CONSTRUÇÃO DO MODELO EDUCATIVO ALLAMANIANO

Pubblicato in Missione Oggi
MARCELO KROKOSCZ

Estudo sobre a dimensão eucarística como um dos princípios
norteadores do processo de formação educacional.

Licenciado em Filosofia (UNIFAI). Bacharel em Teologia (ASSUNÇÃO). Mestre em Educação (USP). Professor Assistente (Metodologia Científica). Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP). Av. Liberdade, 532 - Liberdade - CEP 01502-001 - São Paulo. Email: Questo indirizzo email è protetto dagli spambots. È necessario abilitare JavaScript per vederlo.


RESUMO
Com o intuito de se desenvolver uma identidade educacional dos colégios mantidos pelos Missionários e Missionárias da Consolata proveniente do seu carisma apostólico, neste estudo foi investigada a possibilidade da consideração da dimensão eucarística como um dos princípios do processo de formação educacional. Os objetivos foram (i) caracterizar a Eucaristia de acordo com a tradição histórica, a doutrina da Igreja e a espiritualidade do fundador dos institutos missionários, pe. José Allamano; (ii) descrever os aspectos que compõem o processo educativo para então (iii) averiguar a possibilidade de conceber as características eucarísticas como princípios educativos. As características encontradas em relação à Eucaristia foram: ação de graças, bênção, sacrifício/vítima, ceia/banquete/alimento, amigo, páscoa judaica/páscoa cristã. O processo educativo foi descrito na perspectiva do ensino, instrução e formação, constituído por conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Estes últimos são reconhecidos como aqueles conhecimentos que englobam os valores, atitudes e as normas. Em relação a eles, foram evocados das características da Eucaristia os seguintes valores: vida, fé, gratuidade, amor, solidariedade, amizade, esperança e confiança. A estes valores foram associadas às seguintes atitudes: doação, oração, gratidão, celebração, participação, consolação. Concluiu-se que o Modelo Educativo Allamaniano do ponto de vista da dimensão eucarística, deve ser fundamentado nestes conteúdos atitudinais. Considera-se ainda que tais conteúdos podem ser aplicados nos processos educativos no que diz respeito a formação humana e que embora sejam derivados da reflexão eucarística católica, enfatiza-se que são aspectos humanamente e universalmente desejáveis que independem de quaisquer diferenças religiosas, culturais ou sociais.

PALAVRAS-CHAVE
Modelo educativo allamaniano; eucaristia; educação atitudinal; valores.

RESUMEN
Con el objetivo de desarrollar una identidad de los colegios de la educación en manos de los Misioneros de la Consolata de su carisma apostólico, este estudio investigó la posibilidad de examen de la Eucaristía como uno de los principios del proceso educativo. Los objetivos fueron: (i) caracterizar la Eucaristía, según la tradición histórica, doctrina de la Iglesia y la espiritualidad del fundador de los misioneros Institutos, el Padre Allamano (ii) para describir los aspectos que conforman el proceso educativo y, a continuación (iii) investigar la posibilidad de diseñar las características de la Eucaristía como principios educativos. Las características que se encuentran en relación con la Eucaristía fueron: acción de gracias, bendición, el sacrificio o la víctima, la cena / baile y la alimentación, amigo, la Pascua / Semana Santa cristiana. El proceso educativo se ha descrito desde la perspectiva de la educación, instrucción y formación, consistente en contenidos conceptuales, procedimentales y actitudinales. Estos últimos son reconocidos como aquellas habilidades que abarca los valores, actitudes y normas. Para ellos, se mencionaron las características de la Eucaristía los siguientes valores: la vida, la fe, la gratitud, el amor, la solidaridad, la amistad, la esperanza y la confianza. A estas cifras se asociaron con las siguientes acciones: dar, la oración, la gratitud, la celebración, la participación, consuelo. Se concluyó que el modelo educativo Allamaniano desde la perspectiva de la dimensión de la Eucaristía, debe basarse en el contenido de estas actitudes. Además, se entiende que dicho contenido se puede aplicar en los procesos educativos en lo que respecta al desarrollo humano y que, aunque hayan sido obtenidos de la reflexión eucarística católica, se hace hincapié en aspectos que son universalmente deseables con humanidad y que son independientes de cualquier influencia religiosa, cultural o social.

PALABRAS CLAVE
Modelo de Educación allamaniana; Eucaristía, la educación de actitudes, valores.

ABSTRACT
With the goal of developing an identity of the colleges of education held by the Consolata Missionaries from its apostolic charism, this study investigated the possibility of consideration of the Eucharist as one of the principles of the educational process. The objectives were (i) characterize the Eucharist according to historical tradition, church doctrine and spirituality of the founder of the Institutes missionaries, Fr. Allamano (ii) to describe the aspects that make up the educational process and then (iii) investigate the possibility of designing the features of the Eucharist as educational principles. The features found in relation to the Eucharist were: thanksgiving, blessing, sacrifice / victim, dinner / banquet / food, friend, Passover / Easter Christian. The educational process has been described from the perspective of education, instruction and training, consisting of conceptual contents, procedures and attitudes. The latter are recognized as those skills that encompass the values, attitudes and norms. For them, were mentioned characteristics of the Eucharist the following values: life, faith, gratitude, love, solidarity, friendship, hope and confidence. To these figures were associated with the following actions: giving, prayer, gratitude, celebration, participation, consolation. It was concluded that the Model Educational Allamaniano from the viewpoint of the dimension of the Eucharist, must be founded on these attitudinal content. It is further understood that such content can be applied in educational processes with regard to human development and that although they are derived from the Catholic Eucharistic reflection, it emphasizes aspects that are universally desirable humanely and that are independent of any religious, cultural or social .

KEYWORDS
Educational model allamanian; Eucharist; attitudinal education; values.


