No segundo dia da XI Conferência Regional (CR) do Instituto Missionário da Consolata (IMC) em Portugal, os oradores convidados José Tolentino Mendonça e António Marujo deixaram palavras de apreço pela vida consagrada, ao mesmo tempo que animaram os missionários a repensar os métodos de evangelização e missão, à luz da renovação posta em marcha pelo Papa Francisco.
A manhã desta terça-feira começou com a Eucaristia; seguiram-se as palavras de boas vindas por parte do padre Eugénio Butti, superior regional, que logo após passou a palavra aos superiores vindos das outras regiões IMC da Europa.
Explicada a metodologia, horários e programa desta Conferência Regional, boa parte da manhã foi dedicada à apresentação do relatório da Superior Regional, acabando por suscitar algumas observações por parte de alguns dos presentes. De tarde tiveram lugar as conferências dos oradores convidados.
![Foto: Ana Paula 25 INMD IMG 1999](https://www.consolata.org/new/images/stories/2018/04-aprile/25-INMD-IMG_1999.jpg)
António Marujo (ndr. quarto da esquerda), jornalista que se tem especializado na área da religião, trouxe à assembleia um olhar sobre a Igreja atual e dissertou sobre o papel da Vida Religiosa no panorama eclesial contemporâneo. Referiu algumas estatísticas que mostram a diminuição do número de católicos e o aumento dos evangélicos em Portugal, especialmente na região de Lisboa, mas abriu uma porta de esperança: «O catolicismo está em perda, mas ainda existe um grande campo para a ação evangelizadora».
Marujo, sustentou que a vida consagrada «tem sido e pode continuar a ser um sinal de contradição em relação ao uso do tempo, ao uso dos bens». Porém, adverte que esta não se deve acomodar. «Uma pastoral missionária exige o abandono do “sempre se fez assim”», disse, citando Francisco, na Evangelium Gaudium. «É preciso sermos criativos. É preciso estar permanentemente atento ao que se passa à nossa volta», desafiou. «O Papa quer que sejamos discípulos missionários; não quer que distingamos as duas palavras», acrescentou.
José Tolentino Mendonça (ndr. primeiro da esquerda), poeta, sacerdote e professor, fez uma leitura da Igreja contemporânea centrada na figura do Papa Francisco e o que ele significa para a Igreja e para o nosso tempo. O vice-reitor da Universidade Católica sublinhou «a paixão que ele tem pela evangelização». E explicou: «Desde o principio ele quis ser o mais evangélico possível, desde os sapatos que calçava, a ter trocado o Palácio Apostólico pela casa Santa Marta». Para o vice-reitor da Universidade Católica «todos os seus gestos e palavras tem tido um forte simbolismo».
«Um dos grandes méritos do Papa Francisco é obrigar-nos a pensar. Ele dá-nos a ousadia de dizer: durante séculos foi assim e agora temos que dar esta viragem evangélica. E nós conseguimos fazer isso se não estivermos presos ao poder.», desafiou. «Nós estamos a viver um cristianismo em recuo, de manutenção, que ousa pouco. E o mundo de hoje precisa de ser surpreendido. Os religiosos são a vanguarda profética, são destemidos, não têm nada a perder. O religioso inova. Hoje, o grande drama da Igreja é a sua autorreferencialidade. Por isso, a Igreja, hoje, tem que ser uma Igreja em saída. É preciso viver em saída. Temos que ser servidores da sua misericórdia. Testemunhar a companhia de Deus no meio das feridas. É suspender os nossos juízos críticos.», concluiu.
A XI Conferência Regional do IMC decorre em Montelo, Fátima, na Casa de Espiritualidade Francisco e Jacinta Marto, entre os dias 23 a 28 de abril, tem como tema “Discípulos missionários em saída, em Portugal” e conta com a presença de 43 missionários da Consolata.
![foto: Albino Brás 25 INMD 6be16782 f798 4ee9 8a2a b7d91d994bd7](https://www.consolata.org/new/images/stories/2018/04-aprile/25-INMD-6be16782-f798-4ee9-8a2a-b7d91d994bd7.jpg)