Após um primeiro momento de memoria histórica, em que foi relembrado o caminho percorrido por cada missionário, caracterizado por uma opção de vida que obrigou a pessoa a tomar uma atitude radical para com os povos indígenas, exigindo dele audácia e profetismo, num constante contacto e vivência com o povo, continuo-se com uma leitura atual da realidade ajudados nesta tarefa pelo contributo de Francisco Lebens, membro do CIMI – Norte 1, que colocou a realidade da política indigena no contexto em que o governo constituiu o Conselho Nacional de Políticas Indigenistas e a Organização das Nações Unidas Reconheceu os Direitos dos Povos Indígenas, salientando os desafios que esta nova situação está colocando ao caminho dos povos indígenas, com os seus direitos ainda questionados, a dificuldade de uma autonomia, o problema da terra ainda latente e não resolvido apesar das homologações, as grandes questões da educação e da saúde, além do esvaziamento dos movimentos sociais, cuja lideranças foram cooptadas por funções de governo e a consequente fragmentação das políticas públicas.
Usando o metodo VER – JULGAR – AGIR, o segundo dia foi dedicado a recolher os contributos das comunidades, que, em suas intervenções confirmaram a validade das opções e do trabalho realizado a partir dos documentos de 1978 e 1986, onde evangelização ritma com dignidade e identidade da pessoa, luta pela terra, organização do povo, encarnação, autodeterminação, alianças, sentido comunitário, educação, saúde, valorização cultural e o plano de Deus sobre nós.
Se por certos versos foi relativamente fácil ler a história e as ações nela realizada nestes anos, um pouco mais complicado foi concretizar quais as ações, os métodos, as soluções para dar respostas à realidade e à contingência do momento presente, onde assistimos a fatos constantes de corrupção e de atropelamento do caminho dos povos indígenas atraídos e seduzidos pelo mundo exterior que coloca em questão os grandes valores do povo e estabelece novos equilibrios.
As diferentes intervenções sublinharam a importância de novas atitudes e maneiras de ser presença no seio das culturas indígenas, passando do protagonismo ao serviço de uma presença que torna os povos e seus membros cada vez mais sujeitos ativos de sua história, autodeterminação, relação, alianças, etc.
Depois destes dias de refleção ficou claro que, os grandes desafios que se prospectam para o mundo indígena, exigem de cada missionário e de cada equipe missionária, um tempo mais prolongado de reflexão e aprofundamento da realidade para dar continuidade a um processo histórico que exige uma presença diferente mas igualmente importante para acompanhar processos altamente delicados e complexos como são os da saúde e da educação escolar, da terra, autodeterminação, organização istitucional do povo por meio de organizações, alianças, regionais, nacionais e continentais, sem esquecer a importância de um diálogo intercultural e inter-religioso que obriga cada pessoa a se preparar para uma inserção através de momentos concretos de formação e privilejando o aprendizado da língua.
Dada a particular situação de Roraima e a atitude anti-indígena presente na maioria da sociedade, adquire importância e relevância, o sonho por muito tempo acalentado de um Centro Cultural que, ao mesmo tempo recolha elementos da história dos povos e dê a possibilidade ao mundo da cultura e das universidades de aprimorar os seus conhecimentos, vencendo os atávico prejuízos, favorecendo o surgimento de uma dialética e diálogo entre os diferentes segmentos da sociedade, estimulando alianças entre grupos, sobretudo entre os mais pobres, objeto de manipulações políticas e vitímas de um processo de desenvolvimento que, exclui e elimina.
Positiva foi a avaliação dos participantes ao encontro, cientes que, a opção profetica dos missionários e missionárias da Consolata, que trabalharam ao longo destes sessenta anos em Roraima, continua a motivar o nosso agir missionário alargando hoje os nossos horizontes para a Amazônia, seus povos, culturas, afim de mais uma vez conjugar a evangelização com a vida, com a Amazônia que Deus criou e viu que era boa.