1 INTRODUÇÃO

O mistério eucarístico ocupa lugar central na vivência da fé cristã, considerado por Tomás de Aquino o sacramento no qual reside todo o mistério da salvação (JOÃO PAULO II, 2003, n.61). O termo eucaristia traz da antiguidade a noção de ação de graças e bênção, aspectos estes vivenciados pela tradição judaica na celebração da libertação do Egito e passagem para a Terra Prometida. Entretanto, a Eucaristia foi ressignificada por Jesus na última ceia realizada com os discípulos, ocasião na qual ficou instituída como celebração de ação de graças e louvor pelo sacrifício na cruz, o que selou a definitiva e eterna aliança entre Deus e a humanidade. Por isto, a Eucaristia é o “coração e ápice da vida da Igreja (CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, p. 389), alimento da fé, comunhão dos fiéis e oportunidade de experiência divina cristã, da qual toda Igreja pode participar com o mesmo espírito de Maria, o primeiro “sacrário eucarístico”. (JOÃO PAULO II, 2003, n. 55).
Estas características eucarísticas foram vivenciadas pelo Pe. José Allamano (1851-1926), entendidas na perspectiva teológica e pastoral de Jesus como vítima, alimento e amigo. Allamano foi o fundador de duas famílias religiosas (os Missionários e as Missionárias da Consolata), institutos religiosos caracterizados primordialmente pelo anúncio da Boa Nova a todos os povos, tarefa realizada em lugares diferentes e de diversas maneiras, como por exemplo, por meio da educação, mas sempre com o mesmo propósito: a missão! (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984b, p. 195).
Neste sentido, com o intuito de se desenvolver uma identidade educacional dos colégios mantidos pelos missionários e missionárias da Consolata que fosse proveniente de seu carisma apostólico, foram estabelecidos pelos membros dos institutos alguns aspectos para o norteamento das reflexões com vistas a construção de um modelo educativo fundamentado nas seguintes características allamanianas: Eucaristia, Maria, Virtudes, Missão e Espírito de família.
Neste texto, é apresentada a reflexão sobre a Eucaristia com vistas ao modelo educativo allamaniano a partir da seguinte pergunta: é possível considerar a dimensão eucarística como um dos princípios do processo de formação educacional?
O principal objetivo neste estudo é caracterizar a Eucaristia de acordo com a tradição histórica, a doutrina da Igreja e a espiritualidade allamaniana. A partir disto, pretende-se descrever os aspectos que compõem o processo educativo para então averiguar se há a possibilidade de conceber as características eucarísticas como princípios educativos.
Este estudo justifica-se inicialmente pela necessidade da construção de um modelo educativo caracterizado pelos aspectos que identificam os missionários e as missionárias da Consolata, duas congregações religiosas cuja finalidade principal é o anúncio do evangelho.
Ainda que esta reflexão seja apresentada na perspectiva de um interesse institucional particular, por ser um esforço de adequação da reflexão teológica a tarefa educacional, pode representar um avanço na compreensão do papel da Igreja Católica em geral no campo da educação.
Apesar desta característica confessional e pastoral, acredita-se que a partir da Eucaristia podem ser evidenciados princípios educativos aceitáveis e compartilhados por todas as pessoas envolvidas no processo de formação das crianças e jovens, independente do credo religioso.
Talvez seja esta a contribuição mais importante deste estudo. A demonstração de que as melhores convicções emanadas da fé de algumas pessoas não são muito diferentes dos desejos e interesses mais profundos da humanidade em geral.
Para este estudo, foi adotado o método documental e bibliográfico, pois se trata de uma reflexão teórica fundamentada nos escritos da Igreja e do Pe. José Allamano. Em geral, constituem-se de fontes primárias, no que se refere aos documentos da Igreja e secundárias, os relatos das conferências proferidas por Allamano que foram redigidas pelos missionários e missionárias que conviveram com ele.
Revisando estas fontes, o estudo sobre a Eucaristia é apresentado nesta ordem: a concepção histórica (tradição), a doutrina da Igreja e por fim a espiritualidade eucarística allamaniana. Feito isto, segue uma contextualização histórica da região e da época vivida por Allamano, pois se considera que as convicções dele sobre a vivência da Eucaristia além da influência da tradição e da doutrina, também foram fruto do seu tempo e lugar.
Depois de caracterizar a Eucaristia, segue um esboço sobre o que se entende do processo educativo, para assim, encontrar a possibilidade de adequação das características eucarísticas às características educacionais, o que responde a pergunta deste estudo e indica novas tendências de reflexão.

2 A EUCARISTIA NA TRADIÇÃO
De acordo com o Vocabulário de Teologia Bíblica (1972), a palavra eucaristia está associada à ideia de ação de graças e bênção, correspondendo a origem etimológica da palavra grega εὐχαριστία (eucharístia), composta pelos termos eú (bom) e cháris (graça).
Na tradição hebraica há duas palavras que podem significar ação de graças. Todah, que na língua portuguesa tem o sentido de agradecer. Mas, no idioma original todah tem uma abrangência muito maior e mais forte, relacionada ao reconhecimento humano dos dons e maravilhas dadas por Deus. Trata-se de uma “[...] reação religiosa fundamental da criatura que num frêmito de alegria e de veneração, descobre algo de Deus, da sua grandeza e da sua glória” (LEON-DUFOUR, 1972, p.6).
Além do sentido de reconhecimento, a ação de graças na tradição hebraica também está relacionada ao termo barak, que corresponde à bênção, exprimindo a profunda relação entre o ser humano e Deus.
A bênção de Deus que dá à sua criatura a vida e a salvação (Dt. 30,19; Sl 28,9), responde a bênção pela qual o homem, soerguido por esse poder e essa generosidade, rende graças ao Criador (Dt 3,90; cf.Sl 68,20.27; Ne 9,5...; 1Cro 29,10...). (LEON-DUFOUR, 1972, p.7).
Estas dimensões da eucaristia como ação de graças e bênção são encontradas na tradição bíblica desde o Antigo Testamento, particularmente relacionadas aos alimentos, devido ao seu valor sagrado e condição de manutenção do dom Divino da vida. O êxodo dos hebreus é caracterizado intensamente por esta relação entre os humanos, os alimentos e o transcendente, o que estabelece o sentido da páscoa judaica selando a aliança, conforme asseveram as escrituras (Ex. 13, 3-10) e o evangelista recorda: “Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes a comer o pão do céu.” (Jo. 6,49).

3 ASPECTOS DOUTRINAIS DA EUCARISTIA PARA OS CATÓLICOS
A partir da figura de Jesus a comemoração (ação de comer) da páscoa judaica, além de simbolizar a passagem da opressão do povo hebreu para a libertação possibilitada por Deus, assume uma nova característica, constituindo-se em ato perenemente memorável. O banquete da páscoa realizado por Cristo estabelece uma nova e definitiva aliança, atestada pela comunhão com os convivas do seu corpo e do seu sangue que seria oferecido sacrificialmente.
Deste ponto de vista, a dimensão convival é, sem a menor dúvida, o aspecto mais determinante do memorial eucarístico; expressa o efeito primordial e mais fundamental da ação salvífica divina, que é a convocação em Cristo dos homens novos para a única grande família, de que Deus é pai e em que Cristo é o primogênito de muitos irmãos. (FIORES; GOFFI, 1993, p.361).
Portanto, cabe destacar do banquete eucarístico além de sua dimensão de integração comunitária, o fato de instituir a gratuidade do “dar para ser” e apresentar-se como condição para a plena justiça entre as pessoas, isto é, a constituição da vida em comunidade. (FIORES; GOFFI, 1993, p.362).
Em síntese, portanto, a Eucaristia cristã é a memória da páscoa ressignificada por Cristo a partir de sua vida, morte e ressurreição, na qual todas as pessoas fazem parte como membros de um mesmo corpo (1Cor. 10,17), mas que devido à especificidade da consagração e transubstanciação do pão, só participa plenamente quem consome (comunga) este pão de vida eterna.
É a participação na missa, o instrumento mais eficaz que o cristão dispõe para criar comunhão. “Precisamente através da participação eucarística, o dia do Senhor torna-se também o dia da Igreja, a qual poderá assim desempenhar de modo eficaz a sua missão de sacramento de unidade” (JOÃO PAULO II, 2001, p. 291-292 apud JOÃO PAULO II, 2003, n. 41).
Mas João Paulo II também destacou do “tesouro inestimável” que é a Eucaristia, a importância “não só da sua celebração, mas também o permanecer diante dela fora da missa [...]. Uma comunidade cristã que queira contemplar melhor o rosto de Cristo [...] não pode deixar de desenvolver também este aspecto do culto eucarístico.” (JOÃO PAULO II, 2003, n. 25).
Em suma, depreende-se da doutrina católica sobre a Eucaristia características que aliam a relação entre os humanos, a necessidade do alimento e a adoração ao transcendente. Aspectos estes presentes na concepção eucarística da antiguidade, mas que a partir dos ensinamentos de Cristo, foram institucionalizados como celebração do sacrifício, banquete dos cristãos e adoração ao Santíssimo Sacramento, o que faz da Eucaristia o centro da vida eclesial cristã.
a Eucaristia é o coração e o ápice da vida da Igreja, pois nela Cristo associa sua Igreja e todos os seus membros a seu sacrifício de louvor e de ação de graças oferecido uma vez por todas na cruz a seu Pai; por seu sacrifício ele derrama as graças da salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja. (CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, p. 389)
Cabe destacar a ênfase do papa João Paulo II na dimensão eucarística de “pão vivo” do qual a Igreja se nutre e vive, “dom por excelência”, “o que de mais precioso pode ter a Igreja no seu caminho ao longo da história” pois conforme atesta o Concílio Vaticano II  “nenhuma comunidade cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu centro na celebração eucarística.” (JOÃO PAULO II, 2003, n. 33).


