Acampamento da juventude
O segundo acampamento da Juventude que reuniu mais de 300 jovens de toda diocese aconteceu entre dias 28 e 29 de setembro na paróquia de Queimadas. O acampamento visou a contribuir para a formação, estimulando a participação e compromisso da juventude no engajamento político e social. O evento também teve o objetivo de sensibilizar a opinião pública sobre a importância pela terra, água e outros direitos; articular, organizar e animar a juventude dos movimentos populares e outras organizações juvenis bem como integrar e promover a troca de experiências entre a juventude do campo e cidade.
Durante o acampamento foram realizadas seis oficinas com as seguintes temáticas: Terra: Conquistas e Desafios; Agroecologia: Uma proposta de Sociedade; Relações Sociais de Gênero; Plano Camponês; Educação Contextualizada; Cultura e Expressões Juvenis.
Além de ser um espaço de formação, conscientização e integração, o acampamento foi também uma oportunidade de valorizar a cultura e os artistas locais. Na noite de sábado a equipe organizadora promoveu um momento cultural com festival de música de vários tipos. As apresentações foram visadas a retratar realidade dos trabalhadores e a luta pela terra, água e direitos. Se basearam no tema da Missão da Terra.
Missão da terra
A missão da Terra é um encontro de massa que abrange trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, animadores(as) de comunidades, padres, entidades e de movimentos sociais com objetivo de conscientizá-lo a respeito de seus deveres e seus direitos, de respeitar neles e nelas o sentimento de classe unida e solidária para que em qualquer tempo possa ajudar-se e defender- se.
Essa foi a 28ª Missão da Terra. A primeira foi celebrada no dia 14 de Setembro de 1979 na paróquia de Monte Santo que agora é a paróquia dos missionários da Consolata. Segundo Pe. Luis Tonetto, padre diocesano da Fidei Donum que trabalha nessa diocese há mais de 30 anos, A Missão da Terra começou em Monte Santo como uma tentativa de enriquecer a romaria de promessa que o povo da região fazia ao Monte Santo no dia 14 de setembro - dia da Santa Cruz. A romaria, pois teria o novo sentido de luta pelos direitos da terra. Até porque segundo ele, no final dos anos 70, 70% da população da diocese eram lavradores. Daí a Missão da Terra se tornou um grande momento da Igreja da diocese de Bonfim. Nos primeiros anos, esse evento sempre foi celebrado na paróquia de Monte Santo e depois começou passar pelas outras paróquias da diocese. Essa foi a vez da paróquia de Queimadas. O evento que reuniu mais de cinco mil pessoas de 25 municípios e paróquias da diocese de Bonfim tinha como tema: Deus viu que tudo que criou é bom e o lema: Liberte a terra, preserve o meio-ambiente e garantirás a vida.
A escolha da paróquia de Queimadas foi para celebrar a luta pela conquista da terra do assentamento Nova Paz e refletir com sociedade os milhares de hectares de terras que ainda estão concentrados da mão de latifundiários desta região, como também o trabalho feito na luta pela água. Segundo os dados do Conselho Pastoral da Terra, a região de Queimadas é que tem o maior número de latifundiários na diocese.
Logo cedo os romeiros chegaram de suas caravanas na cidade de Queimadas. Ás 9 horas todos se concentraram no assentamento Nova Paz que se localiza há 3 km da entrada da cidade e lá foi feita a acolhida e abertura da 28ª Missão da Terra. No seu discurso de acolhida o sr. Valdir Fiamocini da Fatres falou: “Hoje o zonal II vive um momento histórico. Hoje Queimadas vive com alegria a 28ª Missão da Terra”. No começo do seu discurso ele prestou homenagem ao Dom Jairo Rui Matos da Silva, bispo da diocese que faleceu no mês de janeiro deste ano. Os romeiros mantiveram um momento de silencio em homenagem ao saudoso Dom Jairo, pastor dos lavradores que sempre esteve presente nestes eventos. “Essa é a primeira Missão da Terra sem ele no meio de nós”, ele lembrou.
A Missão da Terra é uma caminhada de fé, alegria e resistência. Depois de acolhida, em baixo do sol quente, os romeiros começaram a sua caminhada de 3 km em direção á cidade. A fé e resistência podia se ver nos rostos dos romeiros(as) de todas as idades fazendo de tudo para acompanhar o trio elétrico; parece que as palavras de Euclides da Cunha soavam mais alto, “O sertanejo é antes de tudo, um forte”. E quem podia se cansar da longa caminhada com a bela animação dos jovens que ecoou cantos de luta durante todo trajeto. Durante a caminhada os vários movimentos sociais da diocese vestido de suas camisetas e bonés, balançaram também suas bandeiras.
Durante a caminhada houve três paradas. A primeira parada foi ao lado da Ponte Nova onde passa o Rio Itapicurú. Nessa parada, se refletiu a importância da preservação do meio ambiente, principalmente o cuidado com o Rio Itapicurú. A segunda os romeiros(as) fizeram a memória dos companheiros que tombaram na luta pela terra. A parada foi em frente ao cruzeiro onde foi assassinado o trabalhador rural Gracindo Pinto de Oliveira assentado da Nova Paz por um policial militar no dia 28 de maio de 2005. Na oportunidade o advogado da CPT (Drº Sander Prates), falou para os presentes como esta caminhando o processo. A terceira parada foi em frente a prefeitura. Lá se refletiu sobre os direitos do cidadão. A Drª Marta Pinto da CPT de Salvador falou para os presentes.
Depois do almoço e descanso, foi o momento de oferecer na mesa do altar todas as lutas e conquistas na Missão da Terra. A celebração Eucarística que começou às 15 horas foi celebrada pelo vigário geral Pe. André Skoczenp da Catedral de Bonfim. Nove padres concelebraram a Santa Missa.
No final, como gesto concreto os romeiros(as) assinaram um moção de apoio que será enviado para justiça tomar providencias. Não poder alguém matar um ser humano e ficar impune!