A Consolação na história
A consolação parte sempre de uma situação de sofrimento que pode ser físico, moral, individual ou social. Perante situações que não encontram resposta humana, é necessário procurar uma saída divina, a exemplo de Israel na libertação da escravidão do Egito. Esta constatação nos obriga a fazer uma leitura coerente das numerosas e dolorosas situações de aflição nos contextos sociais onde vivemos e evangelizamos. Trata-se dos clamores dos sofridos de hoje, do ódio entre culturas e religiões, trata-se da exclusão econômica e social da maioria dos habitantes do planeta Terra, da injustiça perpetrada por pessoas e instituições, que provoca os mais variados conflitos: terrorismo, guerras declaradas, guerras latentes, guerras esquecidas, publicidade da violência nos meios de comunicação social, linguagem violenta na vida social e política...
Todas as culturas e religiões, escolas de pensamento e movimentos humanitários da antigüidade e de hoje, contaram e contam com ensinamentos para consolar os aflitos, para curar os doentes, para libertar os oprimidos do jugo da escravidão. Sem negar a consolação humana, a Bíblia oferece uma consolação mais profunda e integral. Os profetas anunciaram uma consolação que tem como protagonista o próprio Deus, o Deus de toda a consolação, que fala ao coração das pessoas. Toda a ação de Deus, da Criação à Salvação em Cristo, apresenta-se sob a ótica da consolação. Esta obra atinge sua plenitude na consolação definitiva trazida por Cristo, missionário do Pai. Ele próprio é a consolação de Israel.
A Consolação hoje
Hoje, Deus, Pai de toda a consolação, continua a chamar outras pessoas, outros profetas, outros apóstolos, para manifestar e comunicar a consolação. O consolador, fiel à missão de Deus, fala ao coração, isto è, vai à raiz, desce em profundidade, vai ao âmago da pessoa aflita, porque a consolação que oferece é algo muito profundo e radical. Ao mesmo tempo, quando necessário, deverá utilizar também o método da denúncia profética, à semelhança de Moisés, dos profetas, de João Batista, do próprio Jesus e dos mártires do nossos dias, que todos conhecemos, como Dom Oscar Romero, padre João Bosco, Irmã Dorothy, etc.
Nesta missão de consolação, Maria é Mãe e modelo. Maria escuta e acolhe a palavra na anunciação; é diligente no serviço e visita a Isabel; é atenta às necessidades dos outros nas bodas de Caná; participa do sofrimento do Filho no Calvário; acompanha e assiste a Igreja nascente no Pentecostes. Maria viveu um caminho progressivo de fé atenta à voz de Deus, na contemplação, na gratuidade da sua vida, na pontualidade da ação, na doação total de si mesma.
Cabe a nós, agora, seguir estes ensinamentos na coerência e retidão de vida, nas opções e atividades de cada dia, em todo o nosso ser e agir. Deste modo, realizaremos a missão como consolação libertadora de tudo o que é negativo na vida das pessoas, e caminharemos rumo àquele mundo definitivo, “onde não haverá mais lágrimas, gemidos ou dor” (Ap 21, 4). “Então todos poderemos gritar cheios de esperança: passou o velho mundo e começa o mundo sem males” (Ap 22, 5).
Fonte: Revista Missões