A participação dos fiéis na ceia eucarística é a garantia maior da imortalidade suscitada pela ressurreição, ao mesmo tempo em que estimula o compromisso com a vida presente “para a edificação de um mundo à medida do homem e plenamente conforme ao desígnio de Deus” (JOÃO PAULO II, 2003, n. 20).
É neste mundo que tem de brilhar a esperança cristã! Foi também para isto que o Senhor quis ficar conosco na Eucaristia, inserindo nesta sua presença sacrificial e comensal a promessa duma humanidade renovada pelo seu amor.” (JOÃO PAULO II, 2003, n. 20).
Nesta perspectiva eclesiológica, a eucaristia também exprime relevada importância para a conservação e promoção “tanto da comunhão com a Trindade divina como a comunhão entre os fiéis [... não sendo] sem razão que o termo comunhão se tornou um dos nomes específicos deste sacramento excelso.” (JOÃO PAULO II, 2003, n. 34).

4 O MODELO EUCARÍSTICO MARIANO
Esta íntima relação que se estabelece entre Cristo, a Eucaristia e a assembleia dos fiéis (ecclesia) é coroada por João Paulo II com uma referência muito oportuna a Maria, Mãe da Igreja. O pontífice considera Maria o primeiro sacrário eucarístico da história, pois foi ainda no ventre dela que o Filho de Deus foi adorado pela primeira vez quando da visita a Isabel. (JOÃO PAULO II, 2003, n. 55).
Se Igreja e Eucaristia são um binômio indivisível, o mesmo é preciso afirma do binômio Maria e Eucaristia. [...] Na Eucaristia, a Igreja une-se plenamente a Cristo e ao seu Sacrifício, com o mesmo espírito de Maria. Tal verdade pode-se aprofundar relendo o Magnificat em perspectiva eucarística. De fato, como o cântico de Maria, também a Eucaristia é primariamente louvor e ação de graças. Quando exclama: “A minha alma glorifica ao Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador”, Maria traz no seu ventre Jesus. Louva o Pai “por” Jesus, mas louva-O também “em” Jesus e “com” Jesus. É nisto precisamente que consiste a verdadeira “atitude eucarística”. (JOÃO PAULO II, 2003, n. 57-58).
Observando as atitudes e a vida de Maria verifica-se que esta identidade eucarística conserva-se durante toda a vida dela conforme atestam suas convicções e atitudes. O modo materno de contemplação do Menino Jesus prefigurou a adoração eucarística no ostensório;  ela vivenciou o sacrifício eucarístico desde as palavras proferidas por Simeão na apresentação de Jesus no Templo, passou pelo drama da condenação e crucificação e suportou  com os sentimentos de mãe a dor do luto do sepultamento; mas também, reviveu com os apóstolos a experiência da nova páscoa, na qual o pão e o vinho consagrados transfiguraram-se no corpo e sangue do mesmo Cristo permitindo reviver a intimidade da concepção. (JOÃO PAULO II, 2003, n. 56).
A partir destes pressupostos de compreensão da Eucaristia na perspectiva da história da fé e da vida e doutrina da Igreja, passa-se agora ao reconhecimento da devoção eucarística como um dos princípios fundamentais na vivência da fé, identificada na história de vida de José Allamano.

5 A ORIGEM DA DEVOÇÃO EUCARÍSTICA DE JOSÉ ALLAMANO
José Allamano (1851-1926) nasceu em Castelnuovo, município da província de Asti, situada na região do Piemonte (Noroeste da Itália), distante cerca de 50 quilômetros de Turim, a capital piemontesa.



