Cerimónia da beatificação de Ir. Irene Stefani

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Ambientação

Partimos bem cedo de Sagana em direcção a Nyeri. Eramos um grupo de 40 missionários da Consolata de diferentes nacionalidades. Chegamos por volta das 7.00 ao Campus Universitário Dedan Kimathi di Nyeri. Milhares de pessoas já estavam entrando no recinto da celebração. A onda de atentados fundamentalistas que tem assolado o Quénia nestes últimos meses faz com que a vigilância e o controle de cada pessoa fosse feito com rigor.

Os organizadores esperavam 300 mil peregrinos. Talvez não fossem tantos, mas a imensa massa humana que enchia o imenso campo da Universidade fez com que o número total dos participantes não andassem longe do numero previsto. Centenas de padres e irmãs, a maior parte locais, os bispos do Quénia e outros vindos de outros países, e milhares de peregrinos vindos dos vários pontos do país constituíam uma massa humana pouco habitual. Parecia que toda a catolicididade do Quénia se tinha concentrado em Nyeri, lugar onde em 1902 iniciou a evangelização católica deste país com a chegada do primeiro grupo de Missionários da Consolata.

Início da celebração

Enquanto os peregrinos iam chegando, o grupo coral, composto por 600 elementos, fazia as últimas afinações. Actuaram muito bem durante a longa celebração eucarística que durou 5 horas. Cantaram e fizeram cantar a assembleia em kiswahili e kikuyu. Às 9.30 chegava o presidente da República, Uhuru Kenyatta, o seu vice-presidente, William Rutu, e o anterior presidente, Emílio Mwai Kibaki. Às 10.00 teve início a celebração eucarística presidida pelo arcebispo de Nairobi, o cardeal John Njue. Depois do acto penitencial, teve início o rito da Beatificação. O arcebispo de Nyeri, D. Peter Kairo, aproxima-se do delegado pontifício, o Cardeal Policarpo Pengo, arcebispo de Dar-es-Salam (Tanzânia), e em nome dos Bispos do Quénia pede autorização para que se proceda à beatificação da Serva de Deus Irmã Irene Stefani. Em seguida é lida uma breve biografia da Ir. Irene Stefani.

Uma vida ao serviço do próximo

Nascida aos 22 de Agosto de 1891, em Anfo-Brescia (Itália) em Junho de 1911 ingressou no Instituto das Missionárias da Consolata. Aos 20 de Janeiro de 1914 emitiu a sua primeira profissão religiosa e no dia 28 de Dezembro do mesmo ano, partiu para o Quénia. Viveu a sua primeira experiência missionária em Mathari-Nyeri. No dia 20 de Agosto de 1916, por causa da primeira guerra mundial, foi destinada a servir na Cruz Vermelha, para assistir os carregadores autóctones, forçados a este trabalho. Irmã Irene Stefani trabalhos nos hospitais militares de Voi, no Quénia e Kilwa e Dar-es-Salam, na Tanzânia. Muito jovem ainda, revelou uma coragem indomável, grande caridade e doação, sempre gentil e sorridente. Reservou para si o cuidado dos doentes mais graves. Curava-os e alimentava-os no corpo e no espírito, propondo o “remédio de Deus”: o baptismo. Quando a guerra terminou, retornou ao Vicariado Apostólico de Nyeri, No início era assistente das jovens aspirantes à vida religiosa na congregação das Irmãs da Imaculada Conceição fundadas por D. Filipe Perlo. A partir de 1920, foi trabalhar para a Missão de Nossa Senhora da Providência de Gikondi, onde permaneceu até à morte. Na doação incondicional, dedicou-se às actividades pastorais de ensino, catequese, visita às aldeias. Acorria solícita para assistir os doentes e moribundos e todos os que necessitavam de ajuda. Ela nunca o soube, mas foi apelidada de “Nyaatha”, a “mãe de toda a misericórdia e amor”. De constituição robusta, no verão de 1930, sentiu-se debilitada. No dia 20 de Outubro, mesmo não se sentindo bem de saúde, correu para atender um doente de peste. Era o mesmo que a ofendera, denegrindo o seu ensino na escola, para poder tomar o seu lugar. Demorou-se com ele, abraçou-o, ficando provavelmente contaminada com a mesma doença. A partir dalí, o seu estado de saúde foi piorando até levá-la às portas da morte. Terminou a sua existência terrena, aos 31 de Outubro de 1930. Tinha 39 anos.

“Foi o amor que a matou” logo comentaram os africanos. Era o selo de uma existência toda marcada pela caridade heroica, que emanava da constante e profunda busca da santidade. Expressou este anseio nas suas últimas palavras: “sou toda de Jesus, de Maria, de São José, agora e sempre por toda a eternidade. Deixou uma grande fama de santidade, que permanece sempre viva, testemunhada com vivacidade, mesmo à distância de mais de cinquenta anos.

Processo canónico da beatificação

O processo canónico teve início em 1984 na diocese de Nyeri e continuou na diocese de Turim. Em Setembro de 1995, o seu corpo foi exumado e do cemitério de Mathari-Nyeri, os restos mortais foram transferidos para a igreja paroquial, meta de peregrinos que durante estes anos invocam a sua intercessão. A Congregação da Causa dos Santos, reconheceu que a Ir. Irene Stefani, viveu heroicamente as virtudes teologais e o Papa Bento XVI ratificou esta decisão, aos 2 de Abril de 2011. Na mesmo dia, a Congregação para a Causa dos Santos publicou o decreto da heroicidade das virtudes.

