Analise de Conjuntura da Igreja de Roraima, olhando ao presente sem esquecer o passado, prosseguindo o caminho rumo o Reino

Pubblicato in I missionari dicono

O pe. Filipe me pediu três temas: Conjuntara da igreja de Roraima; Migrações e Sínodo Panamazônico. Na realidade tudo faz parte da conjuntura de nossa Igreja. Eu apresentarei estes temas das migrações e do Sínodo, dentro de uma visão global da caminhada de nossa Igreja, sempre tendo um olhar  na história passada, que certamente ilumina o presente e estimula a continuidade da caminhada. Vamos tentar imitar o escriba sábio: “Todo escriba que se tornou discípulo  do Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que do seu tesouro tira coisas novas e velhas” (Mt.13,52). Apresentarei alguns desafios que considero principais, pois não haveria tempo para tocar em todos eles.

1. Comunhão e missão

Uma arte bonita, na capa do  Plano Diocesano de Evangelização 2018-2021,de autoria do jovem Mariedson (Area S. Raimundo Nonato), nos apresenta o rosto plural da igreja de Roraima: índios, ribeirinhos, trabalhadores do campo e  da cidade, migrantes, com particular referência aos venezuelanos, novos habitantes de Roraima.. O título, “Juntos, como Igreja de Roraima, para uma nova saída missionaria”, destaca  o desafio para a vivencia de nossa fé, como padres, leigos e leigas, religiosos e religiosas e bispo, hoje e aqui, em nosso Estado: o desafio da comunhão e da missão que são duas características fundamentais da Igreja de Jesus: “ E constituiu Doze pra que ficassem com ele, e envia-los a pregar” (Mc.3,14). Comunhão e missão. Não existe uma sem a outra.  

Chegando em Roraima em 1997, acabava de ser lançado o Plano de Evangelização para os anos sucessivos. O Plano  era comparado a um carro. O carro, para poder rodar, precisa de 4 rodas. Igualmente a evangelização, para ser autentica, precisa responder a 4 exigências: o serviço, o diálogo, o anúncio, e o testemunho da comunhão. Sempre estas exigências, em qualquer época e em qualquer lugar do mundo, são fundamentais, hora precisando dar mais enfoque a uma e hora a outra, mas sempre as 4 exigências são indispensáveis e hoje , mais do que nunca, é uma exigência o testemunho da comunhão.

Afirma-se na introdução ao Plano 1997: “Na nossa Diocese é urgente fortalecer a nossa comunhão. E para isso, escolhemos alguns compromissos concretos: participação em Conselhos evangelizadores, decisões comunitárias...” (pag.04), para que assumam seu papel dentro do espirito da pastoral de conjunto: rede de comunidades. E mais adiante, entre os objetivos destaca-se o seguinte: “fortalecer os Conselhos Pastorais comunitários, para que assumam seu papel dentro do espirito da pastoral de conjunto: rede de comunidades”. De fato a comunhão com Cristo precisa se expressar também na comunhão pastoral, ou seja na pastoral de conjunto (Em junho de 1998, o CDE se desabrochou sobre o estudo especifico da Pastoral de Conjunto) . “Sinodalidade”, é a palavra mais usada nos documentos mais recentes e sobre isto insiste o nosso bispo  dom Mario Antônio na sua exortação final ao Plano 2018-2021 como em tantas outras   oportunidades. “Sinodalidade é a palavra chave da missão, como também a corresponsabilidade em força do batismo, fortemente sublinhada neste ano nacional do Laicato. O testemunho da comunhão parte dos padres que compõe, junto com o bispo, o presbitério diocesano.

Dom Aparecido Dias muito sonhou com a comunhão sobretudo do clero diocesano, um clero que se fizesse “um” com o Povo de Deus. Tudo isso foi muito bem simbolizado no empenho das comunidades em construir a “Casa dos padres” ao lado da Igreja N.S. Aparecida, onde também funcionava o Seminário Menor N.S. Aparecida. No dia da inauguração, após a missa de ação de graças, leigos e leigas, padres, religiosos e religiosas seguiram em procissão até a casa nova, cantando “O  povo de Deus”. Na frente de todos, a irmã Leonildes carregando o ícone da SS. ma Trindade para dizer o sonho de todos: o sonho da comunhão do clero diocesano, na sua diversidade de dons e carismas, na sua diversidade de proveniência e culturas, junto com o Povo todo, também plural na sua origem e cultura. Um sonho que não se pode perder.

