addis Abeba. Nesta cidade os Missionários da Consolata estão presentes desde 1993 tendo à sua responsabilidade a paróquia, o seminário propedêutico, um centro de espiritualidade e obras sociais (escola e centro de saúde). Receberam-nos o Padre António Vismara e o Irmão Vicenzo Clerici. Depois de um café e uma visita à missão, continuámos a nossa viagem, passamos pela cidade de Meki, sede do Vicariado Apostólico, onde retomámos a nossa actividade na Etiópia em 1970, atravessámos o Rifty Valley, uma região com pequenos lagos. Almoçámos nas margens do Lago Langano. Continuámos viagem e chegámos à tarde a Gambo, situada no sopé de uma montanha e de um parque natural.

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A Missão de Gambo, antes de ser o que é hoje, era um leprosário. Como últimos vestígios da sua origem, no território adjacente existe ainda um bairro reservado aos leprosos, que os Missionários da Consolata tinham construído para acolher todos aqueles que eram marginalizados por causa da doença e que, por causa da pobreza extrema em que viviam, não tiveram a oportunidade de ser tratar em tempo. Nesta estrutura, milhares de leprosos da região sul da Etiópia eram curados e viviam numa aldeia, num completo isolamento.

Em 1987 o Centro de Saúde para o tratamento da lepra é ampliado e começa a funcionar o Hospital Distrital de Gambo que atualmente tem capacidade para 140 camas, sendo uma estrutura sanitária de referência na Província do Western Arsi, na Região da Oromia. No hospital de Gambo funcionam os departamentos de maternidade, pediatria, cirurgia, ortopedia, laboratório, farmácia e o internamento para doentes de lepra, tuberculose e HIV/SIDA. O hospital serve uma população de 435.000 pessoas e atende anualmente, com muito profissionalismo e humanidade, uma média de 25.000 doentes. Trata-se de um dos centros selecionados pelo Ministério da Saúde etíope que participa de todos os programas de saúde, dentre esses programas o controle da tuberculose e da lepra, a prevenção e diagnóstico da AIDS, tratamento para desnutrição, vacinas infantis e gravidez.

O complexo da missão de Gambo – hospital, leprosaria, missão, escolas, quinta-farm, emprega cerca de 400 pessoas, alguns dos quais são antigos doentes de lepra.

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O Hospital funciona com a ajuda de organizações internacionais, mas essa ajuda tende a decrescer e cada vez se torna mais difícil suster uma obra que pesa, do ponto de vista económico e administrativo, sobre o Instituto.

Em Gambo, fomos acolhidos pelos nossos confrades: Padres Sandro Delanora (Brasil). Alvaro Palácios (Espanha) e Ghebre Gebru (Etiópia). Na Terça-Feira, dia 11 de Setembro, celebrámos o inicio do novo ano etíope. Entrámos em 2011, pois na Etiópia segue-se o calendário Juliano. Participámos na Eucaristia do Ano de Novo com a comunidade local, celebrada em Amárico pelo padre Alvaro Palácios.

À tarde, acompanhados pelos Padre Álvaro e Sandro, visitamos o complexo da missão: hospital, escola, aldeia dos ex-leprosos, farm-quinta, etc.

No dia 12 de Setembro regressámos a Addis Abeba.

13 de Setembro:  Partilha da programação saída das Conferências de Circunscrição

Iniciámos as reuniões do Conselho Continental. O encontro foi precedido por um momento de reflexão espiritual orientado pelo Padre Marco Marini, o qual nos convidou a crescer na santidade e discernimento partindo do texto da recente Exortação Apostólica “Gaudete et Exultate” sobre a santidade.

Depois de um momento de reflexão e oração pessoal, voltámos a encontrar-nos para a leitura da Ata do último encontro do Conselho Continental realizado em Janeiro deste ano em Bunjo, na Tanzânia.

De seguida, cada superior de circunscrição partilhou o trabalho realizado na respetiva Conferência regional, de modo particular as principais iniciativas e atividades programadas para o sexénio 2018-2013 a nível da formação, missão ad gentes e economia.

14-17 de Setembro: Programação das Comissões a nível continental

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Os trabalhos destes dois dias foram dedicados à programação continental partindo das indicações dadas pela Assembleia Continental Pós-Capitular realizada em Bunjo-Tanzânia em Janeiro deste ano. Iniciámos a análise da programação feita pelas 5 comissões continentais: Formação de base, Formação Permanente, Missão Ad Gentes, Animação Missionária e Promoção Vocacional e Economia.

Formação de Base:

Falámos e programamos atividades que dizem respeito à escolha e preparação dos formadores para os seminários do Instituto em África; harmonização dos conteúdos da formação nos diferentes níveis de formação e preparação do Diretório de Formação de Base a nível continental; sustentabilidade económica dos seminários, abertura de um outro Seminário Teológico no continente, etc.

Animação Missionária e Promoção Vocacional

Vimos a necessidade de metermo-nos em comunhão com a Igreja Universal para refletirmos sobre os temas da Juventude e da Missão. No próximo mês, em Roma, iniciará o Sínodo dos Bispos sobre os jovens e o discernimento vocacional e em 2019 a Igreja Católica celebrará o Ano Missionário.