O Milagre de Nipepe

Foi tomado em consideração para a beatificação o milagre atribuído à intercessão da Serva de Deus Irene Stefani. Trata-se da multiplicação da água da fonte baptismal da Paróquia de Nipepe (Niassa-Moçambique), da qual se serviram os catequistas e seus familiares que se refugiaram na igreja aquando do ataque da Renamo. Ficaram sitiados, nos dias 10-13 de Janeiro de 1989. As dezenas de pessoas fechadas na igreja não tinham reserva de água e era o período mais quente do ano. Invocaram a Ir. Irene Stefani por sugestão do P. Giuseppe Frizzi. E a água foi suficiente para matar a sede de todos os refugiados que estavam na igreja. Os presentes repetiam o testemunho: “por intercessão da Ir. Irene, fomos salvos”. “Ela nos ouviu e atendeu”. “Foi mãe Irene quem fez o milagre”. A respeito deste acontecimento foi baseada a investigação diocesana nos anos 2010-2011, ratificada pela Congregação da Causa dos Santos. O decreto com a aprovação do Papa Francisco, foi publicado pela Congregação da Causa dos Santos aos 12 de Junho de 2014.

Rito de Beatificação

Terminada a leitura da biografia da Serva de Deus Irene Stefani, o delegado pontifício, Cardeal Policarpo Pengo, leu em latim a formula da beatificação contida na Carta Apostólica escrita pelo Papa Francisco na qual autorizava a beatificação da Serva de Deus Irene Stefani: Depois de termos recebido o pedido do Arcebispo Metropolita de Nyeri e dos seus irmãos Bispos do Quénia e de muitos membros do Povo de Deus, depois de ter tido o parecer positivo da Congregação para a Causa dos Santos, com a nossa autoridade apostólica, declaro que a Venerável Serva de Deus Irene Stefani, Missionária da Consolata, seja declarada Bem abeturada, e a sua festa litúrgica seja celebrada no dia 31 de Outubro, dia do seu nascimento para o Céu. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Dada em Roma, no dia 13 de Maio de 2015, terceiro ano do meu pontificado.  

Neste preciso momento foi desdobrada a tela com a imagem da Beata Irene Stefani. O coro e assembleia em festa cantou o cântico em kiswahili “Ni baraka kutoka kwa Mungu Kweli, kweli ni baraka”, manifestando a alegria pela proclamação da Bem-Aventurada Irene Stefani. Em seguida, o Arcebispo d Nyeri, D. Peter Kairo, e o Postulado da Causa d Beatificação, P. Gottardo Pasqualetti, agradeceram ao delegado pontifício, cardeal Pengo, em nome dos bispos do Quénia, das Missionárias da Consolata e da assembleia presente pelo facto do Papa Francisco ter proclamado Beata a Serva de Deus, Ir. Irene Stefani. Enquanto o Arcebispo de Nyeri e o Postulador saudavam o delegado pontifício, o coro e assembleia cantavam o Glória.

Celebração Eucarística

A Liturgia da Palavra foi precedida por uma longa procissão onde o livro dos Evangelhos era acompanhado pela dança litúrgica. As leituras falavam da caridade, a virtude com que Beata Irene ornou a sua vida missionária. Durante a homilia, o Cardeasl John Njue lançou um vibrante apelo para que os sacerdotes, religiosos e religiosas do Quénia sigam o exemplo desta missionária que em situações tão difíceis deu-se toda a todos, sobretudo aos mais pobres e sofridos do seu tempo. Os evangelizadores do Quénia de hoje, muito numerosos, são o fruto do trabalho e testemunho de gerações de missionários e missionárias. Devem seguir o seu exemplo, sendo generosos e missionários de alma e coração. Seguiu-se o ofertório e a Liturgia Eucarística.

No final da celebração, antes da bênção final, o arcebispo de Nyeri fez a entrega ao pároco de Gikondi, missão onde trabalhou e faleceu a Beata Irene, uma sua relíquia que será colocada na igreja paroquial, futuro santuário diocesano.

Concluída a celebração eucarística, tomou a palavra o presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, o qual não sua intervenção destacou a figura da Beata Irene Stefani e a sua dedicação ao próximo. Convidou todos os cidadão a segui o seu exemplo. Com grande enfase, recordou que o Quénia é um país onde todas as confissões têm liberdade religiosa, mas devem respeitar os direitos e as convicções religiosas de todos. Uma clara chamada de atenção para a necessidade de evitar que a religião seja um motivo de divisão como nos últimos anos tem acontecido.

Presença de Moçambique

O nome de Moçambique e do Niassa, em particular esteve presente em todos os momentos da celebração. Foi o milagre da multiplicação da água em Nipepe, depois da intercessão à Serva de Deus Irene Stefani, que abriu as portas para a beatificação que hoje se realizou. O P. Giuseppe Frizzi, foi muito requisitado para da entrevistas à comunicação social durante estes dias, de modo particular no próprio dia da celebração. A diocese de Lichinga estava representada pelo bispo diocesano, D. Atanásio Canira, e pelo actual pároco de Nipepe, P. Mabureque. Participou também um bom grupo de missionárias da Consolata. Fez-se presente na celebração, representado o estado moçambicano, o embaixador de Moçambique no Quénia. Os bispos do Quénia, na pessoa do Arcebispo de Nyeri, e o presidente da República, Uhuru Kenyatta, recordaram Moçambique e agradeceram a fé dos moçambicanos que permitiu o milagre da multiplicação da água e a festa da beatificação.

 

Last modified on Monday, 25 May 2015 08:35

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