Quando a oposição castiga os corruptos que
governam os quenianos, o governo pouco diz e nada faz, apontando culpas para a “pesada herança” do
“moismo”, a cultura de impunidade criada durante a presidência de Arap Moi. Quando é o governo a
mencionar a chaga da corrupção que dilacera e contamina toda a classe política, são os
partidos da oposição a clamar que não, que esta táctica é só uma manobra de
diversão para esconder as mazelas de quem governa.
É de admirar a subtileza com que se
lançam acusações e contra-acusações, enquanto a situação do país
continua a deteriorar-se no que diz respeito aos direitos fundamentais, como sejam o direito à vida, à
alimentação, à saúde, à habitação, ao trabalho e assim por diante.
Encontramo-nos num empate técnico, em que ambos os campos desejam unicamente eliminar o
adversário, sem aceitar as próprias responsabilidades. Uma comissão nacional para a verdade e
reconciliação é algo que a ninguém interessa, embora se saiba que não é
possível construir um futuro condigno para todos, sem pôr um ponto final num passado de que todos são
responsáveis.