Dom Roque Paloschi que aqui chegou em 14 de julho de 2005, logo uns dias depois, encontrando os seminaristas dizia: “Todas as vocações são para a comunhão. Sobretudo os padres, pelo ministério, devem ser, por excelência homens de comunhão. E esta comunhão vai se aprendendo nas pequenas coisas vulgares do dia-a-dia. O grande título que precisamos ter, mais do que qualquer especialização, é precisamente aquele de sermos homens de comunhão”

Em 1996 dom Aparecido publicava um documento com o titulo: “Consideração sobre a atuação pastoral dos Movimentos”. Cito: ”Não se nega aos cristãos católicos o seu direito de formarem seus grupos e movimentos. E’ um direito que lhe assiste. O que se quer dizer é que a Igreja Particular, na qual a Igreja universal se concretiza, possa ter o seu rosto próprio e não o rosto de um movimento internacional, nacional ou regional! Se alguém deve se adaptar, é o movimento e não a Igreja Particular. Em segundo lugar as comunidades devem ser reforçadas, ter vida própria a partir de dentro para fora. Pede-se que não sejam esvaziadas e que não haja um certo “proselitismo” levando lideranças para fora das comunidades onde vivem, ou ocupando-as de tal maneira que não tenham mais tempo nem energia para os trabalhos de suas comunidades. Não seria justo que pastorais e movimentos estejam em função das comunidades e não o inverso? Já vi comunidades boas serem divididas e prejudicadas por certos grupos religiosos e sofri com isto. Senti a falta de comunidades vivas, conscientes e vigorosas, quando da Missa de Desagravo a dom Aldo em 1993. Peço por favor o empenho em favor destas nossas queridas comunidades (1996 ou 1997?). Mais de 20 anos mais tarde, papa Francisco escreve:  “As outras instituições eclesiais, comunidades de base e pequenas comunidades, movimentos e outras formas de associação são uma riqueza da igreja que o Espirito suscita para evangelizar todos os ambientes e sectores. Frequentemente trazem um novo ardor evangelizador e uma capacidade de diálogo com o mundo que renovam a Igreja. No entanto, é muito salutar que não percam o contato com esta realidade muito rica da paroquia local e que se integrem de bom grado na pastoral orgânica da Igreja particular. Essa integração evitará que fiquem só com uma parte do evangelho e da Igreja, ou que se transformem em nômades sem raízes” (E.G.29).

Esta preocupação certamente faz parte da atual conjuntura da Igreja de Roraima. Além do desafios de criar uma pastoral de conjunto entre paróquias, pastorais, movimentos e serviços, chegam em continuidade  propostas de novos grupos religiosos para se instalarem aqui, por fim de bem. E o constrangimento do bispo em dizer: “neste momento a nossa preocupação é outra...”. Sim, esta preocupação “outra” é a de dar à nossa igreja um rosto amazônico e indígena, em sintonia com o pedido de papa Francisco e em sintonia com o esforço de toda a Igreja Amazônica  a caminho do Sínodo Pan amazônico, cujo objetivo é justamente garantir à nossa Igreja um rosto Amazônico  e um rosto indígena” (Fr.PM).

2. Inculturação ( Igreja encarnada e libertadora)

Esta preocupação, de dar à nossa Igreja um rosto amazônico e indígena, nos remete a um acontecimento decisivo na caminhada da igreja da Amazônia: o encontro de Santarém.

 “Em 1972, diante de uma realidade de agressão à vida e aos territórios dos povos da Amazônia, e à intensificação de um modelo desenvolvimentista de exploração dos bens naturais, a Igreja optou por ser uma presença encarnada e libertadora” (P.E.2018,p.7). Opção, esta, confirmada pela CNBB Nort I e II, em Manaus, (1997) em ocasião da comemoração dos 25 anos do Documento de Santarém, com o documento “A Igreja se faz carne e arma sua tenda na Amazônia”, onde se faz presente toda a questão da defesa da vida em sentido global. O tema do Sínodo para a Amazônia traz como tema: “busca de novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. E’ claramente um dar continuidade a uma caminhada da Igreja na Amazônia, para que ela tenha um rosto próprio e se torne cada vez mais defensora e promotora da vida no sentido global e integral.

Especificamente em Roraima, houve uma verdadeira conversão pastoral a partir dos anos ’70, à luz do Concilio Vat.II, Medellin e sobretudo a partir do impulso dado pelo Encontro de Santarém.

Lemos no artigo de André Vasconcelos: “Os missionários (Missionários da Consolata, mudam sua atuação  em três pontos principais: a- geográfico: o padre não faz mais celebração na fazenda e sim na maloca, por não ter, a fazenda o espirito comunitário (a igreja-templo era essencialmente do fazendeiro). Até o final dos anos ’60, os missionários faziam a chamada Pastoral da Desobriga. A partir daí o missionário , que antes morava na capital Boa Vista, passa a morar nas malocas. Foram implantadas as missões religiosas do Maturuca, Catrimani, Taiano e Surumu, com presença permanente do sacerdote. A partir de cada missão surgiram posteriormente os conselhos regionais. b- social: a Igreja passa a trabalhar diretamente com os índios, investindo na formação de lideranças indígenas, com realização de cursos para tuxauas, professores, etc...e investimentos econômicos, principalmente com o Projeto do Gado, cujo Estatuto foi aprovado e assinado pelo pres. da Funai e pelo Bispo Diocesano, em 04 de novembro de 1985. c- teológica: a mudança teológica consiste na opção evangélica pelos pobres apresentada pelo Papa Leão XIII, onde o Reino de Deus é de todos, mas preferencialmente dos oprimidos”.

