Caríssimos Diocesanos,
muito temos que agradecer olhando para o passado: Milhares de pessoas, Padres, Religiosas e Religiosos, Catequistas e demais leigos comprometidos com a causa do Evangelho deram o melhor de si, trabalhando, física e espiritualmente. Anunciaram o Evangelho com o testemunho da própria vida, com a transmissão da Palavra de Deus na catequese, com a celebração dos Sacramentos, a visita às famílias e, especialmente aos doentes, a educação das crianças e jovens, com as obras sociais e a agricultura nas aldeias onde habitava o povo.
Estudaram a línguas locais e traduziram a Bíblia, prepararam livros de catequese e de liturgia; e elaboraram subsídios para a formação dos agentes da Pastoral. Construíram igrejas, grandes complexos escolares e residências, hospitais e obras sociais. Ao mesmo tempo cuidaram pela pastoral vocacional com os frutos que hoje conhecemos de centenas de Padres, Religiosos e Religiosas originários destas terras que evangelizaram e leigos comprometidos na pastoral das comunidades. E abriram escolas de catequistas para a formação dos encarregados dos vários.
Este é o grande legado que recebemos dos nossos antepassados na evangelização das terras que hoje formam a nossa Igreja local, a Diocese de Gurúè. Toca a nós, ao olharmos para eles, inspirar-nos no seu testemunho, não para repetir o que eles fizeram, mas para continuar a obra iniciada, consolidá-la e torna-la viva e eficaz para os homens do nosso tempo.
Quatro Palavras com o seu conteúdo evangélico e humano nos devem acompanhar neste ano de 2018 como sinais característicos deste Jubileu Diocesano:
1º.- LOUVOR à Santíssima Trindade, pois é no Deus Pai, Filho e Espírito Santo que tem origem toda a obra da nossa salvação. Como os pastores que louvaram a Deus pelo que haviam visto (Lc 2,20); como o povo que louvava a Deus que viu o milagre do cego (Lc 18,43) e como a multidão dos discípulos que louvava a Deus por todos os milagres que viram os milagres que Jesus realizou (Lc 19,37), também nós neste ano jubilar louvamos a Deus porque vimos como foi anunciada a Boa Notícia de Jesus, também nos vimos tantas obras extraordinárias realizadas na nossa dioceses durante este últimos 25 anos; louvamos a Deus porque também nós vimos quantas cegos recuperaram a vista e caminharam com toda a claridade no meio de trevas do mundo. Uma nova luz apareceu na nossa vida. Deus iluminou a vida da nossa terra. Os anjos cataram os louvores de Deus (Lc 2,13).
A evangelização não é fruto de um projecto dos homens embora seja feita por homens. Ela tem origem em Deus e Ele é o seu protagonista. Os homens antes e gora hoje, somos apenas os enviados, isto é, seus colaboradores. Todos devemos louvar a Deus pelas maravilhas que Ele operou nestas terras da Zambézia (Ap 5,9).
A nossa atitude deve ser ao coxo de nascença que depois da cura anda louvando a Deus. Nós, as nossas comunidades, os fiéis e os catecúmenos da nossas Paróquias, somos o coxo que, curado, seguimos o caminho de Jesus louvando a Deus (Act 3,9) e nas nossas próprias línguas louvamos a grandeza de Deus (Act 10,46).
Louvamos a Deus porque por meio do Evangelho ele revelou também a nós, povo da Zambézia, os seus mistérios de salvação, fumos chamados a participar na mesma herança e a formar o mesmo corpo e a participar na mesma promessa (Ef 3,9) que prometeu nos tempos antigos (Ef 53, 5-6).
Ofereçamos, portanto, um sacrifício de louvor a Deus, o fruto dos nossos lábios (Hbr 13,15); e louvemo-Lo unidos a todos os fiéis e catecúmenos da Diocese, a todos os que o temem jovens e crianças, adultos e anciãos, e a todas pessoas de boa vontade (Ap 19,5).
2º AGRADECIMENTO a Deus e aos nossos antepassados na fé, homens e mulheres que formam “uma grande multidão de obreiros do Evangelho” por tudo o que eles fizeram apesar das limitações de toda espécie que encontraram e que eles próprios tiveram. Deus serviu-se deles tal como eles eram e sabiam fazer na construção desta grande obra da evangelização dos nossos Povos da Zambézia.
Agradecemos a Deus porque ouviu a voz do nosso povo aflito que aclamava por libertação, povo que na sua peregrinação encontrou força, perdoa e consolação, podo iluminado e perdoado pela luz e a misericórdia do Pai (Ex; Jo 11,41; Lc 15); Jo 11,41:”Pai, eu te dou graças porque me ouviste”. Demos todos graças a Deus e sintamo-nos animados na nossa fé (At 28,15).Demos graças a Deus nosso Pai bom e misericordioso porque na nossa terra foi anunciada a sua Palavra e muitos entre os seus filhos a acolheram e a puseram em prática. E não cessemos de dar graças a Deus por todos os nossos cristãos que com a sua vida souberam transmiti-la aos seus filhos e aos seus irmãos nas nossas comunidades. Demos graças, ao mesmo tempo, por todas as vezes que Deus nos deu a vitória sobre o mal (1 Cor 15,57).
3º CONVERSÃO dos que hoje recebemos tão precioso legado. Levamos em mãos frágeis um tesouro inestimável. Somos também nós, apóstolos deste tempo, homens e mulheres frágeis inclinados ao mal, necessitados constantemente da graça e da misericórdia de Deus para uma obra de tal envergadura.
Neste tempo de acção de graças devemos dar frutos de verdadeira penitência (Mt 3,8). Façamos, pois uma conversão realmente frutuosa e não comecemos a dizer que somos cristão e isto é suficiente! (Cf Lc 3,8). Convertamo-nos verdadeiramente ao Senhor (Act 11,21). Seguindo o exemplo dos primeiros cristãos também nós ao recebermos a fé dos nossos antepassados, convertamo-nos ao Senhor (Act 11,21).
4ºEVANGELIZAÇÃO renovada e actualizada para o tempo e para os homens de hoje. Não podemos repetir o que os outros fizeram. A Igreja hoje exige de nós uma NOVA EVANGELIZAÇÃO, no testemunho, na oração, no sacrifício, na dedicação, nos métodos, na linguagem, na inculturação da fé e na resposta aos desafios da hora presente. Com este objectivo, a nossa Diocese deve estar em “estado permanente de missão” e, como repete o Papa Francisco, uma “Igreja em saída”, isto é, não ficarmos encerrados e fechados nas questões da vida interna das nossas comunidades e saibamos sair ao encontro das pessoas, dos mais necessitados, dos marginalizados, dos que nunca ouviram a Boa Nova de Jesus.
O Evangelho deve ser anunciado ao pobres como acontecia nos tempos de Jesus nesta terra (Mt 11,5). E sobre tudo sermos fieis ao mandato de Jesus: Ide por tudo o mundo, ide e ensinai a todas as nações (Mt 28,19). E, pois, necessário que anunciemos o Evangelho às pessoas que ainda não ouviram a voz do Senhor, nas famílias, nas nossas aldeias, entre os nossos vizinhos e também entre os nossos parentes e familiares não baptizados ou não católicos ou entre aqueles que abandonaram as nossas comunidades. Esta é uma grande tarefa que exige muita dedicação e muita paciência. Temos que andar pelas nossas cidades e aldeias e anunciar a Boa Nova de Jesus (Lc 8,1).
FELIZ 2018, ANO JUBILAR DIOCESANO!
Vosso Bispo
+ Francisco
"Para consolar a todos los que lloran" Is 61,2.