Esta pequena comunidade foi berço de importantes santos da Igreja como Domingos Sávio (1842-1857), Dom Bosco (1815-1888) e José Cafasso (1811-1860), tio de José Allamano. Além destes personagens já conhecidos, a literatura sobre a vida espiritual no Piemonte chegou a estimar em cincoenta e quatro o número de pessoas canonizadas ou em processo de canonização naquela época (VALENTINI, 1966, p. 297-373 apud BONA, 1982, p. 8-9).
O menino Allamano ficou órfão paterno aos três anos, foi aluno de Dom Bosco no oratório salesiano de Valdoco dos 11 aos 15 anos, mas decidiu entrar no Seminário Diocesano de Turim, respondendo ao chamado sacerdotal, para o qual foi ordenado aos 22 anos. Imediatamente, foi designado por Dom Lourenço Gastaldi para trabalhar na formação do clero, função que exerceu durante sete anos.
Como educador de candidatos ao sacerdócio, distinguiu-se pela firmeza nos princípios e a suavidade em exigir sua atuação. No desempenho dessa tarefa foram-lhe unanimamente reconhecidas ótimas qualidades, que o tornaram um verdadeiro “mestre na formação do clero”. (PAVESE, MANTINEO, 2008, p.12).
A partir de 1880, com apenas 29 anos de idade, José Allamano assumiu a reitoria do santuário da Consolata em Turim, tarefa a qual se dedicará até o final da sua vida, aos 75 anos. Com a ajuda do padre Tiago Camisassa, ambos transformaram o santuário em “um centro de espiritualidade mariana e de renovação cristã para a cidade e a região” (PAVESE, MANTINEO, 2008, p.14).
Centro de espiritualidade porque Turim já era reconhecida desde o século XVI pela sua intensidade devocional a três aspectos distintos da fé, todos eles envolvidos por uma atmosfera milagrosa: a veneração de Nossa Senhora invocada sob o título da Consolata, a devoção ao Santo Sudário e a adoração à Eucaristia. A devoção a Nossa Senhora Consolata, por exemplo, vinha desde o Século V, quando um quadro da Virgem Maria trazido da palestina por Santo Euzébio, teria sido dado a São Máximo, bispo de Turim, que o expôs à devoção dos turinenses na Igreja de Santo André. Esta imagem foi perdida com a guerra civil do século XI que reduziu a escombros o local da devoção dos fiéis. Cem anos depois, um cego vindo da França, contou ter recebido uma visão da Virgem Maria que dissera haver um quadro de Nossa Senhora sob as ruínas de uma antiga igreja em Turim, a qual ele deveria visitar para recuperar a visão. Com o apoio das autoridades religiosas e dos turinenses o local indicado foi escavado, a pintura reencontrada e o cego curado, reacendendo a devoção mariana na cidade que se conserva até hoje no Santuário da Consolata, o mesmo que teve como reitor, durante 46 anos, o padre José Allamano. (MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA, 2008).
Renovação porque naquela época a instituição eclesial e a religiosidade do povo enfrentava instabilidades. Por um lado, na Europa em geral, devido à “afirmação da cultura iluminista” que vinha se espraiando desde a Revolução Francesa. Por outro lado, na própria Itália, país no qual a Igreja chegou a perder o privilégio de ser a religião oficial romana durante o processo de unificação dos diferentes estados da península italiana, o que viria a constituir o Estado da Itália.
Com a unificação nacional, as leis adversas foram intensificadas. Outras leis sobre as congregações religiosas levaram à supressão de mais de duas mil comunidades religiosas e 134 congregações; o patrimônio eclesiástico praticamente desapareceu por completo; foram abolidas as faculdades teológicas nas universidades estatais e o ensinamento religioso nas escolas do Segundo Grau. O anticlericalismo levou à prisão os sacerdotes que se manifestaram contra a autoridade e à expulsão de bispos resistentes das suas respectivas dioceses. Este fato, somado à recusa do reconhecimento jurídico, por parte do governo, à maior parte dos prelados apresentados por Roma, fez com que, em 1864, 108 das 225 sedes episcopais estivessem vacantes. (BALSAN, 2001, p. 50).
Nesta mesma época, o clero italiano enfrentava também problemas internos, como a  diminuição do número de vocações. Stella (1970) apud Balsan (2001, p. 57), observa que em 1879, “havia um sacerdote para cada 314 habitantes”, sendo que no século anterior, “havia em média um sacerdote para cada 60 habitantes”. Somado a isto, a formação os sacerdotes da época era caracterizada pela baixa formação intelectual e desprovida de senso crítico. “Segundo Stella [1970], o clero piemontês do século XIX caracterizava-se por seu zelo e realizações pastorais. No entanto, por causa de sua limitada formação intelectual e escasso conhecimento da realidade social, era incapaz de fazer uma análise global da sociedade.” (BALSAN, 2001, p.59).
Até este período, Turim era uma pequena cidade no centro da região do Piemonte, caracterizada eminentemente pela agricultura. Entretanto, devido ao processo de revolução industrial, a cidade de Turim tornou-se um pólo de urbanização e no período de cem anos (1821-1921) teve sua população aumentada de 89.194 habitantes para mais de meio milhão. (BALSAN, 2001, p.53). Esta explosão demográfica teve significativos impactos sobre as pessoas e a sociedade, produzindo novos problemas como o desemprego e influenciando na mudança de valores como a diminuição da religiosidade. 
Não obstante iniciativas eclesiais de contestação social e compromisso com a transformação do processo de descristianização, com um corpo clerical majoritariamente pastoral e despolitizado atuando em um ambiente em processo de secularização a espiritualidade piemontês foi modelada pelo zelo apostólico da Igreja que buscava “o regresso aos bons costumes” enfatizando a importância da celebração da missa, da devoção mariana, a administração dos sacramentos, da catequese, da adoração eucarística e da caridade manifestada da criação de obras sociais. (BALSAN, 2001, p.55-59).
Faz sentido compreender a animação da espiritualidade do povo feita pelo clero com vistas nestes aspectos, pois a religiosidade dos piemonteses, como já acenado, era historicamente marcada e estava envolvida numa aura miraculosa. Além da devoção mariana que havia em torno do quadro da Consolata encontrado nas ruínas de uma antiga igrejinha medieval, em Turim cultivava-se uma intensa adoração eucarística.
Popularmente, ainda é conhecido e narrado pelo povo piemontês o fato acontecido numa igreja dos frades Franciscanos Capuchinhos, no qual a mão de um soldado francês foi queimada por um fogo quando ele tentava roubar a âmbola com a Eucaristia dentro. Além disso, a tradição eucarística dos turinenses ampara-se em outro fato, que contribuiu para que Turim fosse considerada, desde 1453, a cidade do Santíssimo Sacramento.
Alguns ladrões haviam roubado numa igreja do Delfinado (França) e levaram consigo também o ostensório com a hóstia consagrada. De todos os objetos roubados fizeram um embrulho, o colocaram no lombo de uma mula e desceram à Itália, em Turim. Chegando perto da igreja do Espírito Santo, a mula caiu; não conseguiram fazer com que se movesse, nem mesmo à força de palavras e de pancadas. Entrementes o embrulho se desamarrou; a santa hóstia com o ostensório ergueu-se para o alto e lá ficou, brilhando como o sol. A cidade em peso acorreu ao local, com o bispo à frente. Todos rezavam. O ostensório desceu, mas a hóstia não. Bispo e fiéis continuaram a rezar. O bispo tomou o cálice (que ainda hoje é usado na quinta-feira santa) e, pondo-se de joelhos, pedia a Nosso Senhor que descesse. Desceu, de fato, e foi levado à Catedral. (SALES, 1982, p.500).
Para a compreensão da importância da Eucaristia para José Allamano é preciso reconhecer toda esta atmosfera histórica que permite compreender de forma mais abrangente a convicção que ele tinha de que a religiosidade deveria girar em torno destes mistérios de fé e amor, o que permite, por exemplo, compreender de forma contextualizada, a recomendação especial que fazia aos missionários e missionárias das congregações religiosas fundadas por ele, para que todos fossem sacramentinos. (SALES, 1982, p. 502).