Os principais responsáveis  pelo novo modo de ser da Igreja diante das comunidades indígenas, lemos ainda no artigo de Vasconcelos, foram os missionários da Consolata Jeorge Dal Bem, Lirio Girardi, Luciano Stefanini, Guilherme Damiuli, João Saffirio, os irmãos Francisco Bruno e Carlos Zaquim, além de leigos do MLAL (Movimento Leigos America Latina) Vincenzo Pira, Emanuele Amodio e Alberto Chirone” (cfr “Diocese de Roraima: a participação da igreja no processo de organização dos povos indígenas do estado” de André dos Santos Vasconcelos, 1996). O artigo de Vasconcelos frisa a importância da pressão dos missionários para a conversão pastoral também dos bispos. Dom Servilio saiu sem ter assumido muito a causa indígena e dom Aldo Mongiano, gradualmente passou por um processo de conversão pastoral. Em entrevista com pe Lirio Girardi em 18.04.1996 foi possível constatar, afirma Vasconcelos, a postura de Dom Aldo que era a de procurar o diálogo entre fazendeiros, governo, índios e igreja, o que, conforme constatado pelos missionários, não era mais possível, pois era preciso um posicionamento radical em defesa das vítimas da exploração. “Dom Aldo veio de uma experiência de Moçambique, onde a Igreja e o Estado andavam juntos. Ele, quando chegou achava que (mesmo a CNBB tendo rompido com a ditadura) o diálogo entre Igreja e Estado ainda era possível”.

“A nova postura da Igreja levou os índios a uma tomada de consciência para lutar principalmente por uma organização autêntica e pela autodeterminação. O despertar para a tomada de consciência para a organização efetiva, culminou na primeira Assembleia Regional dos Tuxauas realizada em Janeiro de 1977 na missão Surumu, com total apoio da Prelazia e do Conselho Indigenista Missionário. No segundo dia da Assembleia, por pressão do Governo, através da polícia militar, juntamente com a FUNAI, a Assembleia foi dissolvida e os índios mandados embora por suas malocas. O presidente da Funai (órgão federal com a missão  de dar apoio aos índios) tentou tirar da Assembleia o Presidente do CIMI, dom Tomas Balduino. O bispo dom Aldo, anfitrião do encontro, disse que se tirassem seu convidado teriam que tira-lo também. Com isso, para evitar um atrito político com a Igreja, Dom Tomas ficou mas a Assembleia foi destituída.

Conforme o relato de pe Lirio Girardi, a tomada de consciência por parte dos índios para a necessidade de uma organização autêntica culminou com ato autoritário da FUNAI, na dissolução da Assembleia do Surumu. “Quando eles (índios) viram que a Funai usou de autoridade contra eles, para impedir que a igreja estivesse presente e que ao mesmo tempo, eles pudessem se reunir, eles pensaram, ah!...nós não podemos nos reunir aqui? Pois vamos nos reunir em nossas comunidades, em nossas regiões! Foi daí que começa a nascer a ideia da necessidade de se unir”. Tudo é providencial. Papa Francisco afirma: “Os males do nosso mundo- e os da Igreja- não deveriam servir como desculpa para reduzir a nossa entrega e o nosso ardor. Vejamo-los como desafios para crescer...A nossa fé é desafiada a entrever o vinho em que a agua pode ser transformada, e a descobrir o trigo que cresce no meio do joio” (E.G. 84).

Na Assembleia Diocesana de Pastoral em 1978, assembleia que contou com expressiva participação de lideranças indígenas, a prelazia de Roraima fez a opção preferencial pelos índios e escolheu a Pastoral Indigenista como prioridade. No ano seguinte, em 1979, ocorreu a divisão pastoral da Prelazia em Áreas, quando nasceu a Área norte ou Indígena, coordenada pelo sacerdote Luciano Stefanini, um dos precursores do trabalho feito pela Congregação dos Missionários da Consolata.

A prelazia desenvolveu sua opção , a partir da presença significativa de missionários nas malocas (presença essencialmente formadora e denunciadora), e no investimento de recursos econômicos que pudessem responder às necessidades concretas das comunidades, como o projeto das ferramentas, que visava proporcionar aos índios material necessário para aumentar as roças e cercá-las , e projeto do gado, que tinha a finalidade de recuperar a terra ocupada pelo gado do fazendeiro” (ibidem, Vasconcelos).

3. A perseguição (Igreja martirial)

Tem mais uma dimensão que caracteriza a Igreja de Roraima: a dimensão martirial . Recentemente, início de agosto, a Diocese teve que emitir uma nota de repúdio às ameaças sofridas por parte de agentes a serviço dos migrantes. E’ o risco da missão, quando tem como opção preferencial os pobres, sejam eles índios, campesinos ou migrantes. “Lembrai-vos a palavra que vos disse: o servo não é maior que o seu senhor. Se eles me perseguiram, também vos perseguirão” ( Jo.15,20).

Sabemos da hostilidade que encontra particularmente o pe Jesus, em Pacaraima, da parte dos próprios católicos, a motivo de sua opção pelos migrantes.

Gostaria fazer uma pequena memória das perseguições que a Igreja de Roraima vem sofrendo desde a chegada dos primeiros evangelizadores. Os próprios beneditinos foram perseguidos desde sua chegada em 1907. Me limito a uns fatos acontecidos  desde  minha chegada em Roraima (1997) até hoje.

