Mas essa celebração da Quaresma continua na visita aos doentes: como é doloroso ver Deus sofrer... e só me resta estar lá com eles e confiar que Ele pode fazer o milgare - sim, Ele pode fazer o milagre de não obstante tudo - e o tudo é mesmo a totalidade da vida que se esvazia, pode fazer o milgare de continuarmos a confiar n'Ele. Mas é tão difícil que me consome as forças.
Fiquei feliz ao ver que a Philile ainda cá estava; mas, ao mesmo tempo, quanto sofrimento ao ver que são apenas vinte e quatro anos, embrulhados em pele e osso, olhos sem brilho e um rosto que não se lembra de quando sorriu pela última vez; o que come deita fora, não consegue caminhar e passa o tempo na cama com a avó - oitenta e três anos sem mobilidade. Para nós é apenas Quaresma, mas para a Philile já é sexta-feira da Paixão.
Philile - cujo nome significa "a que viveu" - é uma das 25% de raparigas deste país entre os vinte e os vinte e cinco anos que estão infectadas com o vírus do HIV. É tremendo, dramático: um quarto das mulheres que no futuro próximo deviam ser mães e esposas estão infectadas...
A minha celebração da Quaresma continua na presença mais assídua junto das mais de trezentas e cinquenta crianças dos três infantários da missão de Osizweni: que beleza, é como viver todos os dias em dia de Páscoa! E como é bom ter a consciência de que, como sabemos mas ás vezes não acreditamos, a vida não acabou em sexta-feira santa - não, o horizonte da Vida é manhã de Páscoa! As nossas crianças, com a sua vitalidade, beleza e alegria são a maior prova de que Deus não se escondeu nem se esqueceu - não! Ele habita a nossa história; mesmo se feita de dor, sofrimento e morte. Ele é a Vida que está em nós! Estamos na Quaresma mas já vivemos na Páscoa, se assim não fosse que vida seria a nossa?
Ontem tive uma reunião com líderes das comunidades para programar a semana santa - apenas três apontamentos:
Vai ser uma semana cheia e em grande - a semana maior!
Haja corpo para aguentar!