Brasil: Violência e Paz

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A questão da violência, ao longo dos anos, emerge como um problema para os indivíduos e sociedades. Por que ela é tão recorrente? As respostas a este fenômeno têm se mostrado múltiplas e diversas, abrangendo uma gama de medidas, nos mais diversos níveis: individual, comunitário, governamental. No Brasil, durante o segundo semestre de 2005, o Estatuto do Desarmamento e o Referendo sobre a comercialização de armas de fogo e munição suscitaram calorosas discussões.

Sempre que surgem atos de violência, como a recente onda de ataques do crime organizado no Estado de São Paulo, com a conseqüente reação da polícia, as discussões sobre o tema se intensificam. Aos poucos, tudo se acalma e quase não se fala mais no assunto até a próxima crise estourar. Debates demonstram que, em relação a esta questão, não há consenso entre os pesquisadores quanto às causas que produzem a violência, nem mesmo quanto ao fenômeno em si. Há algo mais profundo que nós precisamos entender. Normalmente, procuramos combater os frutos sem ir à raiz mais profunda. Hoje a violência, com tanta midiatização, tornou-se um espetáculo, sendo cada vez mais banalizada.

Leonardo Boff salienta que o ser humano vive numa certa ambigüidade: a realidade, por um lado, vem marcada por conflitos; e, por outro, vem perpassada por ordem e paz. Nenhum destes lados consegue erradicar o outro. Misturam-se e se mantém num equilíbrio difícil e dinâmico. O desafio consiste em manter a tensão, buscando aquela convergência de energias que permitem o surgimento da paz - fruto de instituições minimamente justas, amparadas por um Estado que zela pelo equilíbrio das tensões, usando, quando preciso, da coerção. Sem o equilíbrio seria impossível construir uma sociedade que garanta uma convivência mínima entre os seres humanos.

Há violência no mundo porque eu carrego violência dentro de mim. Para Freud existem duas pulsões básicas: uma que afirma e exalta a vida, e outra que tende para a morte. A agressividade surge quando o instinto de morte é ativado por alguma ameaça que vem de fora. René Girard, pensador contemporâneo cada vez mais valorizado na discussão sobre a violência, afirma que a agressividade provém da permanente rivalidade existente entre os seres humanos, denominada de desejo mimético. Esta rivalidade cria permanentes tensões. Assim que aparecer um conflito, a sociedade escolhe alguém ou um grupo como bode expiatório sobre o qual passa a descarregar toda a violência. Todos se unem contra ele para eliminá-lo ou expulsá-lo do meio e ninguém poderá vingá-lo. A união da coletividade em torno da figura do bode expiatório sacrificado cria condições para uma paz momentânea. Quando surgirem outras rivalidades, inventa-se um novo bode expiatório (os terroristas, os traficantes etc) e novamente se cria a união de todos contra ele para se refazer a paz perdida.

Os estudiosos e pesquisadores nos ajudaram a entender a agressividade. Por constituição evolucionária, somos portadores de energias interiores orientadas para a generosidade, o bem, a colaboração. E ao mesmo tempo somos portadores de demência, de pulsões de morte. Surgimos como coexistência dos opostos. Diante disso, a preocupação é: como construir a paz? A paz triunfa na medida em que as pessoas e as sociedades organizadas por meio de instituições legítimas, se dispuserem a cultivar a cooperação, a solidariedade e o amor. A cultura da paz depende da predominância destas positividades e da vigilância que as pessoas e as instituições mantiverem sobre a outra dimensão, igualmente presente, de rivalidade, de egoísmo e de exclusão.

Jaime Carlos Patias, imc, mestre em Comunicação e diretor da revista Missões.
Last modified on Thursday, 05 February 2015 20:29

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