São bem conhecidos os ataques contra o bispo dom Mongiano  e contra a Igreja de Roraima, nos anos ‘90. Houve  um Ato Público de solidariedade em 16 de abril de 1996, na praça do Centro Cívico, com a presença de dom Luciano Mendes de Almeida, presidente da CNBB, Dom Serafim Fernandes de Araújo, vice-presidente da CNBB, e outros 6 bispos, Superiores e Superioras de Congregações, representantes de setores da atividade pastoral da igreja, políticos, o clero, as religiosas da Diocese e leigos comprometidos na atividade evangelizadora. Sucessivamente ao Ato, Dom Mongiano escreveu uma Carta Pastoral, fundamentando o trabalho que a Igreja de Roraima vinha desenvolvendo, nos pronunciamentos de vários papas, como Paolo VI: “A evangelização não seria completa si ela não tomasse em consideração a interpelação reciproca que se fazem constantemente o Evangelho e a vida concreta, pessoal e social dos homens. E por isso a evangelização comporta uma mensagem explicita, adaptada às diversas situações (E.N.29). Comentando isto, dom Mongiano afirma, na sua Carta: “entre Evangelização  e promoção humana existem de fato laços profundos de ordem antropológica e de ordem da caridade”. E ainda à luz da encíclica de S. João Paulo II, Laborem Exercens”, afirma: “a Igreja não pode se desinteressar dos problemas que atingem o homem. Por isso afirmamos que o lugar do padre não é só a Igreja, mas em todo lugar onde o homem vive, no meio do povo, nas diferentes culturas, nas mais variadas situações históricas, na economia, na política, na educação. Não como economista e político, mas como quem ajuda a elevar e purificar a vida humana, baseado nos princípios e valores do evangelho de Jesus Cristo. Aí o padre é chamado a realizar a evangelização cooperando na transformação do homem, da sociedade, do meio onde ele vive e das condições de vida nas quais ele se encontra” (Carta Pastoral, Dom Mongiano, 17 de setembro de 1993).

Nas DGAE 2015-2019 há um forte apelo para que os cristãos leigos e leigas tenham compromisso político: “...a Igreja reconhece a importância da atuação no mundo da política e incentiva os leigos e leigas, especialmente os jovens, à participação ativa nos diversos setores voltados para a construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário. Daí a urgência na formação e apoio aos cristãos leigos e leigas para que atuem nos movimentos sociais, conselhos de politicas publicas, associações de moradores, sindicatos, partidos políticos e outras entidades, sempre iluminados pelo Ensino Social da Igreja. “Tão desacreditada em nossos dias, a política, no entanto, afirma Papa Francisco, é uma sublime vocação , é uma das formas mais preciosas da caridade, porque busca o bem comum” (E.G.n. 205).

Quero citar uns fatos acontecidos desde minha chegada em RR, em 1997, até hoje:

Em maio de 1999 a Comissão de Justiça e paz da Diocese de Roraima publica uma nota de indignação e repúdio à veiculação de reportagens caluniosas contra a irmã Augusta, acusada de incitação e manipulação  dos índios para que reajam de forma violenta contra os non índios.

Em 04 de março de 2000, as Servas do Espirito Santo (Sirley e Antonia) e indios, sofreram um atentado, na região do Amajarí. No dia 14 de março o vereador Titônio (PT) apresentou requerimento solicitando que a Cámara enviasse Moção de Apoio às duas irmãs missionárias que haviam sofrido a emboscada junto com nove indígenas. A moção tinha a finalidade de expressar solidariedade e ao mesmo tempo repudiar toda e qualquer forma de violência física ou psicológica da parte de quem quer que seja. Vereadores que votaram contra a violência: Titonio, Alfonso Rodrigues, Braz Benhck, Eugenia Glaucy. Porém, mesmo fazendo um discurso pela paz e contra a violência dez vereadores resolveram votar contra o requerimento. Vereadores que votaram favoráveis à violência física e psicológica: Ilka Malla, Jader Linhares, Jesus Laranjeira, lourdes Pinheiro, Natanael Nascimento, Ouoniel Ferreira, Otilia pinto, Parime Brasil, Teresa Cristina, Vantan Praxedes” (texto extraído de um  jornal local.)

Em 23 de março de 2000, dom Apparecido publica um texto “Não tenhas medo, pequeno rebanho” (Lc.12,32) onde entre outros afirma: “Entristecido com os últimos acontecimentos: a humilhação imposta a um grupo de índios, entre os quais 3 crianças e as duas irmãs missionarias; os ataques veementes contra a Diocese na Assembleia Legislativa, na Cámara de vereadores, nos jornais, Rádios e televisões locais; as placas (out doors) pichando a Igreja de terrorista e omissa no trabalho de evangelização, (uma manhã a cidade toda  tinha amanhecido com a surpresa de inúmeras faixas difamatórias contra a Diocese, de autoria da Associação dos arrozeiros, com a escrita: “A diocese deve evangelizar e não terrorizar”) pelos mesmos que agrediram os índios e as religiosas, convido a todos a uma seria reflexão sobre o que é evangelização”...e finalizava sua nota afirmando: “ Estou certo de que a Diocese de Roraima procura seguir a pratica de Jesus, não aceito as acusações feitas contra ela e repudio os ataques maldosos, interesseiros e constantes contra a Igreja Católica de Roraima, promovidos pelos que ditam a política local. Peço que vocês sejam fieis a Jesus Cristo e não se deixem enganar por falsas informações e ataques maldosos. Por último exorto-vos a assumirem as consequências de sua fidelidade a Jesus Cristo. “Não tenhais medo, pequenino rebanho” (Lc.12,32).

