Moçambique - Informativo IMC nº 7/18

Pubblicato in I missionari dicono

FINGOÈ: Padre Romão Majone recebido na Paróquia de Nossa Senhora da Consolata

No dia 15 de Abril a comunidade cristã de Fingoè, reunida para a Missa dominical, acolheu num clima de festa e rezou pelo Padre Romão João Majone, que acaba de chegar para trabalhar nas missões confiadas aos Missionários da Consolata nos distritos da Marávia e no Zumbo.

Depois da celebração eucarística e do almoço, a comunidade cristã preparou uma festa de convívio durante o qual deu as boas vindas ao novo missionário. Na semana seguinte, durante 15 dias o P. Romão percorreu uma longa viagem, cerca de 700 km, juntamente com o pároco, Padre Carlo Biella, para encontros com os conselhos pastorais das três missões confiadas aos Missionários da Consolata: Fingoè, Unkanha e Miruru-Zumbo.

Para o Padre Romão, ordenado em Outubro de 2017, esta é a primeira missão onde exercitará o seu ministério sacerdotal e missionário. Um dos seus principais desafios será o estudo da língua local, o Chichewa, uma das línguas, além do Cisenga e Cinyungwè, faladas pela população da Marávia e do Zumbo.

A equipa missionária de Fingoè é formada por 4 missionários da Consolata, 1 seminarista diocesano, o Joel, que está a preparar-se para a ordenação sacerdotal e 4 Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição.

LAULANE: Reunião da Conferência Episcopal

O encontro da Conferência Episcopal de Moçambique realizou-se desta vez no Centro de Espiritualidade e Missão São Paulo de Laulane, no Maputo. Em primeiro lugar os bispos debruçaram-se sobre as três dimensões da evangelização: o Anúncio da Palavra, a Comunhão na fé e no amor celebrada nos sacramentos e o seu testemunho na vida. Constataram a urgência de priorizar o cultivo da espiritualidade, fomentar o zelo apostólico e o aprofundamento da Palavra de Deus no seio das comunidades cristãs. Sublinharam a necessidade de uma pastoral de conjunto mais efectiva. Para ajudar a alcançar este objectivo, os Bispos  viram a necessidade de começar a preparar uma Assembleia Nacional de Pastoral que dê linhas de orientação para uma renovada acção evangelizadora no contexto moçambicano actual.

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Os pastores olharam também para a situação sócio-politica e económica de Moçambique. Manifestam a preocupação da Igreja Católica com a falta de responsabilização dos autores das dívidas ocultas que estão a condicionar a vida económica do país, os raptos, a violência generalizada, a intolerância política, a degradação da qualidade de vida e o aumento do fosso entre os ricos e os empobrecidos. Segundo os bispos, estes problemas resultam em parte da degradação dos valores ético e sociais.

No final do encontro emitiram um comunicado no qual partilham com as comunidades cristãs os frutos destes dias de trabalho assim como as preocupações relativas à vida eclesial e social do momento presente. E terminam o comunicado com a seguinte exortação: "Aos homens e mulheres de boa vontade, apelamos que na sua vida e actuação na sociedade se orientem pelos valores da coerência, integridade, solidariedade, transparência, tolerância, respeito e busca do bem comum. Cristo Ressuscitado e vencedor da morte é o fundamento e autor da nossa esperança, na construção de um Moçambique sem ódio nem divisões, sem violência nem guerra, mas de perdão, reconciliação, amor e paz".

Entretanto, do dia 20 a 24 de Junho será celebrada na cidade de Chimoio, no centro do país, a primeira Jornada Nacional da Juventude  de modo a preparar o Sínodo dos Bispos sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional., que terá lugar em Roma, de 3 a 28 de Outubro.

TETE: Paróquia de São Paulo

Cheguei à cidade de Tete no dia 27 de Abril. Fui recebido com atenção pelo Padre Sandro Faedi, Administrador Apostólico de Tete. O objectivo principal da minha estadia em Tete era a de estudarmos juntos os limites da Paróquia de São Paulo de Tete que será entregue com grande probabilidade à cura pastoral dos Missionários da Consolata.

A Paróquia de São Paulo foi criada no dia 25 de Novembro de 1973 por provisão do Bispo de Tete, D. Augusto César Ferreira da Silva, para responder pastoralmente ao desenvolvimento da cidade de Tete e a sua crescente população. A zona geográfica compreendida entre o rio Zambeze e o Vale das Donas, já naquele tempo, encontrava-se repleta de casas e cheia de gente. A sede da nova paróquia passou a ser a capela militar de São Paulo situada junto ao quartel militar e que foi cedida, mediante um contracto, pelo Ordinário Militar. Em 1975, aquando das nacionalizações, a capela de São Paulo foi nacionalizada e a paróquia de São Paulo, sem ser extinta, foi incorporada na paróquia-catedral de São Tiago.

