A Igreja na
mídia
A Encíclica A Missão do Redentor, aponta o mundo das
comunicações como “o primeiro areópago dos tempos modernos” (...). “A
evangelização da própria cultura moderna depende, em grande parte, da sua influência” (RM
37c). Não basta usar a mídia e o magistério da Igreja para difundir a mensagem cristã, mas
é conveniente integrar a própria mensagem nessa “nova cultura” criada pela
comunicação moderna. Isso é ainda mais urgente, visto que a globalização também
vem causando o aumento de grupos excluídos: povos indígenas, afrodescendentes, pobres, sem-terra, sem-
teto...
Mais do que dar um juízo sobre os meios de comunicação social, a
tradição da Igreja coloca-se a seu serviço. A sabedoria da Igreja “pode evitar que a cultura da
informação (...) se transforme numa acumulação de fatos sem sentido” (Conselho
Pontifício para a Justiça e a Paz, Doutrina Social da Igreja, 560). Há mais de quarenta anos, o
Documento do Concílio Vaticano II Inter Mirifica, já reconhecia aos meios de comunicação o
poder de influenciar toda a sociedade humana, tanto para o bem como para o mal.
Desafios na
evangelização
Não dá mais para pensar nossa Igreja sem internet,
rádio, televisão, imprensa... É louvável que em pouco mais de 10 anos, setores da Igreja
Católica no Brasil criaram 8 canais de televisão. Contudo, precisamos nos perguntar seriamente se a mensagem
veiculada na televisão católica está ajudando a formar uma consciência missionária a
ponto de fazer os cristãos se empenharem na evangelização da sociedade. Refletindo “ao
pé da televisão católica”, padre Zezinho se questiona sobre a imagem de Igreja que a
televisão está passando para a sociedade. A comunicação católica ainda não deixa
transparecer a pluralidade da fé que permeia toda a vida da Igreja e do povo brasileiro. Parece refém da
sociedade do espetáculo, uma das características da pós-modernidade, que privilegia a forma sobre o
conteúdo.
Outro grande desafio é unir os diversos grupos de mídia católica
em torno de um projeto conjunto de evangelização para ultrapassar o individualismo, o sectarismo e a
própria concorrência. Assim, a Igreja Católica daria um exemplo de cooperação e
comunhão que por si só evangelizaria.
A consciência missionária cresceu na Igreja nos
últimos anos. Existe uma maior presença missionária de leigas e leigos em diferentes contextos
eclesiais. Membros de alguns grupos têm procurado utilizar mais e melhor os meios de comunicação
social e as redes de informática para a transmissão da fé. No entanto, sua atuação,
às vezes, revela fraca comunhão eclesial e espírito de pastoral de conjunto na Igreja particular.
Uma nova consciência de gênero atravessa a compreensão total da realidade humana. O
anúncio evangelizador deve colaborar de maneira eficaz na eliminação de todas as formas de
discriminação contra as mulheres e na promoção dos seus direitos. Isso não será
possível, sem abrir espaço na comunidade eclesial, para a participação ativa e co-
responsável da mulher na reflexão, bem como nas instâncias de tomada de decisão pastoral e no
serviço ministerial na Igreja.
Por fim, um verdadeiro anúncio do Evangelho deve levar ao cuidado do
meio ambiente sadio, que possibilite uma convivência sustentável com atitudes que evitem sua
deterioração. Viveremos, enquanto a terra viver em todo o seu equilíbrio e integridade.