E as perseguições foram continuando:

Em 06 de abril de 2004 3 missionários da Consolata foram sequestrados a motivo do apoio da igreja às lutas pela demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol: o irmão João ( espanhol), pe Cesar (colombiano), pe ... (brasileiro).

Em 23 de novembro de 2004,  indígenas  tiveram suas malocas destruídas.

Em setembro de 2005 a missão de Surumu, foi incendiada por homens encapuçados. Fazia pouco mais de um mês que Dom Roque tinha assumido a Diocese de Roraima e diante do fato comentava: “senti na pele a perseguição e a difamação que muitos, antes de mim,tinham experimentado”.

Em 06 de maio de 2008  12 índios foram baleados a mando de Cesar Quartiero, na região Raposa Serra do Sol...

 “Bem aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vos por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vós” (Mt.5,11-12).

As perseguições são frutos de opções pastorais pelos pobres:

Em 1978, a Diocese de Roraima fez uma clara opção pelos indígenas, pois os povos indígenas eram os mais sofridos da população empobrecida. Em ....passou a fazer opção pelos colonos e com isso também foi perseguida (CPT), e hoje faz sua opção preferencial pelos migrantes  e por isso sofreu e sofre constantemente hostilidades.

4. Nova Saída missionaria e Sínodo Panamazônico:

Já no Plano Diocesano de 1997 se afirmava: “precisamos chegar aos mais afastados” (pag.8). Papa Francisco fala de uma igreja em saída que procura “estar sempre onde fazem mais falta a luz e a vida do Ressuscitado” (E.G.30).

O Plano Diocesano 2018-2021 foca a expressão “nova saída missionaria”. As 5 prioridades escolhidas visam a “nova saída missionaria”.

As 5 prioridades escolhidas no Plano de Evangelização 2018-2021: 1- Formação e incidência politica à luz da fé 2- Renovada ação pastoral junto aos povos indígenas, migrantes, e pequenos agricultores, ribeirinhos e mundo urbano; 3- Conversão ecológica, a caminho de uma ecologia integral; 4- Protagonismo dos leigos nas comunidades e na sociedade; 5- Projeto Diocesano de Iniciação  à vida crista.

A atenção aos “sinais dos tempos” já recomendada pelo Concilio Vaticano II, nos impulsiona  a buscar sempre  novos caminhos, à luz da história passada (historia magistra vitae) , dentro dos novos contextos sócio ambientais e com o olhar para o futuro, para o objetivo, o Reino. Por isso o nosso Plano Diocesano destaca a necessidade de uma “nova” saída missionaria; e o Sínodo para Amazônia incentiva a busca de novos caminhos para uma evangelização encarnada, com propostas ousadas e criativas, sem medo de errar ou de se sujar: “ prefiro uma igreja acidentada, ferida e enlameada, por ter saído pelas estradas, a uma igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (E.G.49).

Papa Francisco afirma ainda: “A pastoral em chave missionaria exige o abandono deste cómodo critério pastoral ”fez-se sempre assim”. Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas comunidades...Importante é não caminhar sozinhos, mas ter sempre em conta os irmãos e, de modo especial, a guia dos bispos, num discernimento pastoral sábio e realista” (E.G.33).

5. MIGRAÇÕES, o desafio atual mais urgente:

Na dimensão “serviço”, afirma-se, no Plano 1997, a necessidade de buscar  respostas ao grande desafio das migrações: “dar atenção à grande rotatividade de migrantes em busca de trabalho e de moradia e aos novos migrantes estrangeiros, sobretudo latino-americanos, sem documentação” (DGAE,202- Plano pag.5). E’ na atenção aos migrantes venezuelanos que permanece a opção preferencial pelos pobres. E’ a opção evangélica! A ação junto aos migrantes faz parte da 2° Prioridade do Plano Diocesano 2018-2021. Numa primeira fase a comunidade católica se mobilizou com campanhas de arrecadação de alimentos, em seguida começou a organizar-se com grupos de voluntários para o acolhimento e “o serviço das mesas” (At.6,2) mas logo percebeu-se a necessidade de criar estruturas adequadas mais adequadas para uma resposta mais global e evangelizadora ao desafio migração. Foi sob a pressão desta emergência que deslancharam dois serviços que, fazia um bom tempo, estavam em gestação: a Pastoral do Migrante e a Caritas Diocesana, cuja sede acabou de ser inaugurada sexta passada, dia 17 de agosto de 2018,  na casa episcopal ao lado da catedral.

A situação concreta também despertou solidariedade de outras entidades, congregações  e igrejas particulares. Aqui chegaram as Scalabrinianas, os jesuítas com o “Serviço ao Migrante”, os Orionitas, os padres da Consolata mesmo que por um tempo limitado, e outras irmãs. Também a Fraternitas internacional e outras entidades que vieram para se solidarizar e fazer conhecer a face real da situação. Entre outros, lembro a caravana de visitas aos abrigos, organizada em parceria com a Diocese, pelo CSP(Central Sindical Popular)- Conlutas que ajudar a dar mais um passo conseguindo organizar os migrantes venezuelanos numa Associação Nacional, ainda em fase de registro.

