A subida até à Senhora do Monte, cadenciada por paragens de reflexão, foi árdua mas não esgotou as forças jovens de corações a bater por um mundo novo sem desumanidades.
A experiência da fome momentânea que íamos sentindo, fez-nos bem, para melhor compreendermos e nos angustiarmos pela situação dos que vivem em fome permanente e descobrirmos como somos ridículos ao precipitar-nos inevitavelmente a saciarmos compulsivamente, até à obesidade, os pequenos apetites, confundindo-os com fome. Na Senhora do Monte, descansámos, rezámos, cantámos, abastecemo-nos.
Foi um engano pensar que, depois da ladeira à nossa frente começaria a descida para Fátima! A partir daqui, o silêncio fez-se maior, não só para poupar energias, mas também para maior compenetração sobre a maldade dos sistemas que engordam por produzirem fome à sua volta. Depois da última paragem, a televisão veio ter connosco. Não procurámos publicidade mas talvez nem foi mal. Alguém telefonou mais tarde, depôs de ver, a dizer que “isto” ia fazer bem a muitos. A Fátima, chegámos um pouco partidos mas, nada de comparar aos que não têm sequer forças para iniciar a viagem. A nossa chegada causou curiosidade e, via-se, a explicação dada a alguém, corria de boca em boca. O encontro com MARIA foi restaurador e regenerador de forças como o foram todos os momentos
que, a partir dali, vivemos juntos e que culminaram com a Eucaristia de domingo na capela do Seminário, onde partilhámos com a comunidade que ali celebra a fé. De Fátima, como Maria ao encontro de Isabel, partimos pelos caminhos do mundo para, como Ela, servir os desnutridos de Palavra e de Pão.