7 A CONCEPÇÃO EUCARÍSTICA DE JOSÉ ALLAMANO E A DOUTRINA DA IGREJA
Acredita-se que a compreensão do modo como José Allamano vivenciou e testemunhou a Eucaristia como um princípio fundamental da vivência da fé é fruto do seu tempo e das experiências de vida que ele acumulou, pois afinal, cada pessoa é o resultado das inclinações /escolhas pessoais, das relações que estabelece com os outros e das interações feitas no contexto no qual vive. O fato de José Allamano ter nascido em uma época e vivido em um lugar caracterizado pela prática da fé (seja pelo testemunho dos santos originados em Castelnuovo, seja pelo zelo apostólico vivido em Turim, onde passou a morar desde os 15 anos), são fatores que precisam ser considerados como tendo exercido influência determinante na formação religiosa e na concepção eucarística allamaniana.
Foi apresentado neste texto que Turim era uma cidade em expansão demográfica, cuja população além das carências sociais (desemprego, fome, violência...), passava por um processo de descristianização devido ao movimento de unificação nacional italiano que incidiu na diminuição da religiosidade local. Supõe-se pelo exposto até aqui, que o enfrentamento desta situação foi feita por ações pastorais que privilegiavam o zelo apostólico, tais como o fomento a devoções tradicionais da comunidade como a relicária (Sudário), a mariana (Consolata) e a eucarística (Corpus Domini).  Era o que estava provavelmente, mais ao alcance do clero local, comprometido com a vivência sacramental da fé.
Balsan (2001, p.66) observa que “segundo Stella [1995], a devoção eucarística, no século XIX, expressa-se principalmente de três maneiras: bênção eucarística, visita ao Santíssimo Sacramento e comunhão eucarística freqüente”. Considerando este contexto, Pavese e Mantineo (2008, p. 201) ressaltam que a concepção eucarística de Allamano estava circunscrita a esta realidade, “enriquecida de uma carga afetiva” “centralizada na ‘presença real’ de Jesus” no pão consagrado.
De acordo com Sales (1982, p.501), na concepção de Allamano, a Eucaristia era um mistério de fé e de amor onipresente, para cujo encontro bastava “apenas ir à capela, pensar no sacrário...”
Desta forma podemos dizer que sua presença sacramental na Igreja é mais preciosa para nós do que sua presença corporal e sensível tem sido para os judeus. Podemos afirmar que não há diferença substancial entre nós e os bem-aventurados, porquanto temos Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento tal qual está no céu. Por isso, nós também somos felizes como eles! (SALES, 1982, p. 501).
  Este tom pré-conciliar sobre o encontro com o Cristo eucarístico que prescinde da comunhão, é perfeitamente compreensível do ponto de vista histórico, seja pelo contexto que Allamano vivia, seja pelo fato de que a renovação doutrinal e litúrgica da Igreja ainda não tinha sido realizada. Não obstante, é possível reconhecer no pensamento de José Allamano uma percepção de vanguarda, quando enfatiza que Jesus está presente na Eucaristia como vítima, alimento e amigo. (SALES, 1982; PAVESE E MANTINEO, 2008).
Referindo-se a Eucaristia como vítima, Allamano interpela sobre a participação e alegria da celebração da missa, entendida como memória do corpo e sangue de Cristo. Para Allamano, “celebra-se a Eucaristia para render a Deus a honra que lhe é devida; para pedir perdão das ofensas que lhe fizemos; para agradecer-lhe por todos os benefícios que dele recebemos; para obter as graças de que necessitamos.” (PAVESE E MANTINEO, 2008, p. 202). Mas, desde então, Allamano já tinha clara a posição enfatizada pelo Concílio de Trento, de que a principal finalidade da presença de Cristo na Eucaristia era tornar-se alimento da alma, cujos efeitos são o sustento, crescimento e deleite espiritual (SALES, 1982, p.502). E em Jesus eucarístico presente no sacrário, Allamano enxergava um amigo sempre disposto ao acolhimento em qualquer horário. Por isto recomenda “[...] visitas espontâneas ao Santíssimo Sacramento, ainda que sejam breves, permanecendo diante do sacrário com fé e amor, considerando-nos felizardos por poder partilhar de tão íntima familiaridade.” (SALES, 1982, p.502). Em suas conferências, Allamano exortava as missionárias: “Compreendei bem, minhas queridas filhas, este mistério de amor de Jesus por vocês! Como amigo, acompanhar-vos- á com afeto, aliás com um desejo vivo cada vez que podeis vir visitá-lo...” (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984a, p.13, tradução nossa).
Muito antes do Concílio Vaticano II que reconheceu a centralidade da Eucaristia na vida da Igreja, Allamano insistia na devoção eucarística dos seus missionários e missionárias, considerando-a o centro de gravidade na vivência da fé, “a devoção entre as devoções”. Exortava seus missionários e missionárias a serem “sacramentinos”, recomendando o desejo permanente “de estar com o Santíssimo Sacramento por amor, gratidão e também pelo próprio interesse”, pois a Eucaristia é a  fonte de todas as graças necessárias à vivência da fé. (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984a, p.20, tradução nossa).
Sede, portanto, grandes devotos de Jesus Sacramentado; se houver isto, não faltará nada. Senti-lo-eis nas missões... Não, não temais! Nunca sereis demasiadamente devotos do Santíssimo Sacramento. A Eucaristia! Quero que esta seja a devoção do Instituto. Deve sê-lo de todos, tanto dos simples fiéis como dos sacerdotes; porém, eu quero que seja nossa de maneira especial. Quero que todos sejais sacramentinos! (SALES, 1982, p.502).
Além da centralidade gravitacional da Eucaristia, para Allamano a vida cotidiana estava circunscrita pelo compasso eucarístico. É o que pode ser verificado por meio dos primeiros registros das conferências proferidas por ele às Irmãs Missionárias da Consolata (04 de fevereiro de 1912), cujo tema fora “Jornada Eucarística”:
Preparação: Atos de fé, desde a última visita noturna ao Santíssimo Sacramento até  a oração da noite; atos de arrependimento e   humildade, desde a oração da noite até  a chamada do despertador; atos de desejo,desde o acordar até a hora da Comunhão.
Agradecimento: das 8:00 às 10:00, agradecer com todos os Anjos e Santos: das 10:00 às 12:00, agradecer em companhia dos justos da terra: das 12:00 às 14:00, agradecer a Jesus com todos os animais; das 14:00 às 16:00, pedir tudo o que precisamos em companhia dos vegetais; das 16:00 até a hora da visita a Jesus Sacramentado, consolar Jesus na companhia dos minerais. (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984a, p.12, tradução nossa).
Além da forte dimensão eucarística na vivência da fé, Allamano enfatizava que a direção do Instituto e das obras missionárias era feita do sacrário, que é de onde Jesus concede todas as graças: a graça do estudo, da correspondência à vocação...
Eu sou feliz porque o meu quarto esteja voltado para o Santíssimo. Tenho uma boa visão dEle..., assim também do leito, dá-me prazer, puxo um fio, não apenas elétrico, mas até telefônico e... Isto ajuda quando temos sofrimentos... Dizia Santo Alfonso: “Se tiverdes algo, ide lá (Santíssimo Sacramento) e pegai o vosso remédio, pegai o que necessitardes”. Quem ama o Senhor não conhece o que é o tédio, a solidão. (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984b, p.577, tradução nossa).
Allamano considerava um erro dos tempos modernos a exigência de obras mais do que de oração. “Não basta trabalhar, é preciso orar, como Moisés na montanha.” (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984a, p.137; 382, tradução nossa). “Quanto mais deveis trabalhar, mais ainda deveis rezar para serdes instrumentos dóceis nas mãos de Deus. Sede Sacramentinas; ide com boa vontade à  igreja e se não poderdes, ide com o coração.” (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984a, p. 384, tradução nossa).
Nota-se, portanto, que José Allamano fez da Eucaristia um estilo de vida, o qual certamente resultou do ambiente de zelo apostólico típico da sua época, mas também, foi fruto de uma maneira muito pessoal de compreender e sentir a presença de Jesus manifestado no que ele chamava de três grandes amores: a santa missa, na qual Jesus se oferece como vítima pela remissão do pecado do mundo, a comunhão, no qual Jesus se oferece como alimento que sustenta a vida na fé e a adoração diante do sacrário, no qual Jesus mantém-se permanentemente à disposição como amigo.
Esta percepção eucarística allamaniana é perfeitamente adequada à doutrina da Igreja afirmada nos documentos apostólicos posteriores à época na qual ele viveu, o que pode ser conferido nos documentos conciliares do Compêndio Vaticano II, no Catecismo da Igreja Católica e nas Cartas Encíclicas, particularmente na Ecclesia de Eucharistia, publicada pelo papa João Paulo II em 2003.
Em todos estes documentos a Eucaristia é destacada como o centro gravitacional da vida cristã, em torno da qual a comunidade reúne-se frequentemente para celebrar a missa,  memória e presença real de Cristo, alimento da fé alcançado no compartilhamento da sagrada comunhão. Além de alimento, a Eucaristia é considerada um tesouro inestimável ao qual se deve o hábito de contemplação e adoração de Cristo.
Portanto, fica evidente que os aspectos refletidos e expressados por Allamano sobre a Eucaristia, os quais aliam a relação de Deus com a humanidade, à necessidade do alimento como sustento e o cultivo da adoração como meio de intimidade com o transcendente, são os mesmos preconizados pela doutrina católica no que diz respeito ao culto eucarístico.
Cabe agora, refletir sobre a pertinência destes princípios espirituais na perspectiva educacional, tentando esboçar a possibilidade de se estabelecer parâmetros que permitam a adoção da dimensão eucarística como um princípio do processo de formação educacional.