Diante da nova situação trazida pelos migrantes, também nossas comunidades com seus padres, despertaram mais para a missão e se organizaram oferecendo vários serviços: alimentação, abrigo, documentação, ensino da língua, integração no mercado do trabalho e nas próprias comunidades onde é oferecida também a missa em língua espanhola.

E’ claro que a missão traz riscos e perseguição também, como no caso concreto das ameaças de morte ao frei Pedro e ao advogado do serviço jesuíta aos migrantes, na função de esclarecer sobre os procedimentos da legislação brasileira com relação  aos  despejos.

Todo serviço ao pobre, traz como consequência a possibilidade da perseguição por parte dos inimigos dos pobres. Isto já faz parte da história da Igreja de Roraima.

Em contexto diferente, o assunto “migrantes”, já presente no Plano Diocesano de 1997, encontrou apoio num organismo de voluntariado italiano, MLAL (Movimento Leigos América Latina),para a criação de um Centro de Atendimento aos Indígenas e Migrantes da Capital, com a mediação da missionária leiga Danila Pancotti da Diocese de Piacenza (I). O Projeto, aprovado no Conselho Diocesano, passou a chamar-se  CAMIC (Centro Migrantes e Encontro de Culturas), dirigido especificamente aos índios da cidade e à população carente das periferias. Objetivos do Projeto: informação, formação e geração de renda. Responsáveis administrativos do Projeto, um casal italiano (Fabio e Cristina de 2004 a 2006 e Mara e Federico de 2007 a 2009) e responsáveis, quanto à organização, o seu José do CDH e Evilene Paixão. Foi por iniciativa do CAMIC que surgiu a ideia da comemoração do dia do Migrante, a partir de 2005, na Comunidade N.S. do Migrante e o Primeiro Seminário sobre Migrantes, acontecido em 15.06.2007 no SEST SENAT, com o objetivo de estimular o surgimento da Pastoral do Migrante. Em 2006, o CAMIC fundiu-se com o CDH e tornou-se CMDH (Centro Migrantes e Direitos Humanos).

A chegada de milhares de venezuelanos nestes anos de 2015 a 2018, tornou inadiável o serviço diocesano da Pastoral do Migrante como também o serviço da Caritas para melhor atender às necessidades dos irmãos migrantes. O CMDH foi o primeiro a assumir de cheio o serviço aos migrantes venezuelanos,  a sensibilizar as comunidades e a sociedade civil sobre a “emergência migrantes”,   aglutinar forças para o serviço aos migrantes e sobretudo tentar sensibilizar as Instituições  públicas tanto estaduais como municipais, para que cumprisse com suas obrigações, no respeito da lei federal e internacional sobre o migrante. Houve Seminários na UFRR e Audiências Publicas Tanto na Assembleia Legislativa como na Cámara Municipal. A intervenção da União que liberou tardiamente a quantia de 190 milhões para serem gerenciados pelo Exercito Brasileiro, atendeu em parte às necessidades: a maioria do dinheiro se perdendo na burocracia e com gastos do exército. O processo de interiorização está sendo lento demais, os milhares de venezuelanos em situação de rua são totalmente abandonados, os governos locais são totalmente omissos quanto à políticas de integração dos venezuelanos no mercado do trabalho, perdendo uma oportunidade de uma maior geração de renda para o próprio Estado. Louvável a iniciativa da Central Sindical Popular-Conlutas, de ajudar na criação de uma Associação nacional dos venezuelanos, para eles terem força em reivindicar seus direitos. “O migrante não é um perigo mas está em perigo”, afirma Papa Francisco e mais ainda é uma oportunidade. Infelizmente o descumprimento da lei do migrante por parte dos municípios, do Estado e da União, levou a uma situação tão grave de desconforto para a população roraimense, ao ponto de provocar manifestações de xenofobia e intolerância com relação aos venezuelanos. Manifestações violentas já aconteceram tanto em Mucajaí como em Boa Vista, mas particularmente lamentável é aquilo que nesta festa da Assunção de N. Senhora, está acontecendo em Pacaraima, onde os próprios civis brasileiros estão expulsando com violência os venezuelanos: irmãos expulsando irmãos”.

6. Formação do clero local indígena:

Um dos principais desafios da Diocese de Roraima, é o desafio vocacional: trabalhar para o despertar das vocações autóctonas. Como dar um rosto indígena à Igreja na Amazônia, sem ter padres indígenas?

Era preocupação de dom Aldo ter padres diocesanos. Para isso surgiu o Seminário menor a partir de 1982 sob a responsabilidade financeira das paroquias da cidade e tendo, como primeiro reitor o pe Luizinho Palumbo. Um jovem indígena, Alvino, se tornou padre em 30.12 1990. Mas deixou o ministério em junho de 1997.

