Antigamente no seminário internacional Pe. João Batista Bísio, os estudantes faziam pastoral em várias áreas e assumiam algumas causas, menos a causa indígena. Desde o ano passado, a causa indígena veio se juntar na lista das pastorais exercidas pelo mesmo seminário. As várias áreas onde os estudantes professos costumam fazer pastoral são: acompanhar as comunidades da paróquia Santa Paulina (na grande favela de São Paulo: Heliópolis), a realidade da periferia urbana, a juventude, animação missionária e vocacional (AMV, no centro missionário Castelinho), a pastoral com as pessoas em situação de rua (Arsenal de Esperança), pastoral afro (na paróquia Santa Paulina e em sinergia com várias forças vivas que defendem e promovem a dignidade e os direitos dos afro-brasileiros). No nível do seminário e da região do Brasil, Eu e o James Murimi nos colocamos em disposição a fim de começar essa nova experiência. É bom notar que os missionários da Consolata têm duas regiões no Brasil(como país): a região de Brasil e a região de Roraima. A região de Brasil compreende seguintes grupos: grupo da Bahia, grupo de São Paulo (São Paulo capital e São Manuel), grupo de Brasília, grupo de Paraná (Curitiba e Cascavel). Notamos que a causa indígena era assumida somente pela região de Roraima. Agora região do Brasil quer assumir essa causa. O seminário teológico está fazendo já o primeiro passo.
Desde o início do ano 2010, começamos a participar em vários encontros organizados pelo CIMI (Conselho indigenista missionário) e a Pastoral indigenista (atuação da pastoral indígena da arquidiocese de São Paulo) e vários movimentos e forças vivas que defendem os direitos dos povos indígenas (a Defensoria Pública, ect). Trabalhamos em estreita colaboração com o Cimi ( Vanessa e a Ir. Beatriz)e a Pastoral indigenista (o reverendíssimo prof. Benedito Prézia). A pastoral indigenista trabalha também com o programa Pindorama. Este programa oferece cada ano 12 bolsas de estudo na PUC-S.P para os alunos ou descendentes indígenas.
“O povo indígena não é um povo, mas o resto de um povo” dizia o padre Lírio Giraldi, superior regional dos missionários da Consolata. Essa frase pode parecer dura, mas é isso a realidade. O povo indígena é o resto de um povo quase extinto em todas Américas (América do norte, central e do sul). Os europeus (principalmente os espanhóis e portugueses) que chegaram ao novo continente mataram sistematicamente os povos indígenas. Eles levaram muito tempo para considerá-los de seres humanos. Os consideravam de animais. Milhares dos povos indígenas foram assassinados com uma crueldade inexplicável. Aconteceu um genocídio no continente americano entre os séculos quinze e dezoito. Mas ninguém fala disso, nem sequer querer uma reparação. Antes de certa reparação, é preciso que haja um reconhecimento do mal causado a este povo, e que haja reconciliação no nível continental e nacional (em cada país do continente americano). Reconciliação com eles no nível da Igreja e na sociedade. O avanço da violência, de homicídio ao povo indígena no Brasil é resposta de que nunca houve uma verdadeira reconciliação, um verdadeiro reconhecimento do erro do passado.
Os exploradores (os colonos e os missionários) participaram ativamente na escravização e matança dos povos indígenas. Muitas etnias foram extintas seja pela violência ou matança, seja pelas epidemias e doenças crônicas. Algumas dessas doenças eram trazidas pelos colonos a fim de exterminar aquela raça. Sobram ainda algumas tribos, espalhadas em todo território nacional. Hoje algumas vivem na floresta, nas grandes cidades e nas periferias das grandes cidades. Os que foram expulsos pelos fazendeiros vivem na beira das rodovias e estradas. Este resto do povo que sobrou hoje quer defender o seu direito a vida, a dignidade humana e a terra.
A pastoral indígena no Brasil é uma realidade complexa. Como a Igreja católica no Brasil se posiciona a frente da realidade indígena? Qual é a sua ação pastoral? Pode-se continuar a ação pastoral como no tempo colonial (a evangelização por força, a catequização) ou trabalhar o diálogo inter-religioso? Nós em colaboração com o Cimi e a pastoral indigenista, optamos pelo diálogo inter-religioso, por que o povo indígena tem a sua religião, sua cultura, sua ciência e seus costumes. E esses devem ser respeitados.
Participamos em vários encontros durante o ano para tomar conhecimento desta realidade e dar a nossa contribuição na luta pelos seus direitos. Podemos observar vários desafios que este povo passa na sociedade brasileira em geral e na cidade de São Paulo em particular. Enumeramos aqui alguns: direito a vida (a frente de homicídios), problema de terra (o avanço da ocupação dos multinacionais, empresas agro-alimentares), problema de moradia (os que se encontram nas grandes cidades, a maioria vivem nas favelas e em condição precária), a saúde, a educação, ect.
Dentro do mundo caracterizado pelo capitalismo neo-liberal selvagem. Esse capitalismo é o fruto do trabalho dos multinacionais que acionam em vários países no mundo. Ele tem a sua vantagem (o aumento da produção alimentar e de outros produtos da primeira necessidade). Essa produção infelizmente está concentrada nas mãos de uma minoria de ricos e serve para aumentar excessivamente a sua fortuna de poucos e empobrecer a muitos. Essa produção tem efeitos perigosos ( ilustramos um exemplo muito recente: o vazamento do petróleo da empresa americana no golfo México), tem também outros efeitos como: o aquecimento total, a poluição do atmosfera, a produção da bomba atômica, as indústrias nucleais com o risco de explosão e de fazer desaparecer este nosso mundo em um segundo. Essas empresas exploram todos os recursos da terra (floresta, minerais, os recursos fluviais, ect). Os multinacionais, com suas indústrias causam poluição e aquecimento geral do nosso ambiente e de todo nosso planeta. Para produzir mais as empresas nacionais e internacionais precisam de terra e de muito espaço de terra. Elas não têm esse espaço de terra nos seus próprios países. Então entram em negociação com o governo e fazem muitos contratos. As vítimas destes contratos são os povos nativos: os indígenas (e muitas outras populações). Que são expulsos de suas terras e florestas. Em alguns casos são mesmo assassinados.
Os povos indígenas vivem da terra. A terra é a fonte de sua subsistência. Privá-lo da terra é simplesmente matá-lo. O povo indígena em geral, quando tem a sua terra, faz plantio, caça, pesca e colhe frutas. Não a destrói mas a guarda intacta. Não a desmanta e nem a polui. A preservação da natureza e principalmente da floresta é uma grande contribuição do povo indígena pode fazer na nossa sociedade de hoje. Como podemos observar a contribuição da cultura indígena se expressa no campo da ecologia, uma questão urgente que precisa de uma resposta urgente, se não o nosso planeta terra vai desaparecer.