8 OS VALORES EUCARÍSTICOS COMO PRINCÍPIOS EDUCATIVOS ALLAMANIANOS
A apresentação da Eucaristia de acordo com a tradição, a doutrina católica e as convicções religiosas de José Allamano, constituem-se referencial teológico fundamental para o cultivo da fé, a vivência da espiritualidade e para as ações pastorais da Igreja. Entretanto, a reflexão sobre a aplicabilidade dos aspectos relativos à vivência eucarística no processo educativo soa como algo descabido e forçoso por ser algo contrário a laicidade da educação.
Esta reflexão é pertinente do ponto de vista da educação como um direito público. Entretanto, propõe-se aqui, uma reflexão sobre os aspectos eucarísticos derivados da doutrina da Igreja e da percepção allamaniana com vistas à construção da identidade educacional das escolas privadas, mantidas pelos missionários e missionárias da Consolata, institutos religiosos fundados por José Allamano em 1901 e 1910 respectivamente.
Atualmente, as duas congregações religiosas mantêm onze escolas particulares distribuídas na América Latina e uma escola na Itália. A reflexão que agora se apresenta, visa à fundamentação de um modelo educativo com características próprias, fundamentadas nos principais aspectos que caracterizam a história destas duas famílias religiosas. Trata-se de um esforço de construção de uma identidade educacional a exemplo do que pode ser visto em outras instituições religiosas que muito contribuíram para a educação a partir de suas convicções. É o caso do modelo educativo salesiano, inspirado na vida e obra de Dom Bosco; o modelo educativo inaciano, elaborado de acordo com os princípios de Santo Inácio de Loyola; e ainda o modelo educativo lassalista que segue os fundamentos educacionais estabelecidos por São João Batista de La Salle.
Além disso, acredita-se que o delineamento desta proposta de apresentação da dimensão eucarística como um princípio do processo de formação educacional, pode ser adequada ao processo educativo, pois algumas características da compreensão religiosa que se tem da Eucaristia podem ser aplicadas no processo educativo no campo da formação moral do aluno, por representar princípios e valores que são parte da convicção religiosa católica, mas também humanamente desejáveis independente de qualquer crença. Neste sentido, passa-se a reflexão sobre as características e finalidades da educação, para então, a partir disso, apresentar uma possibilidade de aproximação entre a eucaristia e o processo educativo.
Etimologicamente a palavra educação é uma derivação do verbo educere, que em latim significa conduzir para fora (ex: fora + ducere: conduzir). O Dicionário Aurélio em uma de suas acepções define o termo como o “processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando a sua melhor integração individual e social.” (FERREIRA, 1986, p. 619). Neste sentido, Aranha (1996) destaca que a educação como processo educativo de desenvolvimento integral da pessoa, visa além da formação de habilidades abrangendo também os aspectos do caráter e da personalidade social.
Para aprofundar esta reflexão, pode-se recorrer ao pensamento de  Zabala (1998) que ao defender a ideia de que a finalidade da educação vai além de “objetivos propedêuticos” como por exemplo, a capacitação profissional. Para o autor, faz parte da tarefa escolar a formação integral do aluno, o que supõe um repertório de “conteúdos” entendidos como “tudo quanto se tem que aprender para alcançar determinados objetivos que não apenas abrangem as capacidades cognitivas, como também incluem [...] dados, habilidades, técnicas, atitudes, conceitos, etc.” (ZABALA, 1998, p. 30).
Nesta perspectiva, Zabala (1998) apresenta como finalidade da educação, o desenvolvimento das capacidades do aluno sobre as coisas que ele deve saber (conteúdos conceituais), fazer (conteúdos procedimentais) e ser (conteúdos atitudinais), o que praticamente corresponde aos pilares instituídos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) como uma referência educacional proposta para o mundo inteiro: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. (DELORS, 1996).
Nos conteúdos atitudinais podem ser classificados: (i) os valores, entendidos como os parâmetros de avaliação das condutas humanas, como por exemplo, ser solidário, ser tolerante, ser responsável; (ii) as atitudes, as “tendências ou predisposições” de acordo com as quais cada pessoa costuma agir, quando por exemplo, colabora com os colegas, cuida da natureza ou respeita as diferenças interpessoais; (iii) as normas, que são as regras às quais todas as pessoas de uma determinada cultura ou grupo social estão submetidas como padrões de comportamento. (ZABALA, 1998).
Resumidamente, temos que a educação é um processo de desenvolvimento integral constituído por aspectos cognitivos, técnicos e morais. Portanto, cabe a instituição escolar na sua tarefa educativa ensinar conceitos, instruir procedimentos e formar atitudes. É nesta tarefa formativa da educação, no que se refere especialmente aos valores e as atitudes que propõe-se a adaptação de algumas características eucarísticas percebidas por José Allamano como princípios e modos de ação que eram recomendados para seus missionários e missionárias, mas que podem ser estendidos a todos por corresponderem a anseios universalmente desejáveis.