Dom Mongiano queria padres diocesanos para formar padres diocesanos. Para isto pediu ajuda à Diocese de Piacenza que aqui me enviou somente em agosto de 1997, sucedendo ao pe Vitelio que estava voltando à sua Diocese de origem, S. Maria de Rio Grande do Sul. Vários seminaristas indígenas, passaram pelo Seminário menor e também chegaram a frequentar filosofia e teologia em Manaus: Paulo Virgilio, Percival Alexandre e Elias de etnia wapichana; Delcides, Eliosmar, Jefferson de etnia macuxi. Somente um jovem indígena, por parte de mãe,  Revislande Araujo, até o momento, se tornou padre, em dezembro de 1998.

Como formar padres indígenas, no respeito da cultura indígena, em nossos Seminários tradicionais? Logo no final do primeiro ano da minha chegada em Roraima, me procuraram o pe Jeorge Dal Bem  e o tuxaua Jacir da maloca de Maturuca, para conversar a respeito do jovem indígena Zenildo. Tinha terminado o ensino médio, mas não deveria ser enviado ao Seminario de Manaus, sem antes ter feito um longo estágio na própria comunidade, se aprimorando na língua materna, o macuxi, e se inteirando na problemática do seu povo. Numa reunião que tivemos na maloca indígena de Maturuca naquele ano, dizia o tuxaua Jacir: “Sonhamos bastante com outros jovens indígenas que estudaram para serem padres (Euclides, Alvino) e ficamo s decepcionados com a desistência deles. Não queremos repetir outras experiências negativas e estamos “pelegiando” para buscar uma preparação mais adequada...Não há um só caminho para ser padre...Se pode ser padre com carisma diferente da sociedade branca”: é o desafio sobre o qual nos convida a refletir hoje o Papa Francisco e o Sínodo para Amazônia. “Urge avaliar e repensar os ministérios que hoje são necessários  para responder aos objetivos de uma Igreja com rosto Amazônico  e uma Igreja com rosto indígena” (Fr.PM). “E’ necessário promover o clero indígena e os que nasceram no território, afirmando sua própria identidade cultural e seus valores. Finalmente é preciso repensar novos caminhos para que o povo de Deus tenha melhor e frequente acesso à Eucaristia, centro de vida cristã”( Doc. Prep. Para o Sínodo, p.44).

7. A organização dos leigos da Diocese de Roraima:

No próximo dia 01-02 de setembro, haverá um encontro de formação para os leigos, com  Assembleia eletiva da Coordenação do novo Conselho  do Laicato da Diocese de Roraima. Está ressurgindo, este Conselho, por solicitação da própria CNBB em âmbito nacional, mas sobretudo pela exigência dos cristãos leigos e leigas de assumirem seu protagonismo na Igreja e na Sociedade. E’ uma urgência diante da atual  conjuntura sócio  política, onde constata-se um retrocesso bem significativo em questão de direitos que já tinham sido conquistados com muitos anos de luta e o sangue de tantos mártires. “Cristaos leigos e leigas, na Igreja e na Sociedade, sal da terra e luz do mundo”

A Diocese de Roraima, já teve seu Conselho Diocesano de leigos e leigas, e bem atuante. O Correio Cristão, um antigo jornalzinho da Diocese de Roraima que foi sendo publicado até o final dos anos ’90, em maio de 1998, publicava um histórico da caminhada do CDL na Diocese de Roraima, com o titulo “O CDL vai se fortalecendo: 1995, 1° Encontro Diocesano com o tema: Identidade e missão do leigo; 1996, 2° Encontro Diocesano com o tema “Fé e Politica, Compromisso cristão”; 1997, 3° Encontro Diocesano com o tema: “O Protagonismo dos Leigos, à luz do Projeto Rumo ao Novo Milênio”. Neste encontro foram eleitos os articuladores das paróquias ou setores, trabalhando a organização da primeira Assembleia dos Leigos e Leigas de Roraima, acontecida entre 30 de abril e 3 de maio de 1998. O Estatuto do Conselho Diocesano  de Roraima traz a data de 02 de maio de 1998.

8. O compromisso Social das Pastorais

 Na XIV° Assembleia Diocesana (07.11.2000) avaliava-se como um dos pontos negativos, a dificuldade de articulação das Pastorais Sociais:” fazemos muitas coisas mas de modo desarticulado e desmembrado, até o ponto que não precisamos uns dos outros para realizar nosso trabalho. Esbarra aí a Pastoral de Conjunto...

 (Quanto ao histórico ver no arquivo de preparação da Assembleia de 2017)  

Em 13 de novembro de 2006, as Pastorais Sociais reunidas, escreveram uma carta ao Vigário Geral , se autoquestionando acerca da incidência  no conjunto da sociedade roraimense e dizendo a  necessidade de definir o posicionamento da Diocese, objetivos e metas da ação social. “Sentimos a falta de diretrizes claras de parte da Diocese com respeito às Pastorais Sociais...ou seja a necessidade de uma maior presença e envolvimento da cúpula da Diocese...Qual é o Plano de ação e a proposta que a Diocese tem hoje diante da realidade social, política e econômica de Roraima?”. 

