Como se costuma dizer em bom português, “custou… mas sempre foi!” Sim,
após uma longa espera de 37 anos, o povo coreano viu reconhecida a energia, vitalidade e papel que a Igreja
Católica desempenha neste canto da Ásia através da nomeação de um segundo cardeal. De
facto, lembro-me de que sempre que havia uma nova nomeação de cardeais, os católicos coreanos
esperavam com muita expectativa a atribuição desta honra a um dos seus membros. E havia mesmo quem
“reclamava” o facto de o Japão, país onde os católicos são uma ínfima
minoria, ter 2 cardeais.
O novo cardeal nasceu em Seúl. Desistiu dos estudos de engenharia
química na prestigiada Universidade Nacional de Seúl para se tornar sacerdote. Depois de se graduar na
Universidade Católica da Coreia, foi estudar para Roma, fazendo a licença em Direito Canónico no
Colégio Urbaniano. A devoção ao estudo é uma das suas características, tendo publicado
mais de 20 livros. A nível pastoral e social, exerceu sempre uma influência muito grande na sociedade
coreana, se bem que nada comparada com a do primeiro cardeal coreano, Mons. Kim, o qual é uma das figuras de mais
destaque e reconhecimento por parte de todos os coreanos, independemente do credo ou cor política. Mas o novo
cardeal tem também méritos rconhecidos no que diz respeito à intervenção social,
não poupando, em várias ocasiões, críticas aos governos.
Após o
anúncio da nomeação, o novo cardeal exprimiu gratidão ao Santo Padre e ao povo coreano,
dizendo: “Gostaria de atribuir esta honra a todo o nosso povo, pois creio que ela reflecte o estatuto cada vez mais
influente da Igreja Católica na Coreia e no mundo. Farei o meu melhor para responder às expectativas do povo
e contribuir para a defesa e promoção do bem comum da nossa nação.” Um dos bispos
auxiliares de Seúl, Mons. Andrew Yeom Soo-Jong, disse: “Esta nomeação é um aviso claro
de que a Igreja precisa de se dedicar com mais afinco aos esforços pela paz, justiça, solidariedade e amor
através de uma auto-renovação contínua e da harmonia com as outras religiões”.
Falando de outras religiões, o Venerável Jigwan, director executivo da Ordem de Jogye, o
maior e mais influente ramo do budismo na Coreia, enviou uma mensagem de congratulações na qual dizia:
“A nomeação de um segundo cardeal mostra que a Igreja Católica na Coreia è uma justa
recipiente da confiança que nela depõe a Igreja Universal. Esperamos dela um papel importante em favor da
paz no mundo. Nós, budistas coreanos, também esperamos que o novo cardeal faça todos os
esforços para aliviar o sofrimento e conflitos que assolam a humanidade como apóstolo da paz e do
amor.” Também o actual presidente, Noh Moo-Hyon, bem como o antigo presidente, ambos católicos,
felicitaram Mons. Nicholas e desafiaram-no a trabalhar com entusiasmo e energia pela paz e pelo desenvolvimento na Coreia.