9 VALORES E ATITUDES EUCARÍSTICAS ADAPTADOS À TAREFA EDUCATIVA ATITUDINAL
Admitindo que na perspectiva dos conteúdos atitudinais, os quais englobam o ensino e a aprendizagem de valores, atitudes e normas, desenvolve-se o processo educacional formativo da criança e do adolescente, cabe então elencar os temas que integram cada um destes aspectos visando a orientação da elaboração e desenvolvimento de atividades escolares.
A importância da educação em valores está presente em toda história da humanidade, conforme se observa no ensino de preceitos comportamentais e princípios éticos na antiguidade egípcia e grega, a ênfase dada aos valores cristãos como a fé e a moralidade pela formação escolástica na Idade Média, e até mesmo na modernidade, antes do viés instrucional da educação pressionado pelas demandas suscitadas pela revolução industrial, é possível reconhecer aspectos voltados para a educação moral como é o caso do Emílio de J. J. Rousseau. (MANACORDA, 1989).
As reformas educacionais empreendidas a partir da década de 1990 na Espanha e no Brasil decorrente das reflexões sobre os parâmetros curriculares para a educação na atualidade propôs um núcleo de conteúdos voltados especificamente para o desenvolvimento moral dos estudantes. Estes conteúdos denominados de “convívio social e ética” foram estabelecidos com a finalidade de “resgatar a dignidade da pessoa humana, a igualdade de direitos, a participação ativa na sociedade e a co-responsabilidade.” (BUSQUETS et al. 2001. p. 12).
A ideia original é de que estes conteúdos de caráter moral sejam adotados como eixos longitudinais do processo educacional, propondo uma nova transversalidade no ensino dos diferentes programas disciplinares, nos quais estes se tornam meio e não fim da Educação, pois se entende que “estes conteúdos tradicionais só farão sentido para a sociedade se estiverem integrados em um projeto educacional que almeje o estabelecimento de relações interpessoais sociais e éticas de respeito às outras pessoas, à diversidade e ao meio ambiente.” (BUSQUETS et al. 2001. p. 15).
Na figura 02 é apresentada a proposta de transversalidade das autoras com os temas propostos pela reforma do sistema educacional espanhol em 1989.

Figura 02 – Esquema ilustrativo da integração dos temas transversais
Fonte: Busquets et al. 2001. p. 51.



No Brasil, os temas propostos foram: ética, pluralidade cultural, meio ambiente, saúde e orientação sexual. Todos eles são sugestões voltadas para a mesma finalidade: adequar o desenvolvimento humano ao desenvolvimento tecnológico e científico. Portanto, não há um elenco definido de conteúdos de caráter atitudinal com vistas a esta finalidade, ainda que se conserve a premissa de que alguns valores são universalmente desejáveis, como a ética, a justiça e a paz.
Neste contexto, pensando em qual seria o elenco de valores e atitudes identificados com a proposta educativa dos colégios mantidos pelos Missionários e Missionárias da Consolata, propõe-se uma lista evocada da fonte eucarística como é compreendida pela tradição hebraica, pela doutrina católica e pela espiritualidade allamaniana, apresentada no seguinte quadro sinótico (Quadro 01):

