Inesperadamente, o Padre Salvador Forner, Missionário da Consolata, partiu para a Casa de Deus Pai. A nossa tristeza e a dos que o conheceram e estimaram escusa as palavras. O Padre Salvador foi um vivo retrato de fé, caridade e trabalho.
Os Missionários da Consolata perderam um grande missionário e todos quantos conviveram com ele, de modo particular no Maputo e no Niassa. Por onde passou continua a ser uma referência, essencialmente pelo seu vivo testemunho de fé, inteligência e bondade.
O Padre Salvador Forner nasceu em Offanengo-Crema, no norte de Itália em 1936. Na Acção Católica amadureceu a sua fé e empenhou-se no serviço à Igreja. Sentindo-se chamado à vida sacerdotal e missionária, ingressa já adulto no Instituto dos Missionários da Consolata. Depois dos estudos de Teologia, foi ordenado sacerdote a 23 de Dezembro de 1967.
O Padre Salvador chegou pela primeira vez a Moçambique em 1969. Aqui viveu grande parte da sua vida missionária dando o melhor de si mesmo ao serviço da missão. Nas missões de Maiaca e Majune, no Niassa, no contexto da guerra colonial, viveu momentos dramáticos e sofreu com o povo, por quem fez tudo o que estava ao seu alcance, sobretudo os mais pobres e indefesos. Em 1974 foi destinado a Portugal para trabalhar na formação de missionários nos seminários da Consolata de Abrantes e Cacém-Lisboa. Formou com o seu exemplo e rigor dezenas de jovens, um bom número dos quais chegou ao sacerdócio. Regressou a Moçambique em 1987 para trabalhar na Machava, dando um importante impulso pastoral à Paróquia da Sagrada Família. Em 1991 foi destinado a Cuamba, na diocese de Lichinga, onde durante quase 10 anos deu o melhor de si mesmo na cura pastoral das comunidades cristãs das missões de Cuamba e Mitúcue. Grande foi o seu empenho em favor dos refugiados de guerra civil que chegavam no pátio da casa dos padres com as mãos cheias de nada e de lá saiam com um pouco de comida, uma enxada e uma manta. Foi benfeitor generoso de centenas de órfãos e crianças mal-nutridas no Centro Nutricional de Cuamba. Dotou Cuamba com uma das primeiras e melhores escolas secundárias do Niassa, a Escola Padre Eugénio Menegon. No ano 2000 voltou a Maputo para trabalhar nas paróquias de Liqueleva e Liberdade e em 2009 regressou ao Niassa, então para trabalhar na missão de Massangulo.
A partir de 2015 prestou um humilde e generoso serviço na Casa Regional dos Padres da Consolata e na Paróquia dos Mártires do Uganda.
O padre Salvador acreditou e trabalhou. Em tudo amou e serviu, sendo um vivo testemunho de fé e de missão. Viveu totalmente para os outros, nunca pedindo nada em troca, nem mesmo qualquer tipo de reconhecimento humano.
Dizia o Beato Allamano que o sacerdote é sobretudo o homem da caridade; ele é padre mais para os outros do que para si mesmo. Durante a sua vida missionária o padre Salvador inspirou-se nesta regra de vida e incarnou-a na sua acção. Fez o bem, sem alarde ou procura de visibilidade.