A viagem durou bem trinta horas dando a possibilidade aos participantes de momentos de alegria, desconcentração, partilha podendo admirar o rico e variegado panorama amazônico, além de seguir os jogos aquaticos dos botos do Rio Solimões e o trabalho e a vida dos povos ribeirinhos.
À nossa chegada, por volta das 18 horas, acompanhada de abundante chuva, fomos acolhidos pela simpatia do povo e das famílias de Coarí, tivemos a janta de boas vindas, e em seguida cada um se recolheu nas respetivas famílias para o descanso e para preparar-se às atividades dos dias seguintes.
No dia 22 começamos os trabalhos com a oração seguida da manhã de espiritualidade conduzida pelo bispo de Coarí, Dom Joércio que, a partir do tema do encontro: Discípulos e Missionários e do texto do Evangelho de Marcos “ Chamou-os para estar com Ele e enviá-los em missão...”(3,13-14), desenvolvu alguns aspetos particolares da vida e missão do presbítero, primeiro entre eles a questão do ficar com Jesus, para ser por ele investido da missão e enviado. Em seguida apontou a fiél união e intima colaboração com o seu bispo e com o presbitério como elemento que o abilita para as tarefas específicas de sua vocação sacerdotal de Evangelizar e Ensinar, Santificar, Apascentar.
Mas para responder a estas três tarefas exigentes da vida e do ministério, é necessário o desempenho fiél e incansável que passa através da perseverança que tudo alcança, embora custosa, e do ser modelo para os fiéis, seja na palavra, como na conduta, na caridade e na pureza.
Citando Santo Agostinho exorto-nos: “não fique parado no caminho, que não desvie... vá sempre em frente, que se ande sempre, progredindo sem cessar”. Nada se negue a Deus e ao povo, por isso a atenção do presbítero para quatro atitudes: a pureza de coração, o domínio de si mesmo, a docilidade ao Espírito Santo, o Exercício da presença de Deus. Vivendo estas quatro atitudes, unidas a um profundo conhecimento e amor a Deus Pai, de Jesus Cristo, do Espírito Santo, de Maria Santíssima e de nós mesmos, aceitando o que somos, e as avaliações que os outros fazem de nós, porque a imagem deles pode ser verdadeira e a nossa equivocada. Além desses meios, Dom Joércio exortou cada um a não desleichar na oração pessoal, comunitária e liturgica, fonte também para ter uma vida bem ordenada e orientada, por isso não se pode dispensar um regulamento de vida, a direção espiritual, o sacramento da Reconciliação e a formação permanete, a mortificação e o conhecimento, o amor e a devoção à Virgem Maria. Para finalizar a manhã as palavras de Paulo a Filemon: “ tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus: Jesus em vossos olhos; Jesus em vosso coração; Jesus em vossas mãos, porque é isso que necessitamos, foi a exortação de Dom Joércio.
Na parte da tarde, foi a vez do Pe. João Succarat, salesiano, a partir do documento de Aparecida, ajudar-nos na reflexão sobre o tema: Presbítero, discípulo-missionário, tomando como ponto de referência as provocações de três teólogos, Paulo Suess, Clodovis Boff e José Comblin, para criar entre nós um ambiente de diálogo, debate e discussão e ao mesmo tempo apontando como Aparecida nos desafia para realizar uma missão pela qual talvés não estejamos totalmente preparados devido a mudança de época mais que uma época de mudanças. A conclusão se deu com a celebração eucarística na comunidade de santo Afonso, passando-se em seguida da mensa da eucarístia à da fraternidade, abundantemente preparada com carinho por aquela comunidade.
O segundo dia de nossa permanência, foi mais um dia de convivio, de partilha, por isso, após a celebração eucarística na catedral às 7 horas da manhã, fomos até um centro de lazer aonde ficamos gran parte do dia, sendo que na parte da tarde, gran parte dos presentes aproveitou para conhecer de perto a cidade de Coari. Os padres Joaquim, da Prelazia de Tefé, Vice-coordenador Estadual da Pastoral Carcerária do Amazonas, e Gianfranco, Coordenador Diocesano das Pastorais Sociais de Roraima e assessor da Pastoral Carcerária, foram visitar o presídio de Coarí, onde foram cordialmente acolhidos pelo diretor, que embora não sendo dia de visita da Pastoral, os acompanhou na visita aos 38 presos que lá se encontravam. O dia teve o seu fechamento com chave de ouro, sendo a noite reservada ao encontro de cada padre com as famílias que cuidaram da hospedagem, que quiseram brindar-nos com um jantar para nós conhecer melhor e partilhar a vida.
Enfim a sexta feira, após a oração das laudes, foi mais uma manhã de reflexão, em que mais uma vez o padre João Sucarrat, nos apresentou pistas para ações concretas para os presbíteros atuar e viver o espírito e as diretrizes de Aparecida. Em conclusão do encontro foi feita uma avaliação do mesmo, trocando-se impressões e sugerindo melhorias para o próximo que acontecerá no próximo ano de 27 a 30 de outubro em Maúes na Diocese de Paritins.
A celebração eucarística na Igreja de São Francisco, sede dos nossos encontros, seguida do almoço fraterno foram momento de nos despedir de quem com carinho e alegria cuidou de nós ao longo de nossa permanência em Coarí, para depois dirigir-nos para o barco com o qual retormarmos o caminho do Rio Solimões que fortalecidos da comunhão e da fraternidade de tantos irmãos no presbiterado e da presença paterna e amiga de Dom Sebastião, Bispo auxiliar de Manaus e de Dom Joércio, nos leva de volta as nossas Igrejas particulares e as nossas comunidades com a força e o espírito que ao longo destes dias foi crescendo entre nós. Uma particular agradecimento à Comissão Regional dos Presbíteros nas pessoas dos padres Elcivan, José Carlos, Danival e Carlos. E até Maúes.