Eu fui destinado na Terra Indígena da Região Raposa Serra do Sol (TIRRSS) especificamente na Região das Serras com o Centro da Região em Maturuca no dia 26 de agosto de 2014 com Carta oficial (Decreto 04-014) do Superior Regional da Amazônia Pe. Manuel Loro Jover mesmo que já tinha frequentado a Região um pouco antes pra conhecer. TIRRSS se encontra na fronteira do Brasil com Guiana Inglesa e Venezuela no Estado de Roraima norte da Cidade de Boa Vista. TIRRSS tem quatro Regiões que incluem Raposa, Surumu, Baixo Cotingo e Serras (Maturuca). No dia 15 de Abril, 2005, os povos indígenas da TIRRSS celebraram 10 anos da homologação da sua terra. O decreto da homologação da TIRRSS foi assinado uma década atrás no dia 15 de Abril, 2005, pelo Presidente Lula Como uma Terra Indígena Continua. Podemos dizer que, essa era uma das grandes conquistas dos povos indígenas alem de ser recentemente a primeira Terra Indígena acontecer júri popular na comunidade de Maturuca na historia do Brasil.
Região das Serras é composto de duas organizações; O conselho Indígena de Roraima (CIR) e a Sociedade de Defesa dos Indígenas Unidos de Roraima (SODIUR). Segundo os dados do ano passado da pesquisa feita pela coordenação da Região, tem 7 grupos dos povos indígenas que incluem; Makuxi, Wapichana, Ingarikó, Patamona, Taurepang, Sapará e Areekuna. Maioria do povo na Região são Makuxi. O numero total das comunidades é 86, 72 pertencendo a Organização CIR e 14 a Organização SODIUR. Toda Região tem a população de 12,118. 8 centros. Numero total do gado é 16,000. 32 Igrejas e algumas comunidades tem Igrejas que estão em construção e os demais não tem. 160 catequistas. 68 escolas. 350 professores. 3,400 alunos.
Desde a minha chegada à Região seja na partilha com liderança, nas colocações das Assembleias entre outros, a frase que ressoa mais no meu ouvido é, “Anna Pata, Anna Yan”- Nossa Terra Nossa Mãe. Como a mãe amamenta o seu filho ou sua filha para ficar mais forte e saudável, Terra, que os povos Indígenas ganharam após de muitas lutas, torturas, sofrimentos e perseguições deve alimenta-los bem sem prejudica-la.
O Sustento da Região incluem; o gado, a produção agrícola, a criação de peixe E galinhas entre outros. Neste ano, a Região esta passando momento difícil da grande seca que esta castigando não apenas o gado, mas também a população por causa de falta de suficiente alimento e água.
É interessante observar a dimensão comunitária que o povo vive onde todas as famílias de uma comunidade juntam forças pra o bem comum. Eles trabalham na roça comunitária, no projeto do gado comunitário entre outros. Trabalhando com os povos indígenas especialmente o povo Makuxi, eu percebo a simplicidade desse povo e quanto preciso de pouco para ser feliz e que Deus realmente se revela nos pequenos, que nos ensinam a reviver como os primeiros cristãos que colocavam tudo em comum e dividiam seus dons com alegria segundo as necessidades de cada um.
No tempo atual, a realidade esta mudando aos poucos em maioria das comunidades indígenas onde cada família esta buscando e trabalhando pra ganhar o sustento da sua família esquecendo a dimensão comunitária. Não tem nenhuma cultura que é estática. Todas as culturas são dinâmicas e quando uma cultura se encontra com a outra cultura, cada uma delas tem tendência de ganhar alguns elementos positivos e perder outros elementos que não são tão desejáveis. Isso vai modificando cada cultura e hoje é o dia que a pessoa não pode falar sobre uma cultura pura porque uma cultura pura como os nossos antepassados viviam não existe mais neste universo.
A Região tem muitos desafios pastorais que nós enfrentamos como distancias longas entre as comunidades, falta de acesso pela estrada em algumas comunidades. Para chegar a algumas comunidades, uma pessoa tem que caminhar por um dia inteiro nas trilhas ruins. Apesar dos sofrimentos, de uma vida humilde e de algumas dificuldades, nós encontramos nas comunidades um povo alegre, esperançoso e uma estrutura com agricultura, energia elétrica, postos de saúde e escolas, gerenciadas pelos próprios indígenas.
O nosso trabalho com os povos indígenas é não ser protagonistas, mas nós queremos acompanha-los onde eles estiverem para que a vida deles possa florescer. Conhecendo bem os seus direitos humanos, os seus direitos da terra entre outros, queremos lutar junto com eles pra que eles possam ter uma vida digna. “Eu vim pra que todos tenham vida e a tenham plenamente (João 10:10)”. Em fim, agradecimentos vão aos missionários que se doaram pra evangelizar a Região das Serras agora que a Região esta se preparando comemorar 100 anos da Evangelização. Que a Nossa Senhora Consolata intercede por nos e o nosso bom Deus nos ajude a dar o melhor de nos pra este povo que mais necessita o nosso apoio.