Assinavam a carta: Paulo Daniel (Past. Indigenista); Ir. João Carlos (Mov. Nós Existimos); Ronildo (Past.Familiar); José Antonio (Camic); Gilmara (CDDH); Ivone (Conselho Municipal da Criança e Adolescente); Ir. Cecilia (Coordenadora Diocesana de Pastoral); Tarcisio (Espaço criativo); Ir. Antonia (Past. Da Saude); Valdir (Talher Fome Zero e Conselho Segurança Alimentar); Claudean (Serviço de Pastoral ao Migrante-SPM); Claudina (Past. Da Criança); Luis Ventura (Past. Fé e Politica).

Foi um momento crítico, das Pastorais sociais, que despertou para um avanço na caminhada,  criando-se o costume de elaborar analises de conjuntura, nos nossos CDE, que pudessem subsidiar a Diocese como um todo para um melhor posicionamento diante da sociedade. Foi a proposta elaborada pelas Pastorais Sociais para a retomada da caminhada.

A Coordenação das Pastorais Sociais, hoje consegue aglutinar várias forças, também não eclesiais, sobretudo em função de eventos pontuais: Grito dos Excluidos, CFs, Semanas Sociais, Defesa do Ambiente, Audiências públicas etc..Sobretudo tem um compromisso grande com a formação : Escola de fé e Política, CFs, Preparação do Sínodo para Amazônia...

Conclusão:

Si nós comparamos as preocupações e até as expressões verbais do Plano Diocesano de 1997 (ano da minha chegada aqui em Roraima) com as preocupações e expressões verbais do Plano Diocesano 2018,(que será o ano da  minha saída de Roraima), podemos perceber uma continuidade e uma novidade ao mesmo tempo, pois os desafios são praticamente os mesmos, mas com uma diferente intensidade, uma diferente compreensão de nossa parte, diferentes contextos, de forma que também as respostas e as estratégias  propostas, diferem de alguma forma.

Continuidade e novidade, fidelidade ao passado e abertura à novidade do momento, com o olhar para o futuro, em busca de uma ecologia integral, como nos exorta Papa Francisco. A história humana e a história da salvação, tem sua continuidade (não faz saltus), sempre com avanços e recuos (a história não é linear). Nos alegramos com os avanços e quando nos damos conta de algum recuo, isto não nos desanima mas nos motiva para  um novo despertar.

Importante lembrar que nunca se parte de estaca zero, mas  sempre “tijolo sobre tijolo, cresce a grande casa”. Todo tijolo mal colocado coloca em risco a construção toda. Daí a necessidade de conhecer o que já foi construído e de trabalhar em conjunto (pastoral de conjunto) em comunhão com o bispo. E’ claro: “que fadiga, que fadiga que se faz!”, mas é assim que cresce a grande casa, o reino do Senhor.

Fundamental é sempre zelar pela comunhão, evitando a fragmentação que contradiz à unicidade do Corpo de Cristo que somos nós, Igreja, e zelar pela missão, superando a tentação da acomodação.

 23 INMD 1 Roraima mappa

Dados históricos sobre a Diocese de Roraima:

1907, 15 de agosto: O Território Federal do Rio Banco foi desmembrado da Diocese do Amazonas e anexado à Abadia de N.S. do Monserrate , dos monjes beneditinos do Rio de Janeiro, com decreto Pontificio: E brasilianae Reipublicae diocesibus.

1909: os monjes chegam em Boa Vista e iniciam suas visitas aos indígenas. Por causa destas visitas, as relações com os fazendeiros se deterioraram, chegando mesmo à violência e à expulsão dos religiosos de Boa Vista. Os mesmos fundam uma missão no meio das três maiores tribos do alto rio Branco: Macuxi, Wapichana e Taurepang. A missão traz a tona a questão da terra e da mão de obra indígenas, que tem sido o grande desafio para a presença dos missionários até joje. Monges como dom Alcuino, d. Mauro e outros ousaram no resgate da memória cultural dos povos do rio branco, forjando um novo horizonte para a missão já naquela época.

1934, 28 de abril, o território Rio Branco foi separada da Abadia e constituído o Território Nullius com um Administrador Apostólico.

1944, 31 de agosto: Pio XI pela bula Ad maius animarum bonum elevava a missão do rio branco à Prelazia “Nullius”, aos cuidados dos benedetinos.

1948, a missão beneditina é entregue aos missionários da Consolata. E’ reiniciado o processo da presença missionaria junto aos povos indígenas, diferente dos benedetinos que haviam iniciado certo processo de resgate das culturas indígenas. O ideal agora vai de encontro à proposta colonizadora de integrar e civilizar os indígenas.

1963, 11 de outubro, foi elevada a grau de Prelazia de Roraima por decreto da Congregação Consistorial.

1979, 16 de outubro, pela bula “Cum Prelatura” do Papa Joao Paulo II, foi criada a Diocese de Roraima. Primeiro bispo Diocesana: Dom Aldo Mongiano.

Situação geográfica:

Superficie de 225,116 Km2

População atual 500.00 ab (+ ou -)

Limites: Venezuela, Guiana, Arquidiocese de Manaus, Diocese de S. Gabriel da Cachoeira (AM), Prelazia de Itacoatiara (AM), e Óbidos (PA).

* Pe. Giancarlo Dallospedale, Sacerdote Fidei Donum da Diocese de Piacenza - Bobbio (Italia)

Ultima modifica il Giovedì, 23 Agosto 2018 23:00

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