Ward regressa à Coreia pela primeira vez. Aproveita o entusiasmo dos coreanos pelas suas façanhas desportivas para percorrer o país onde nasceu. A visita reacende a questão da discriminação e racismo que sofrem os filhos de raça mista. A maior parte dos coreanos parece esquecer a infância do atleta e prefere enaltecer o espírito da mãe. Só à força de muito trabalho nos Estados Unidos ela conseguiu que o filho estudasse e se dedicasse ao futebol. Outros lembram que o atleta jamais conseguiria alancar façanha parecida, se tivesse permanecido na Coreia.
Ainda hoje os filhos nascidos de pais de raças diferentes são vítimas de discriminação e racismo, tanto na escola como na sociedade em geral. A maior parte não consegue sequer terminar a escola básica. São vítimas de abuso constante por parte dos outros alunos, sobretudo pela aparência física. Contam-se pelos dedos aqueles que conseguiram vencer esta barreira social e alcançar um estatuto elevado e reconhecido por todos os coreanos. A discriminação é ainda mais acentuada no caso de crianças nascidas de um pai negro.
Estatísticas recentes indicam que um em quatro coreanos das áreas rurais está casado com mulheres estrangeiras. São, de um modo geral, vietnamitas, filipinas ou de outro pais asiático. Muitas são vítimas de abusos, bem como os filhos. Espera-se que a visita de Ward influencie e modifique esta situação de racismo.
Sendo um país fechado por vários motivos, sobretudo históricos (invasões japonesas e chinesas), a Coreia abriu-se ao mundo de uma forma impressionante nos últimos anos. Os coreanos são muito conservadores. Basta lembrar que a Coreia é um dos países industrializados que mais "exporta" crianças para adopção internacional. Os órfãos são considerados "amaldiçoados" e incapazes de darem continuidade à linha genealógica de uma família.