EUCARISTIA

EDUCAÇÃO

Tradição

Igreja

José Allamano

Valores

Atitudes

Centralidade na vida espiritual

Vida

Doação

Ação de graças

Oração

Bênção

Gratuidade

Gratidão


Sacrifício

Vítima

Amor

Celebração

Ceia

Banquete

Alimento

Solidariedade

Participação


Adoração

Amigo

Amizade

Consolação

Terra prometida

Vida eterna

Esperança

Missão

Páscoa Judaica

Páscoa Cristã

Confiança

Comunhão


Quadro 01 – Características da Eucaristia e os valores e atitudes educativas evocadas.
Fonte: elaborado pelo autor.
Os valores e atitudes apresentados neste quadro podem ser considerados o ponto de partida para a definição dos conteúdos atitudinais que compõem a proposta educativa dos colégios mantidos pelos Missionários e Missionárias da Consolata, constituindo-se assim, um modelo educativo com identidade e coerente com a compreensão sobre a dimensão formativa do processo educacional.
Conforme apresentado no quadro, parte-se do princípio da centralidade da Eucaristia na vida espiritual o que decorre do seu significado sacrificial por meio do qual “os fiéis oferecem a Deus a vítima divina e a si mesmos”, conforme ênfase do Concílio Vaticano II (VIER, 1984, n.11 apud ECCLESIA DE EUCHARISTIA, 2003, n. 13).
Quando fala aos seus Missionários e Missionárias de Jesus no Sacramento da Eucaristia, Allamano compara:
É o sol: tudo gira em torno Dele, tudo converge para Ele. Portanto sejais devotos de Nosso Senhor Sacramentado. Com efeito, não é Jesus Sacramentado o centro ao redor do qual continuamente nós circulamos...; do qual partem todas as graças para a casa e para o Instituto. É a Quem todos devem dirigir os pensamentos e afetos. (BALSAN, 2001, p.241).
Este apelo feito por Allamano aos seus Missionários e Missionárias evoca o forte desejo da comunhão de Jesus com os discípulos quando, na última ceia, orou por eles e se deu em alimento de unidade. Ele fez dessa vivência o fundamento da espiritualidade proposta como caminho de santidade comum a seus filhos e filhas Missionários e Missionárias.
Outros valores que podem ser destacados da espiritualidade eucarística são aqueles relacionados à ação de graças e à bênção. Como o próprio nome diz, Eucaristia (ação de graças) é propriamente a gratidão, que envolve a dimensão espiritual, humana, e cósmica.  A experiência vital de que na verdade tudo é gratuidade (dádiva) de Deus e dos outros, o que requer a abertura de cada pessoa ao mundo. Assim, o ser humano é colocado numa atitude básica de filial relacionamento com o criador, fraternal relacionamento com os irmãos e irmãs e cuidadoso relacionamento com o planeta. “Quando se estuda sobre a Eucaristia, por que não dizer: “Senhor, te agradeço por este sacramento, por meio do qual estás conosco dia e noite”. (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984c, p. 132, tradução nossa). “Tudo é de Deus, tudo vem de Deus e tudo é em Deus; tudo o que existe pertence a Deus porque Ele o/a criou: tudo o que temos, nós o temos porque recebemos de Deus. Tudo, portanto deve retornar a Deus, para a sua honra e glória”. (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984a, p. 19, tradução nossa).
O mistério eucarístico, evoca também, o valor da fé, entendida como um sentimento fruto da natureza humana desenvolveu diante de outro mistério divino que é a vida; também resulta do cultivo ritual por meio da atitude de oração nas celebrações pastorais e litúrgicas, como por exemplo a missa.
A Santa Missa é certamente o maior bem e para ser dignamente celebrada seria necessário que o próprio Deus a celebrasse. É o mesmo sacrifício da Cruz: o sacerdote é apenas o segundo ministro; Jesus é a mesma vítima e o primeiro ministro: é Ele que se oferece, que pede perdão, que agradece e suplica graças. (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984a, p. 218, tradução nossa).
A atitude de oração fundamenta-se na percepção que Allamano tinha de que Jesus sempre está presente no sacrário como um amigo ao qual se deve recorrer diariamente.
Devemos ir ao encontro de Jesus com muita boa vontade e sentir muito ao sair de sua presença; permanecer na sua presença como o óleo da lâmpada e a cera das velas” (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984b, p. 573, tradução nossa).
Eu sou feliz porque o meu quarto esteja voltado para o Santíssimo. Tenho uma boa visão d´Ele..., assim também do leito, dá-me prazer, puxo um fio, não apenas elétrico, mas até telefônico e... Isto ajuda quando temos sofrimentos... Dizia Santo Alfonso: “Se tiverdes algo, ide lá (Santíssimo Sacramento) e pegai o vosso remédio, pegai o que necessitardes”. Quem ama o Senhor não conhece o que é o tédio, a solidão [...] (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984b, p. 573, tradução nossa).
A doutrina católica e a percepção de Allamano são coerentes no reconhecimento sacrificial da Eucaristia como marco da definitiva aliança estabelecida entre Deus que se doa pela humanidade, que é ritualizada permanentemente na celebração litúrgica da missa como mistério da fé, na qual Cristo se torna presente em corpo e sangue na consagração do pão e do vinho.
De acordo com a doutrina da Igreja, outro elemento constitutivo da Eucaristia é o fato dela ser um banquete no qual Cristo é o alimento que sustenta a vida de quem entra em profunda comunhão com Deus e com o mundo inteiro de fiéis, e é sustento também da fé, por antecipar na Terra a experiência da vida celeste. Esta característica da Eucaristia como alimento também é muito clara e recomendada por Allamano: “A Santa Comunhão é alimento... O Senhor mesmo nos disse: Eu sou o Pão da vida, eu vos dou a vida... O Senhor é o bom médico e deseja sempre fazer-nos o bem”. (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984c, p. 282, tradução nossa). Da dimensão de banquete, pão compartilhado, pode-se destacar o valor da solidariedade que requer atitude de participação, pois participar da Eucaristia implica em assumir o compromisso por um mundo mais justo e fraterno.
Na Eucaristia também se encontra o valor da amizade. É Jesus presente em nosso meio, como amigo, como companheiro de caminhada.  Ë uma das dimensões mais queridas do Pe. Allamano. É a fonte de seu contagiante respeito, atenção e amizade, sua capacidade de crer e confiar no outro, seu espírito empreendedor, sua relação profundamente humanizadora.
[...] E Ele nos diz: Não há ninguém que vos possa consolar; somente eu posso consolar-vos: e por que não vindes logo a mim? Quem será devoto do Santíssimo Sacramento durante toda a vida, é impossível que não tenha as graças necessárias para corresponder bem à própria vocação e fazer bem todas as coisas”. (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984c, p. 417, tradução nossa).
Quando recebeis Nosso Senhor na S. Comunhão, guardai-o no vosso coração... O Senhor está no céu e também no Tabernáculo; e do Tabernáculo dirige toda a casa. É Ele o Diretor.... Ele é nosso amigo portanto, tratemo-lo como amigo; Ele nos quer bem, também nós lhe queremos bem. Ter fé, pensar que está ali, presente... Quando sairdes da igreja, pedi ao Senhor que venha com vocês, e que vocês não dêem um passo sequer senão à sua presença. (SUORE MISSIONARIE DELLA CONSOLATA, 1984c, p. 283, tradução nossa).
A experiência sacramental da vida sustentada no pão eucarístico compartilhado coletivamente requer do fiel uma visão para além das aparências e integrada com o mundo. A isto pode ser atribuída a esperança, elemento que sustenta e da força para o enfrentamento e superação das dificuldades, com vistas a chegada na plenitude existencial, a vida eterna, promessa restabelecida por Cristo na última ceia, selando o pacto de confiança entre a humanidade inteira e Deus, a páscoa definitiva.
Esta lista de valores e atitudes extraída das reflexões eucarísticas da Tradição, da Igreja e de Allamano, é uma primeira aproximação que ainda requer aprofundamentos e adequações. Procurou-se nesta sugestão adequá-la a uma contextualização teórica a partir da qual se pudesse relacionar de forma coerente uma lista de valores e atitudes que não fosse aleatória, mas coerente com uma proposta histórica, doutrinal e espiritual.
Ainda que esta lista seja aprimorada a partir de novas reflexões que contribuam para aumentar a coerência e objetividade da definição deste elenco de valores e atitudes, parece estar claro que o caminho iniciado deve ser mantido por ser o campo atitudinal o meio mais adequado para a adoção da dimensão eucarística como um princípio do processo de formação educacional.
 
9 CONCLUSÃO

Considerando a proposta inicial deste estudo, conclui-se que é possível considerar a dimensão eucarística como um dos princípios do processo educacional desde que entendida na perspectiva da formação atitudinal, o que corresponde ao cultivo de valores, prática de atitudes e observação às regras.
A viabilidade disto, depende da identificação de tais valores e atitudes a partir das reflexões que se faz a respeito da Eucaristia, sejam elas históricas, doutrinais ou espirituais. Em todos os casos, é possível reconhecer consensos que favorecem a evocação de conteúdos atitudinais de relevância educacional.
São estes valores (vida, amor, esperança...) e atitudes (doação, gratidão, consolação...) que caracterizam o que chamamos de um modelo educativo allamaniano, inspirado pela vivência eucarística. Note-se que, mesmo considerando a natureza fundamental destes conteúdos emanados da fonte eucarística, é possível reconhecer em todos eles um caráter que vai além dos limites de uma confissão religiosa, correspondendo ao interesse e necessidades de todas as pessoas humanas nas relações que mantém consigo mesmas, com os outros e com o mundo inteiro.
Resta agora, a partir destes pressupostos, continuar a reflexão abrindo-se um diálogo com ideias e impressões cujo intuito é o de firmar-se convicções compartilhadas para a partir delas, ser iniciado o processo de definição das ações educacionais correspondentes, o que se refere a fundamentação teórica e prática relacionada a cada valor e atitude. Este é o próximo passo nesta tarefa de reflexão que se constitui como um novo desafio de aprofundamento teológico e educacional.

REFERÊNCIAS

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BONA, Cândido. José Allamano um mestre de vida missionária. In: ALLAMANO, José. Vida Espiritual. Tradução Jordão Maria Pessati. 2. ed. Turim: Edizioni Missioni Consolata, 1963.
BUSQUETS, Maria Dolors et al. Temas transversais em educação: bases para uma formação integral. 6. ed. São Paulo: Atica, 2001. (Série Fundamentos).
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ZABALA, Antonio. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Ultima modifica il Giovedì, 05 Febbraio 2015 16:56

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