Jesus escolhe e chama discípulos para estar com ele, formar comunidade na unidade com o Pai e o Espírito (cf. Mc 3,13) e para os enviar até os confins da terra. Eles recebem do Mestre a ordem de continuar a mesma obra como Igreja, comunidade de discípulos vocacionada para a Missão. Os que acolhem o Evangelho reúnem-se em comunidade e, pelo batismo assumem a Missão de Jesus (At 2, 41). Nesse sentido, quem entra em contato com Jesus e aceita a sua mensagem, não pode guardá-la para si. A ordem é: Ide, pregai a Boa nova a toda a criatura (Mt 28), a todos os povos e culturas de todos os tempos. A Igreja sabe que as palavras de Cristo – Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus – torna-se agora sua missão. São Paulo consciente deste dever chega a afirmar: .... é um dever que me incumbe, e aí de mim, se eu não pregasse (1Cor 9,16).
Com muita razão o Papa Paulo VI, na Encíclica (EN 13) afirma: “Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar”. Assim, a comunidade cristã nunca pode permanecer fechada em si mesma, dentro das suas fronteiras. E João Paulo II diz: “a fé se fortalece, na medida em que é partilhada” (RM...).
Missão é partir, deixar tudo e sair das próprias fronteiras pessoas, comunitárias, culturais e geográficas, para ir ao encontro do outro, do diferente, do desconhecido. Acolher e ser acolhido na beleza da diversidade. O século XX terminou vendo o Muro de Berlim ruir, o que representou um grande avanço na luta contra a segregação dos povos. Mas, apenas começou o século XXI e a humanidade assiste passivamente a construção de outros dois muros: um entre o México e os Estados Unidos e outro construído por Israel na região da Cisjordânia. E tem mais: os Estados Unidos acabam de anunciar a construção do muro virtual do século XXI para conter imigrantes. Olhando por esse ângulo, vemos um retrocesso na vivência da fraternidade universal.
Jesus conclui sua missão entre os discípulos dizendo: “vós sereis testemunhas de tudo isso” (Lc 24:48). Ser missionários de Jesus Cristo é a Missão dos cristãos. Portanto missionário(a) é uma pessoa de fronteiras... vive na fronteira da fé e a fé não tem fronteiras, derruba qualquer barreira, geográfica ou sociológicas, religiosa ou humanas, real ou virtual. De fato, aos olhos de Deus Criador realmente o mundo não tem fronteiras.
* Jaime Carlos Patias, imc, mestre em Comunicação e diretor da revista Missões.