Foram bem
maiores, que em 2002, as multidões que encheram estádios e praças públicas, apesar da Coreia
ter ficado pelo caminho na primeira volta. Mais de três mil turistas dos Estados Unidos, Canadá,
Malásia, China e outros países visitaram a Coreia durante o mundial para, pura e simplesmente, assistirem a
estas manifestações de rua.
Quem vive na Coreia não tem dificuldade em descobrir
neste tipo de manifestações de rua um sentido mais amplo do que aquele que aparece à primeira vista.
Não são um fenómeno novo na Coreia, que está habituada a estas manifestações,
habitualmente marcadas por batalhas ideológicas. É preciso recuar no tempo para descobrir o sentido mais
profundo das mesmas. Durante as ditaduras militares dos anos 70 e 80, as praças e ruas foram autênticos
campos de batalha entre estudantes e polícia de choque. Nos últimos anos, o cariz destas
manifestações tem sido político, ou seja, entre a oposição e o governo.
As recentes manifestações de alegria, de festividade e patriotismo simbolizam o fim de uma cultura de
invejas e rivalidades, de opressão e confrontos. Está a nascer a cultura da unidade, do celebrar juntos a
"coreanidade". Pela primeira vez, a gente juntou-se não por motivos económicos ou
políticos, mas simplesmente para fazer festa e mostrar ao mundo a energia, alegria e espírito jovem desta
nação. Agora não é preciso fugir das bombas de gás lacrimogéneo, mas
dançar e cantar. Divertir-se é a palavra de ordem. Oxalá que este espírito de festa e unidade
não passe de mais "uma moda". Poderá ajudar esta nação a gozar mais e melhor o dom
da vida.