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Hoje, a Diocese de Tete, desejosa de acompanhar a evolução do meio urbano, adequando-lhe pastoralmente uma divisão paroquial conforme às necessidades, decidiu reactivar a Paróquia de São Paulo. Para isso, enveredou esforços junto do Governo para que fosse devolvida à diocese de Tete a igreja de São Paulo, facto que se concretizou recentemente. Está-se a trabalhar para a reabilitação da igreja que devido ao abandono a que foi votada nestes mais de 40 anos precisa de alguns melhoramentos.

Com a reabertura da Paróquia de São Paulo, a cidade de Tete, na sua zona central e urbana, fica pastoralmente dividida, como era antes da independência. em três paróquias: São Tiago, São Paulo e São José. Os limites da paróquia de São Paulo, situada na zona este da cidade de Tete (Bairro Francisco Manyanga Chingale) , ficam delineados: a norte, a Avenida Julius Nyerere (junto à entrada da ponte sobre o Zambeze), a oeste é limitada pela Avenida 25 de Junho, a este, pelo rio Zambeze e a sul, com o Bairro Canongola. A esta parcela urbana, situada no coração da cidade, o administrador apostólico quer agregar uma zona de periferia, situada no bairro Mpadue, situado na zona periférica de Tete, e uma zona rural de primeira evangelização, situada a 20 km da cidade, junto ao cruzamento para o Songo: Matambo, Wiriamu, Chawola e outras aldeias.

Visitei esta zona rural com o Padre Sandro Faedi. Depois de visitarmos o cruzamento de Matambo, onde se encontra subestação de Matambo, donde sai a linha de transporte de energia que de Cabora Bassa alimenta a zona norte de Moçambique, percorrermos 9 km numa picada que atravessa uma mata de espinhosas, no fim da qual aparece uma paisagem de casas de paredes de barro e telhados de colmo, por entre embondeiros e mato cerrado. Aqui vive, muito próximo da cidade de Tete, uma população pobre e esquecida, também do ponto de vista religioso. A quase permanente seca nesta região do vale do Zambeze, afeta a produção de mapira e milho, que cultivam para consumo próprio, e o pouco dinheiro que os habitantes desta zona desolada obtêm-se com a venda de carvão e dos cabritos na cidade.

A primeira pessoa que encontramos, chama-se Egídio. Diz que conhece a Igreja Católica que frequentou quando vivia em Chimoio, mas agora já não reza. À pergunta se havia algum católico na zona, nos indica Zeca Mixone, como um dos poucos cristãos daquelas bandas, que vive próximo do monumento em memória do massacre de Chawola. Apenas chegamos ao lugar, quase providencialmente, vem ao nosso encontro o próprio Zeca. Expressa-se num português desenvolto, aparenta ter 60 anos de idade. Foi um dos sobreviventes do massacre de Chawola perpetrado naquela aldeia por tropas portuguesas, juntamente com o massacre da aldeia próxima de Wiriyamu, no dia 16 de dezembro de 1972, que vitimou dezenas de pessoas e, segundo historiadores, mudou o rumo da guerra colonial. Os massacres de Chowola e de Wiriyamu foram denunciados então pelos missionários de Tete, que forneceram à imprensa internacional notícia dos factos. No início de 1973, a Cruz Vermelha visita o local, em Junho do mesmo ano, o escândalo chega à imprensa internacional através do “Times” de Londres, e Portugal, que, até aí, tinha negado os acontecimentos, acabará por admitir “excessos” das suas tropas. Dois anos depois, Moçambique torna-se independente.

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A condição de sobrevivente granjeou a Zeca fama, mas não mudou a sua situação sócio económica. Vive pobre, como sempre viveu a sua família. Faz-nos a narrativa, do massacre. “de surpresa, apareceram helicópteros que começaram a bombardear lá fora, e, então, aterraram na aldeia para os soldados saírem”. Era a denominada “Operação Marosca” efectuada pelo exército português que tivera como motivos próximos a morte, dois dias antes, de seis militares nas redondezas, e disparos, na zona, contra um avião civil, sinais de que os guerrilheiros da Frelimo actuavam nas proximidades de Tete, com o apoio da população. Conta: “cercaram a nossa aldeia, fecharam as saídas, começaram a interrogar e depois a matar”. Depois do massacre a tropa recolheu ao quartel de Tete, deixando um rasto de destruição, hoje evocada num monumento no lugar onde os cadáveres foram enterrados.

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Zeca Mixone escapou, correndo para o mato e evitando os tiros que disparavam contra ele, mas a sua família foi quase toda dizimada. Contínua fiel às suas origens. Acompanha-nos a visitar a sua casa. Diz que nunca abandonou a fé, apesar das peripécias da vida. Construiu uma minúscula capela de paus e palha junta da sua casa onde costuma rezar com a sua família. Entramos neste pequeno “santuário” familiar. Na parede de ramos secos está pendurado um crucifixo de madeira e no chão 3 batuques com os quais animam a liturgia.

É com Zeca e a sua família, neste lugar isolado e abandonado, apesar de estar tão próximo de Tete, uma cidade que cresce a olhos vistos, que os Missionários da Consolata são chamados a testemunhar a fé a ajudar a ser Igreja, seguindo as pegadas de São Paulo.

Ultima modifica il Lunedì, 07 Maggio 2018 17:13

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