Mozambico: O lar Santa Isabel de Majune e o valor da interreligiosidade

Published in I missionari dicono
{mosimage}Introdução

“Crê firmemente, confessa e prega [o concílio] que nenhum dos que existem fora da igreja católica, não somente os pagãos, mas também os judeus ou heréticos assim como os cismáticos, podem chegar a ser partícipes da vida eterna; pelo contrário, irão ao fogo eterno, que está preparado para o diabo e seus anjos, a não ser que antes do fim da vida sejam agregados a ela [à igreja]”1.

“A Igreja católica nada rejeita do que nestas religiões [não cristãs] há de verdadeiro e santo. Considera com sincero repeito os modos de agir e viver, os preceitos e doutrinas que, embora discordem em ujitos pontos do que ela professa e ensina, não poucas vezes refletem um brilho daquela Verdade que ilumina todos os homens [...]

Por conseguinte, exorta a seus filhos que, com prudência e caridade, medinte o
diálogo e a colaboração com os adeptos de outras religiões, dando testemunho da fé e da vida cristã, reconheçam, guardem e promovam aqueles bens espirituais e morais, assim como os valores socioculturais, que neles existem”2.

Com estes dois textos que são da autoria da mesma autoridade religiosa, o primeiro apertence ao Concílio de Florença (1442) e o segundo ao Concílio vaticano II (1965) queremos não só sublinhar a mudança de época, de acentos socio-culturais, de paradigmas e mesmo de estilo e método missionário que entre um e outro texto se estabelece, senão também convidar-vos, queridos missionários, a reconhecer e a louvar o Senhor pelas oportunidades que nos dá, nos nossos dias, de nos encontrar numa sociedade integrativa, sociedade pluri-étnica e inter-religiosa que nos compromete a ser pessoas e missionários da qualidade inter: inter-religiosos, inter-espirituais, inter-culturais....

Mas como a qualidade inter do missionário de hoje em dia não se dá só na reflexão intelectual, senão também na vida do dia a dia, queremos aproveitar o nosso espaço no nosso boletim regional, para vos partilhar a experiência inter-religiosa que os nossos missionários (o irmão Ayres e o padre Felix) estão a promover no lar Santa Isabel de Majune (Niassa).

A oração inter-religiosa no la Santa Isabel

Neste lar vivem 70 jovens e com eles estamos tentando fazer uma experiência inter- religiosa.

Pois sendo os estudantes, na sua maioria, da confessão Islâmica, no lar paroquial estamos promovendo, como um médio para uma maior integração dos jovens, a experiência de oração em comum entre católicos e muçulmanos.

Agora, para implementar esta experiência fazemos a oração a turnos alternados, uma vez prerparam os católicos e uma vez os muçulmanos. Este espaço de oração inter-religiosa o fazemos uma vez por mês e está centrada numa reflexão sobre a Palavra.

Para organizar e preparar a oração os cristãos baseiam-se na Biblia e os muçulmanos no Al corão.

A participação dos jovens da religião muçulmana não sempre é constante, pois sendo o musulmanismo uma religião bastante fechada nos seus principios e práticas religiosas assim como nos seus principios éticos, os familiares exercem uma influência negativa sobre os jovens até ao ponto de os impedir de participar da nossa experiência inter-religiosa; mas muitos deles estão sempre presentes e procuram dar o seu contributo na reflexão.

Se quisermos fazer uma avaliação da experiência tería-mos de dizer que tem sido uma experiência difícil de manter, por causa, especialmente, da influência negativa que os familiares (quer dos cristãos quer dos muçulmanos) exercem sobre os jovens.

A dinâmica da oração dá-se a partir da leitura de um texto bíblico, uma explicação do mesmo (reflexão que fazem os rapazes), partilha livre e espontánea, oração final.

A partir desta experiência descobrimos que alguns frutos começam a aparecer; entre eles queremos sublinhar: maior conhecimento e respeito de cada uma das religiões, conhecimento sobre os aspectos característicos e dos momentos centrais da vida de fé de cada religião (Semana Santa, o mês de Ramadán), das principais devoções como o terço e a devoção a Maria, assim como saber sobre a filosofia islâmica.

Vemos, com bastante alegria, que os rapazes são bastante assíduos à oração e de dia a dia aumenta o número dos participantes.

Para concluir, só acrescentar que a partilha da oração interreligiosa é uma experiência que leva os jovens a viverem mais serenamente. As diferências que existem entre cada uma destas religiões já não constitui um problema embora a vida moral seja tão diversa.

Agradecemos ao irmão Ayres por termos ilustrado um bocado sobre esta bonita iniciativa que junto com o padre Felix está a viver e promover em Majune. Desde este espaço do secretariado de pastoral, convidamos e encorajamos para que em cada uma das nossas paróquias e centros de formação e espiritualidade se organicem experiências similares, pois o carácter inter da nossa sociedade e a relidade inter-religiosa das nossas missões e paróquias, impelem-nos para que abramos as portas dos nossos corações e das nossas paróquias não só para as obras de “caridade”, senão também para os processos de formação e de oração a caracter inter-religioso.

___________________
1 Ds 870; 1351 (Densinger); Bula Unam Sanctam 1302.
2 Nostra aetate (Declaração do Vaticano II sobre as relações da Igreja com as religiões não cristãs)
Last modified on Saturday, 07 February 2015 21:02
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