Missão Ad Gentes

No seu trabalho a nível continental, a Comissão Missão Ad Gentes, cuja responsabilidade está confiada ao Superior da Região de Moçambique, deverá ajudar a recuperar o específico da missão “ad gentes” no continente e o nosso contributo à evangelização dos não cristãos. Neste sentido, é importante o trabalho de recuperação da nossa memória histórica com estudos atualizados e partilha das atuais experiências e iniciativas pastorais de evangelização “ad gentes”.

Formação Permanente, Inculturação e Transmissão do Carisma

Foram programados diversos encontros de formação permanente para os confrades que celebram no sexénio 5 ou 10 anos de ordenação sacerdotal ou votos perpétuos para os irmãos. Foi estudado e redigido o conteúdo destes cursos que terão uma duração de 6 semanas e que terrão lugar em Sagana (Quénia), Bunjo (Tanzânia) e Laulane (Moçambique).

Em seguida partilhámos o acompanhamento e programa que cada circunscrição para os missionários jovens, missionários idosos e doentes e missionários que vivem situações-problemáticas especiais.

Por fim, houve uma troca de ideias e programação sobre a aplicação do Código Ético do Instituto, elaboração e vivência do Projeto Comunitário d Vida e do projeto Pessoal de Vida. Estes são importantes instrumentos para refletir e viver a nossa consagração religiosa-missionária, a nossa fraternidade e missão “ad gentes” a nível pessoal e comunitário.

Programámos diversas iniciativas para refletir a fundo sobre a inculturação e transmissão do nosso carisma IMC em África.

Economia para a Missão

Completámos o trabalho de programação continental com a Comissão de Economia para a Missão. estudámos a factibilidade da criação de um fundo de pensões a nível continental. Partilhámos a situação de cada circunscrição no que refere à segurança sanitária (assistência médica). Houve uma informação e partilha sobre como investir o capital existente no fundo continental destinado à formação de modo assegurar as despesas, cada vez maior, da formação de base nos seminários existentes no continente.

18-19 de Setembro: Nova abertura em Madagáscar

21 INMD 1 06Analisámos o estado da preparação para a nova abertura continental no Madagáscar e os passos a dar para atuar abertura prevista para janeiro de 2019. Neste momento, o Padre Kizito Mukalazi (Uganda) e Jared Mukori (Quénia), dois dos três missionários destinados ao Madagáscar estão a estudar a língua francesa na Costa do Marfim. No mês de Novembro e Dezembro estarão juntos no Quénia, com o Padre Jean Tuluba (Congo), para uma preparação mais próxima (conhecimento pessoal e estudo da realidade sociocultural e pastoral). A abertura será feita na diocese de Ambanja, situada no norte da ilha de Madagascar. A diocese tem uma superfície de 34.083 km2, é povoada por uma população de 1.471.000 habitantes, dos quais 142.112 são católicos (10% da população) Haverá um peditório-ofertório em cada comunidade-paróquia IMC a nível de África a favor desta nova missão.

Indicámos alguns critérios que devem guiar a nossa presença no Madagáscar: aprendizagem da língua e cultura malgaxe, prioridade à evangelização ad gentes, um estilo simples (segundo o modelo usado pelos nossos missionário em Angola), animação missionária e promoção vocacional.

Leigos da Consolata em África

Fizemos uma partilha sobre a situação dos Leigos da Consolata nas diferentes circunscrições do continente. Vemos que ainda não formámos um laicado IMC a nível do continente. Aquilo que existe são diferentes experiências e grupos, alguns dos quais nasceram de modo espontâneo, de Amigos da Consolata. Vimos a necessidade de formar um laicado missionário nas nossas circunscrições que partilhe e viva o carisma missionário da Consolata.

Assuntos vários

Falámos do problema do tribalismo e do nacionalismo ad extra e ad intra nos nossos países e circunscrições e os risco que estes fenómenos representam nas nossas comunidades e na vivência da vida religiosa e do carisma IMC. Individuaram-se medidas a tomar resolver estre problema que afeta profundamente cada vez mais algumas circunscrições do continente.

Houve uma informação sobre os seguintes temas: os confrades do continente que neste momento estão a fazer especializações em África e em Roma em nome do continente; Simpósio sobre as Minorias Étnicas a realizar pelo IMC em Roma em preparação ao Sínodo dos Bispos sobre a Amazónia; a comunicação ad intra e ad extra sobre o trabalho realizado pelos Missionários da Consolata em África (artigos nas revistas, sites, etc.).

O Conselho Continental concluiu-se com a Eucaristia de Acão de Graças na Capela da Casa Regional. Foi a ocasião para agradecer à Região IMC da Etiópia pela hospitalidade e disponibilidade em nos acolher, proporcionando-os tudo o necessário para o bom andamento dos trabalhos do Conselho Continental.

 

O próximo encontro do Conselho Continental terá lugar em Abidjan, na Costa do Marfim, de 29 de Abril a 8 de Maio de 2019.

Ultima modifica il Sabato, 22 Settembre 2018 14:47

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