A África muda as pessoas, emociona, contesta, confunde, deslumbra- Crys Rangel
Se o combate à miséria por meio da inclusão pelo trabalho e repartição dos lucros é objetivo prioritário da Economia de Comunhão, talvez não haja lugar mais propício para fincar raízes do que a África subsaariana. Tudo isso se baseia na relação. Tudo se relaciona. Se trata de bens relacionais ou ubuntu no pensar Africano. Isso quer dizer, os valores culturais da África como solidariedade comunitária, trabalhar juntos, viver de forma simples, consumir o necessário e valorizar o ser, são fundamentos cardiais na Economia da Comunhão.
A economia da exclusão, descarte, consumismo com suas crises inacabadas, trata África como um continente a ser ajudado com o assistencialismo internacional que gera dívidas mortais. A sagacidade da economia de comunhão afirma que; precisamos urgentemente novo paradigma econômico, que acredita nos valores da partilha, cooperação que acumulação, competição ou exploração. E África é capaz de tomar em mãos seu próprio destino, consolidando um empreendedorismo que, ao mesmo tempo em que gera empregos, renda e combate a miséria, é capaz de privilegiar relações mais humanas.
Se a Doutrina Social da Igreja ensina o Desenvolvimento Humano Integral (DHI), que é centralizar ser humano nas relações de mercado e progredir de forma holística, isso remete á nossa verdadeira vocação cultural e fé. Isso se chama Inculturação. A inculturação é analogia pastoral da encarnação de Jesus de Nazaré. Quando a fé não se torna cultura, ela morre naturalmente.
A culpa é de fora?
Diante das crises ecológicas, financeiras e antropológicas, que batem em nossas portas e padrões, a economia da comunhão é a saída ótima seja para África e o mundo inteiro, porém, não é um advento simples, mas requer optimismo critico, coragem pascal e mudança da mentalidade (conversão). Mudança de mente significa um novo conceito de Terra como Gaia. Ela não nos pertence, mas ao conjunto dos ecossistemas que servem à totalidade da vida, regulando sua base biofísica e os climas. A questão central nem é salvar a Terra. Ela se salva a si mesma e, se for preciso, nos expulsando de seu seio. Mas como nos salvamos a nós mesmos e a nossa civilização? Esta é real questão que a maioria dá de ombros, especialmente os que tratam da macroeconomia. - Leonard Boff. A economia (oiko+nomos) –como indica o próprio termo- deve ser pensada como ‘a arte de alcançar uma adequada administração da casa comum, que é o mundo inteiro’. Digamos Sim a uma economia de Comunhão, assim foi um apelo de Congresso Internacional realizado de 27 a 31 de maio de 2015 no Quênia (África) organizado pelo Movimento dos Focolares.
No eixo do ubuntu devemos sair de Ignorância, Ilusão e chegar a Inovação (3I’s). Isso é ousadia de sair da economia da meramente produção, economia da ditadura elites, homo fabrica, para a economia da massa e homo relacional. Somos nós para mudar começando nas coisas simples. Por exemplo, a maneira de atender o cliente e ser produtores não somente consumidores, trocar lâmpadas incandescentes pelas de led, lavar o carro com balde ao invés de usar mangueira, comprar somente o necessário, alimentar-se de forma saudável, parar de fumar etc.
Por fim, economia da comunhão é pensar no meio ambiente e cuidar os seres como toda. ‘A dignidade de cada pessoa humana, a dimensão ultima da vida e o bem comum são questões categórico que deve estruturar toda a politica econômica e não ser apêndices para um discurso político sem programas de verdadeiro desenvolvimento integral’ (Evangelii Gaudium p.203). Assim seja